ODE

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

UM INCENTIVO À LEITURA E AO CONHECIMENTO DE NOSSA HISTÓRIA

 


A partir de agora, em comemoração ao Centenário (1921/2021) da Emancipação Política de Princesa, iniciaremos uma série de artigos dedicados ao conhecimento da historiografia de Princesa e de parte da história da Paraíba e do Brasil. Começando hoje, este Blog passará a resenhar sobre as várias publicações literárias que abordam assuntos inerentes à Guerra de Princesa, seus antecedentes e as repercussões do que aconteceu em Princesa no contexto da revolução de 1930. São mais de 50 livros, que carregam em suas páginas, informações sobre a participação dessa histórica cidade no movimento revolucionário que pôs fim à República Velha (1891-1930) e que manteve Princesa em guerra, por longos cinco meses, contra o governo do estado da Paraíba. Este trabalho, que levará o título: “Para Conhecer a nossa História”, terá o condão - além de informar sobre assunto de tão relevante importância -, de estimular, principalmente nos jovens, o interesse pela leitura e o consequente conhecimento da nossa fascinante história. As resenhas sobre as publicações que se referem a Princesa, funcionarão como um verdadeiro guia para aqueles iniciantes que querem adentrar no assunto. Hoje, iniciaremos com o livro do escritor José Gastão Cardoso: “A Heróica Resistência de Princesa”. Boa leitura.   

 

PARA CONHECER A NOSSA HISTÓRIA

“A HERÓICA RESISTÊNCIA DE PRINCESA”

O livro, “A Heróica Resistência de Princesa”, do escritor José Gastão Cardoso, com 89 páginas, começou a ser escrito em 1949 e foi publicado em 1954, pela Editora Artes Gráficas da Escola Industrial Governador Agamenon Magalhães, do Recife. O autor, ainda adolescente - princesense por adoção -, chegou a Princesa no dia 20 de fevereiro de 1915, acompanhado de seus pais e irmãos, emigrado do agreste pernambucano. Sua família fixou residência na então Vila e aqui morou até a eclosão do movimento revolucionário de 1930. José Gastão Cardoso, foi testemunha da fase áurea por que passou o município de Princesa na década de 1920. Excerto da publicação em tela:

“(...) evidentemente, um novo ritmo de vida, forçado pelo progresso demográfico, veio tonificar os músculos do velho organismo político do município, com a renovação dos seus quadros econômicos e sociais. A velha aspiração política dos filhos da terra concretiza-se com a elevação da vila a categoria (sic) de cidade (18/11/1921). É o comêço de uma fase de grande prosperidade para Princesa. Quando na presidência da República o Dr. Epitácio Pessoa, ela foi grandemente beneficiada com os serviços de obras contra as sêcas, graças ao prestígio do seu chefe, deputado José Pereira, a quem aquêle homem público devia a vitória da sua campanha política de 1915”.

Autodidata e dado à leitura, Gastão logo caiu nas graças do Coronel, se tornando seu secretário particular. Afeiçoaram-se em verdadeira amizade o que proporcionou ao autor do livro em análise, um conhecimento profundo da personalidade de José Pereira Lima. Isso, ao invés de ajudar no entendimento da obra aqui abordada, desmerece um pouco o relato em face da obstinada facciosidade de José Gastão quanto aos acontecimentos que procederam à Guerra de Princesa. Em muitos pontos da publicação, José Gastão, de forma parcial, transforma o escrito numa ode ao Coronel, o que prejudica o valor histórico da publicação. Mesmo assim, faz-se leitura indispensável para aqueles que intencionam tomar conhecimento da nossa história. Na verdade, “A Heróica Resistência de Princesa”, foi uma das primeiras obras escritas sobre os acontecimentos de 1930 em Princesa e uma das mais corajosas quanto às informações sobre as perseguições perpetradas contra os aliados de Zé Pereira no após Revolução. O autor inicia os escritos que relatam os fatos - 19 anos depois -, no calor dos sentimentos pela recente morte do coronel José Pereira (13/11/1949), realçando muito mais – movido pela dor da perda - as qualidades de seu idolatrado amigo e o ódio devotado aos inimigos do líder político, do que mesmo a verdade imparcial dos acontecimentos históricos. Basta ver que José Gastão é o primeiro a pôr no papel, informações sobre os desmandos cometidos pela nova ordem revolucionária, sob o comando do prefeito nomeado, Nominando Muniz Diniz, contra os correligionários do coronel José Pereira. Extraído do livro de Cardoso, no capítulo “O Ambiente Político”, temos o que diz o autor, sobre os executores da nova ordem revolucionária em Princesa:    

“O que fêz repugnar a consciência, naquela hora dramática do fim da campanha, foi a atitude pusilânime dos fariseus que se alapardaram por detrás de uma falsa neutralidade para comprar as posições a trôco de bajulações e alegações de pseudo-vítimas da guerra civil (...). Os oportunistas insinuaram-se para as posições que vieram a ocupar, na ausência de elementos credenciados para assumir a direção do município, naquela hora delicada. Certo é que, de posse das posições, os trânsfugas, que outrora mereceram do Sr. José Pereira a melhor acolhida, tornaram-se os maiores algozes da terra onde viveram com tôdas as garantias. O clima político do tempo de José Pereira, era tão saturado de liberdade que os oportunistas não querendo tomar parte na luta, se retiraram do município para, de longe melhor urdirem os seus planos sinistros”.

Gastão discorre, de forma minuciosa, sobre o arrombamento do cofre do Coronel para o resgate de cartas comprometedoras; sobre as prisões e desmoralizações públicas de correligionários do chefe político e sobre a “sumária e incisiva” ordem do interventor, Antenor Navarro: “É preciso arrancar a língua do povo de Princesa!”. Aborda também, ao longo do escrito, informações sobre os aspectos geográficos, sociais, econômicos, culturais e políticos do município de Princesa, desde o início de sua formação histórica até os últimos dias do ano de 1930. Em que pese o esmero em louvar seu ídolo e a imparcialidade quanto aos relatos sobre os fatos ocorridos durante e depois da Guerra de Princesa, “A Heróica Resistência de Princesa” é obra indispensável para aqueles que desejam entender a nossa história.

DSMR, em 25 de novembro de 2020.

 

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