Em 1965, na campanha para a eleição de governador da
Paraíba, em Princesa, foram realizados alguns comícios. Em uma dessas
concentrações, o grupo “Diniz” recebeu o candidato da ARENA, que discursou em
cima de um caminhão, na esquina da loja do ex-prefeito Antônio Maia, no centro
da cidade. Em sua fala, João Agripino que era muito contundente e destemido em
seus pronunciamentos, acusou seu concorrente, o candidato do MDB, Ruy Carneiro,
afirmando que o mesmo, como senador da República, era inútil, pois, além de não
apresentar nenhuma propositura naquela Casa Legislativa que contemplasse a
Paraíba com algum benefício, pouco se pronunciava da tribuna do Senado Federal.
Denegriu ao máximo a imagem política do senador emedebista. Assistindo ao
comício nos aceiros da aglomeração - pois adversário -, Joaquim Mariano,
ex-vereador de Princesa e então prefeito do novo município de Manaíra,
emedebista roxo e adepto leal de Ruy Carneiro, exasperou-se com a fala de
Agripino quando este disse que Ruy não se pronunciava no Senado da República.
Irado, lá de onde estava, gritou Joaquim Mariano, aos brados:
“Isso não é verdade, pois todo dia eu
escuto, no meu rádio, os pronunciamentos do senador Ruy Carneiro!”. Do
palanque, João Agripino invectivou energicamente dizendo: “Ou o rádio
ou o senhor; um dos dois está mentindo!”.
Injuriado por ter sido chamado de
mentiroso, Joaquim Mariano quis partir para o palanque com o propósito de
agredir fisicamente o candidato a governador. Agripino, conhecido como “pavio
curto” e como homem que não levava desaforo prá casa, lá de cima do caminhão, vendo
o ruge-ruge, acenava com a mão, chamando o prefeito para a briga. A turma do
deixa-disso entrou em ação, acalmou Mariano e a confusão foi dissolvida,
terminando tudo em paz.
Passadas as eleições e
o calor da campanha, João Agripino foi eleito e, já governador, em junho de
1966, convidou Joaquim Mariano - ainda prefeito de Manaíra -, para juntamente
com outros prefeitos da região, comparecerem à capital do Estado, para terem
com o chefe do Poder Executivo estadual uma audiência com a finalidade de carrear
recursos e benefícios para seus municípios. Recebido por Agripino no Palácio da
Redenção, juntamente com os demais prefeitos, foi Joaquim Mariano imediatamente
reconhecido pelo governador que, ao cumprimentá-lo, perguntou-lhe de chofre:
“E aí, prefeito, o rádio do senhor
ainda mente muito?”. Joaquim Mariano, em busca de benefícios
oficiais, não achou de bom alvitre desagradar Sua Excelência. Soltou uma
gargalhada e respondeu ao governador: “E... é o seguinte, doutor João
Agripino, relógio que atrasa não adianta e coisa que atrapalha a vida da gente,
não vale a pena possuir, por isso, eu vendi o rádio, me desfiz daquela peste”.
Joaquim Mariano fez as pazes com o
governador e voltou pra Manaíra coberto de benefícios governamentais para
aquele município.
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