ODE

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ALCIDES VIEIRA CARNEIRO

 


 

 

 

ALCIDES VIEIRA CARNEIRO nasceu em Princesa no dia 11 de junho de 1906, filho do coronel Vicente Carneiro e dona Maria Azevedo Duarte Carneiro (dona Maroquinha). Segundo o saudoso historiador Paulo Mariano, foi Alcides o filho mais ilustre de Princesa, uma vez haver sido o que teve maior ascensão no cenário nacional: orador, ensaísta, crítico, biógrafo, escritor, poeta de notável inspiração e político. Em Princesa, Carneiro iniciou seus estudos na escola primária do professor Adriano Feitosa Cavalcanti, concluindo o ensino básico no Grupo Escolar “Gama e Melo”. Conta-se que ainda nos anos iniciais de estudos em Princesa, Alcides já demonstrava aptidão e vocação para fazer discursos em público. Ainda impúbere tendo, seu pai, sido transferido de Princesa de seu emprego na Mesa de Rendas (atual Coletoria Estadual), foi morar em Fortaleza/CE. Ali, concluiu o curso secundário no “Liceu Cearense”. Terminado esse curso, transferiu-se para a capital pernambucana onde fez o curso de Ciências Jurídicas, formando-se em Direito quando colou grau, aos 20 anos de idade, em 1926. Casou-se, em primeiras núpcias, com dona Selda Almeida, filha do então Ministro José Américo de Almeida, com quem teve duas filhas: Solange e Sônia. Separado da primeira mulher, casou-se novamente, tomando como esposa a senhora Ivone Dantas Carneiro, com quem não teve filhos.

 

Cargos que ocupou

 

Formado, exerceu os seguintes cargos: Procurador da República no Estado do Espírito Santo; Advogado da Polícia Militar no Distrito Federal; Curador de Menores e Curador da Família, também na Capital Federal; Interventor do município de Itápolis/SP; Curador de Massas Falidas do Distrito Federal; Inspetor do Ensino Secundário da Capital Federal e Presidente do IPASE – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado. Nesse cargo e com sua influência política, conseguiu dar empregos a vários princesenses que o procuraram no Rio de Janeiro, então Capital Federal.

 

O CORONEL ZÉ PEREIRA E ALCIDES CARNEIRO 

Incursão na política

Em 1947 foi candidato a governador do Estado da Paraíba, quando enfrentou nas urnas o alagoa-grandense Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello. Foi derrotado, ficando em segundo lugar. Porém, numa demonstração de alta civilidade, encaminhou, ao candidato vitorioso, o seguinte telegrama:

 

“No momento em que a preferência já definida nas urnas livres recai sobre o seu nome ilustre, cumpro o dever democrático de apertar, com o coração bem elevado, a mão que guiará os destinos da nossa terra. Peço a Deus que o inspire e também aos seus amigos, na penosa e dignificante tarefa que vai iniciar para que a Paraíba não tenha de que se arrepender. Se assim for, como é desejo de todos os bons paraibanos, estaremos ambos compensados do ingente esforço que fizemos – Alcides Vieira Carneiro”.

 

Mesmo com essa demonstração de civilidade, Alcides Carneiro sempre carregou o desgosto de não ter governado a sua querida Paraíba. Isso ficou notório quando da ocasião em que foi escolhido para homenagear o grande paraibano, Ernani Sátiro, em solenidade oficial ocorrida em Brasília, momento em que proferiu o seguinte discurso:

 

“Meu amigo, amigo velho ou novo, não importa, mas um dos melhores amigos que Deus me deu e por quem nutro imensa admiração. Admiração tão profunda e tão real que a intimidade não conseguiu diminuir. Tenho, entretanto dois motivos: um de elevada inveja, outro de baixo ciúme. Inveja de sua glória literária conquistada com livros admiráveis e ciúme por ter visto V. Exa. governar a Paraíba, que é o mesmo que ter casado com minha noiva”.

