ODE

domingo, 2 de maio de 2021

ILUSTRES DA MINHA TERRA



I

Já fiz rimas pra juízes

Professores, meretrizes

Que vivem numa eterna guerra,

Mais agora vou mudar

Pra dar espaço e falar

Dos Ilustres da Minha Terra.


II

Começo por João Caití

Que em todos bares daqui

Foi freguês de muitos anos,

Rugas em seu rosto vinga

Por causa da amiga pinga

Que agora traçou seus planos.


III

Falo também de Zé Grosso

Homem forte, alto e moço

Que vive além e do nada,

Sua vida é um sofrimento

Anda dando passamento

Rolando pela calçada.


IV

Teve o professor “Tózim”

Que também chegou ao fim

Pelas ruas da cidade,

Já falou bem estrangeiro

E no Rio de Janeiro

Foi Professor de Faculdade.


V

Me lembro de Zé Miranda

Que em todo canto que anda

Os seus lombos levam “peia”,

Mais ele tem uma vaidade

Pois aqui nessa cidade

Foi o campeão de cadeia.


VI

Teve um cidadão calado

Preguiçoso, encapotado

Fala mansa, ‘bocoió’,

 Um cabra novo ‘mufino’

De um certo modo granfino

Que atendia por Cocó.


VII

Santo Antonio “o cobrador”

Fama de namorador

E de um bom cidadão,

É gago do início ao fim

E se fizer atchim

Joga pedra até no cão.


VIII

Sete Couro andava penso

Até com o peso do lenço

Ficava passando mal,

Com sua japona preta

Ele saía careta

Em dias de carnaval.


IX

Tião Badé o galã

De ontem, hoje e amanhã

Magro como uma mutuca,

Mais tem uma condição

Não nasceu um cidadão

Que ganhe dele na sinuca.


X

“Seu Musa”, este foi bravo

Descendentes de escravos

Também viveu por aqui,

Sem leitura, sem esquema

Foi órfão desse sistema

Foi guerreiro de Zumbi.


XI

De Maria de João Costa

Eu até faço uma aposta

Que você sabe o que é,

Numa mesa preta e tosca

Ali se vendia rosca

Seguido de capilé.


XII

Luis Borná peso leve

A toda hora se atreve

Fazer uma malandragem,

Já deu de tudo na vida

E pra completar a lida

É o pai da vadiagem.


XIII

“Ciço de João Vermelho”

Era toda hora no espelho

Fazendo seu penteado,

Ele amava uma branquinha

Bem cedo, de manhãzinha

Foi malandro diplomado.


XIV

Dando seguimento a lista

Falo do figurinista

Um professor e um gênio,

Que na arte de doar

Ninguém veio a superar

Nosso mestre Antõe Eugênio.


XV

Com a voz de locutor

Boêmio, namorador

Chefe da Rua da ‘Paia’,

Quero aqui mencionar

O Dom Juan do lugar

“Espedito Pade Maia”.


XVI

Vou prosseguir e ressalto

Nosso Cíço de Adauto

O seu bigode e seu pente,

Na cachaça é outra linha

Responde por Estrelinha

E é doido pra matar gente.


XVII

Não posso esquecer jamais

Desse boêmio que faz

Chorar gente e violão,

É um galante matreiro

Que quando fala em Cruzeiro

Só lembra Paulo Bocão.


XVIII

Tem também outro galã

Que de outro galã é fã

E se faz tão soberano,

provocando redevur

Nosso Bosquim de Lulu

É o Waldick Soriano.


XIX

Vou lembrar de um cidadão

Gozador e bonachão

Um boêmio pescador,

Grande amigo do juiz

Por aqui vive feliz

E atende por Pecador.


XX

Também não posso esquecer

Desse que me fez correr

E um dia quase me pega,

Nosso menino prodígio

Que muito fedia a mijo

E se chamava Burra Cega.


XXI

Nessa lista masculina

Lembro duma concubina 

A qual pude conhecê-la,

A visita era sagrada

Domingo comprar buchada

No cabaré de Estrela.


XXII

Você pode contestar

Ignorar, estranhar

Das figuras que eu falei,

Não tem brasão de nobreza

Mas ‘Ilustres em Princesa’

“Só são esses que eu citei.”


Poeta;

Rena Bezerra

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