ÉRICO GOMES DE ALMEIDA
CAPA DO LIVRO ESCRITO
POR ÉRICO GOMES DE ALMEIDA E SEUS PROMOTORES: CORONEL JOSÉ PEREIRA LIMA E O
PRESIDENTE DA PARAÍBA JOÃO SUASSUNA
ÉRICO GOMES DE ALMEIDA,
filho de Eneas Gomes
Soares de Almeida e de dona Ana Dionísia Regina de Almeida, nasceu na cidade de
Parahyba, então capital da província da Parahyba do Norte, em 07 de julho de
1896. Após terminar seus estudos primários e secundários, ingressou ainda adolescente
nas oficinas do jornal paraibano “O Norte”, onde militou por oito anos. Aos 24
anos de idade, Érico de Almeida deixou a redação do referido veículo de
comunicação e entrou para o serviço público federal como funcionário do
Ministério da Agricultura.
Chegada em Princesa
No final do ano de 1920, nosso biografado foi designado para
servir na então Vila de Princêza. Ali acabara de ser instalado um escritório do
Ministério da Agricultura com o fito de promover o combate à “praga da lagarta”
que estava exterminando as plantações de algodão (principal produto na pauta de
exportações da Paraíba na época) de toda a região. Chegado à Vila, Almeida
(como passou a ser chamado), começou a trabalhar e a se fazer respeitado por
todos pela sua inteligência e capacidade de fazer amizades. Em pouco tempo,
enamorou-se por uma bela jovem princesense, chamada Rosa, que era filha de uma
das mais tradicionais famílias da cidade. Trabalhando em Princesa e
participando das atividades culturais que ali se manifestavam com muita
efervescência no início daquela década importante para a cultura princesense, o
jovem funcionário público federal decidiu estabelecer sua estadia nessa, agora
charmosa cidade (Princesa foi emancipada politicamente, de forma definitiva,
desligando-se da dependência de Piancó/PB, em 18 de novembro de 1921). Em 31 de
março de 1922, Almeida casou-se com a senhorita Rosa Duarte Rodrigues, filha de
Joaquim Duarte Rodrigues e de dona Senhorinha Maria Duarte. Com o término do
governo do único paraibano a ser conduzido à presidência da República, Epitácio
Pessoa, o escritório que dava suporte ao combate da “praga da lagarta” em Princesa
foi fechado e, Almeida ficou desempregado.
Amigo do coronel
Por indicação do coronel Zé Pereira, Almeida foi convidado no
final de 1924, pelo recém-eleito presidente do estado da Paraíba, João
Suassuna, para escrever uma biografia do cangaceiro Lampião que já nessa época,
era atribuído de muita fama, tanto pela violência quanto pela capacidade
incrível de escapar da perseguição das polícias de alguns estados nordestinos.
Destituído de suas atividades de barnabé federal, Érico de Almeida aceitou o
convite do presidente (governador) e a subvenção, tanto por parte do Estado
como por parte do coronel José Pereira Lima que foi o propositor da obra,
indicador do escritor e maior incentivador para a lavratura desse memorável
registro biográfico, que é a primeira biografia escrita sobre Lampião, o “Rei
do Cangaço”. Segundo o historiador e membro da Sociedade Brasileira de Estudos
do Cangaço, José Romero de Araújo, o livro: “Lampeão
– Sua História”, editado pela Imprensa Oficial do Estado da Paraíba, em
1926, recebeu menção do famoso escritor paulista Mário de Andrade que escreveu
dizendo achar que, pelo caráter apologético definido na obra – onde Suassuna é
louvado pelo empenho persecutório ao “Rei do Cangaço” -, Almeida seria um
pseudônimo utilizado por João Suassuna o que, segundo José Romero, não é
verdade. A obra de Érico Gomes de Almeida, pelo seu pioneirismo e pela
veracidade dos fatos que, colhidos in
loco e em tempos contemporâneos, merece nossos aplausos, principalmente,
por ter sido produzida na cidade de Princesa. Observe-se que, nessa época, o
coronel José Pereira, grande promotor da cultura da promissora cidade sertaneja,
tornou-se um verdadeiro mecenas daqueles que tinham capacidade de produzir
culturalmente.
A primeira biografia de Lampião
O coronel Protegeu vários intelectuais da época, a exemplo de
Waldemar Emygdio de Miranda, porém, com Érico de Almeida foi diferente, pois,
este era também o seu bibliotecário, era quem organizava os papéis de Zé
Pereira - seu financiador e protetor. Mas isso é outra história. O que
interessa mesmo nesse sucinto perfil biográfico, é o resgate de um fato contido
de muita grandeza cultural e histórica: o primeiro registro biográfico sobre
Lampião, o “Rei do Cangaço”, foi escrito em Princesa e financiado por um dos
mais ilustres filhos desta Terra, o coronel José Pereira Lima. Érico de
Almeida, logo após a “Guerra de Princesa”, temeroso de perseguições políticas,
deixou a cidade e, desde então não retornou mais a Princesa. Segundo
informações orais, o nosso conterrâneo por adoção (um “princesado”), faleceu na
década de 1960, na cidade do Rio de Janeiro. Pelo amor que desenvolveu por
Princesa e pela importante e precursora obra aqui produzida está, Érico Gomes
de Almeida a merecer as honras dispensadas aos demais princesenses ilustres.
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