 

     Em 1950, candidatou-se, Alcides, a deputado federal quando foi eleito (o único princesense até hoje a eleger-se deputado federal), obtendo consagradora votação: 17.654 sufrágios, sendo o mais votado no Estado da Paraíba. Como deputado federal, foi representante do Brasil na Conferência Interamericana realizada em Istambul, na Turquia, em 1951. Tentou a reeleição nos anos de 1954 e 1958, porém não conseguiu êxito. Desgostoso com as sucessivas derrotas eleitorais desistiu de disputar cargos públicos, dizendo: “A Paraíba gosta de me ouvir falar, mas, não gosta de votar em mim”. Mesmo assim não abandonou a atividade política. Depois da morte do coronel José Pereira Lima em 1949, com o partido acéfalo, Alcides liderou a política princesense por alguns anos, diferente do que ocorreu em outra ocasião, pois, em 1930, na qualidade de destacado “aliancista”, foi convidado por José Américo de Almeida para ser interventor municipal em Princesa, porém, temeroso de ferir suscetibilidades políticas e, principalmente, por ser afilhado e amigo do coronel José Pereira - que acabara de ser defenestrado do poder em Princesa e estava foragido -, recusou o convite. Mesmo assim, não deixou de interferir nas coisas da política de sua terra. Enquanto o Coronel esteve ausente e após sua morte, em 1949, Alcides funcionou como coordenador político da facção pereirista em Princesa. De início, sozinho. Depois, conjuntamente com o filho de Zé Pereira, o médico, Aloysio Pereira Lima.

 

O Ministro

 

Saído da política, mudou-se, definitivamente para o Rio de Janeiro e, posteriormente, com a transferência da Capital Federal, para Brasília. Em 02 de fevereiro de 1966, foi nomeado Ministro do STM – Superior Tribunal Militar, chegando a ser vice-presidente daquela corte para o biênio 1969/70. Além de político e servidor público, Alcides Carneiro foi também, destacado intelectual. Como orador - segundo ainda o historiador Paulo Mariano -, é mencionado na “História da Eloquência Universal”, como “um dos dez maiores oradores da atualidade e um dos cem maiores oradores de todos os tempos”. Isso não é pouco, pois coloca nosso grande conterrâneo ao lado do grande orador romano, Cícero. Foi membro da Academia Paraibana de Letras, ocupando a cadeira nº 07 e professor “Honoris Causa” da Universidade Federal da Paraíba. Teve, Carneiro, os seguintes livros publicados: “Discursos Escolhidos” (1971); “Ao Longo da Vida” (1976); “Discursos em 14 Tempos” (1976); além de vários textos e poesias publicados em revistas e jornais importantes do Brasil. Recebeu vários “Títulos de Cidadão” em muitos dos municípios brasileiros e várias condecorações. Por ocasião das comemorações do Centenário de seu nascimento, foi o eminente princesense, agraciado in memoriam, com a mais importante láurea concedida pela Câmara Municipal de Princesa: a Comenda “Dona Nathalia do Espírito Santo”. Alcides foi homenageado também com a aposição de seu nome em um Ginásio de Esportes; numa Escola Estadual de Ensino Médio e em uma das Rua da nossa cidade. Tudo isso, na cidade de Princesa.

 

O fim

 

Vítima de um acidente vascular cerebral faleceu em Brasília, aos quase 70 anos de idade, às cinco horas da manhã do dia 22 de maio de 1976. O corpo do ilustre filho de Princesa está sepultado no cemitério “São Francisco Xavier” no Rio de Janeiro. No ano de 2006, por iniciativa do pesquisador de história, o também princesense, Francisco Carvalho Florêncio, com o apoio do vereador Irismar Mangueira e do então prefeito Thiago Pereira, a Câmara Municipal prestou solene homenagem a esse preclaro filho de Princesa que, por tudo o que representou no contexto da política, da cultura e da intelectualidade, não somente aqui, mas, na Paraíba e no Brasil está, definitivamente, inscrito no panteão dos filhos ilustres desta Terra como um de seus principais quadros.

 



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