I
Já fiz rimas pra juízes
Professores, meretrizes
Que vivem numa eterna guerra,
Mais agora vou mudar
Pra dar espaço e falar
Dos Ilustres da Minha Terra.
II
Começo por João Caití
Que em todos bares daqui
Foi freguês de muitos anos,
Rugas em seu rosto vinga
Por causa da amiga pinga
Que agora traçou seus planos.
III
Falo também de Zé Grosso
Homem forte, alto e moço
Que vive além e do nada,
Sua vida é um sofrimento
Anda dando passamento
Rolando pela calçada.
IV
Teve o professor “Tózim”
Que também chegou ao fim
Pelas ruas da cidade,
Já falou bem estrangeiro
E no Rio de Janeiro
Foi Professor de Faculdade.
V
Me lembro de Zé Miranda
Que em todo canto que anda
Os seus lombos levam “peia”,
Mais ele tem uma vaidade
Pois aqui nessa cidade
Foi o campeão de cadeia.
VI
Teve um cidadão calado
Preguiçoso, encapotado
Fala mansa, ‘bocoió’,
Um cabra novo ‘mufino’
De um certo modo granfino
Que atendia por Cocó.
VII
Santo Antonio “o cobrador”
Fama de namorador
E de um bom cidadão,
É gago do início ao fim
E se fizer atchim
Joga pedra até no cão.
VIII
Sete Couro andava penso
Até com o peso do lenço
Ficava passando mal,
Com sua japona preta
Ele saía careta
Em dias de carnaval.
IX
Tião Badé o galã
De ontem, hoje e amanhã
Magro como uma mutuca,
Mais tem uma condição
Não nasceu um cidadão
Que ganhe dele na sinuca.
X
“Seu Musa”, este foi bravo
Descendentes de escravos
Também viveu por aqui,
Sem leitura, sem esquema
Foi órfão desse sistema
Foi guerreiro de Zumbi.
XI
De Maria de João Costa
Eu até faço uma aposta
Que você sabe o que é,
Numa mesa preta e tosca
Ali se vendia rosca
Seguido de capilé.
XII
Luis Borná peso leve
A toda hora se atreve
Fazer uma malandragem,
Já deu de tudo na vida
E pra completar a lida
É o pai da vadiagem.
XIII
“Ciço de João Vermelho”
Era toda hora no espelho
Fazendo seu penteado,
Ele amava uma branquinha
Bem cedo, de manhãzinha
Foi malandro diplomado.
XIV
Dando seguimento a lista
Falo do figurinista
Um professor e um gênio,
Que na arte de doar
Ninguém veio a superar
Nosso mestre Antõe Eugênio.
XV
Com a voz de locutor
Boêmio, namorador
Chefe da Rua da ‘Paia’,
Quero aqui mencionar
O Dom Juan do lugar
“Espedito Pade Maia”.
XVI
Vou prosseguir e ressalto
Nosso Cíço de Adauto
O seu bigode e seu pente,
Na cachaça é outra linha
Responde por Estrelinha
E é doido pra matar gente.
XVII
Não posso esquecer jamais
Desse boêmio que faz
Chorar gente e violão,
É um galante matreiro
Que quando fala em Cruzeiro
Só lembra Paulo Bocão.
XVIII
Tem também outro galã
Que de outro galã é fã
E se faz tão soberano,
provocando redevur
Nosso Bosquim de Lulu
É o Waldick Soriano.
XIX
Vou lembrar de um cidadão
Gozador e bonachão
Um boêmio pescador,
Grande amigo do juiz
Por aqui vive feliz
E atende por Pecador.
XX
Também não posso esquecer
Desse que me fez correr
E um dia quase me pega,
Nosso menino prodígio
Que muito fedia a mijo
E se chamava Burra Cega.
XXI
Nessa lista masculina
Lembro duma concubina
A qual pude conhecê-la,
A visita era sagrada
Domingo comprar buchada
No cabaré de Estrela.
XXII
Você pode contestar
Ignorar, estranhar
Das figuras que eu falei,
Não tem brasão de nobreza
Mas ‘Ilustres em Princesa’
“Só são esses que eu citei.”
Poeta;
Rena Bezerra
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