João Fernandes, o
pintor
João Fernandes, além de comerciante, era também funcionário
público estadual. Funcionava como enfermeiro leigo do Hospital São Vicente de
Paulo em Princesa. Ali, tinha todos como colegas e amigos. Porém, existia um
dos colegas – que era também compadre -, chamado Antônio de Elza, por quem
Fernandes tinha um apreço especial. É tanto que, sempre que Antônio marcava
suas férias, João marcava as suas também no mesmo período. Não sabia, Antônio
de Elza, no entanto, que Fernandes e sua mulher tinham um
“cheirinho-de-queijo”.
Certo dia, os dois de férias, Antônio comentou com João que
iria aproveitar o período de ócio remunerado para pintar sua casa. João
Fernandes, de pronto, se ofereceu para ajudá-lo. E Antônio, ingênuo coitado,
aceitou de bom grado. Marcaram o dia da pintura e lá se foi Fernandes para a
casa do compadre. Lá chegando, João Fernandes foi logo perguntando:
- E aí, compadre, cadê as tintas?
Antônio, meio embasbacado, respondeu:
- Oxente, compadre, eu tenho uma lata quase meia, mas num é
que eu me esqueci de comprar o resto?!
- Pois então cuide em comprar, homi – recomendou Fernandes.
- Mas, aonde compadre? – Perguntou Antônio.
Esperto e mal-intencionado, João Fernandes orientou o
compadre a ir comprar as tintas na loja mais distante que havia. Com essa
recomendação, Antônio saiu para comprar o material. Enquanto isso, João correu
pra cozinha e foi logo cheirando o cangote da comadre e chamando-a para o
quarto. Encostaram a porta da frente, se deitaram e, quando estavam no bem bom,
João ouviu o assovio do compadre (Antônio só andava assoviando). Levantou-se
rápido, pegou o resto de tinta que havia numa lata, subiu a escada e começou a
pintar a parede da sala da frente. De repente, Antônio empurra a porta e entra.
Quando olha pra cima se surpreende com o compadre, nu e atrepado na escada.
- Oxente compadre, que diabo é isso, você está nu? –
Perguntou Antônio, surpreso.
- Pois é, compadre, eu só tinha essa roupa limpa e, pra não
sujar, resolvi tirá-la para poder pintar a parede – justificou João Fernandes.
- Mas compadre, e esse negócio duro aí? – Questionou Antônio,
ao que João respondeu sem titubear:
- Oxente, compadre, e onde eu vou pendurar a lata?
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