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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

ARIANO SUASSUNA E O HYMNO DE PRINCÊZA

Ariano Villar Suassuna era paraibano de Taperoá, porém, nascido no Palácio da Redenção, em Parahyba (atual João Pessoa), no dia 16 de junho de 1927 e falecido, aos 87 anos de idade, no Recife em 23 de julho de 2014. Dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor, foi o idealizador do “Movimento Armorial” e autor das obras “Auto da Compadecida” e “A Pedra do Reino”, dentre outras. Suassuna tinha muita identificação com Princesa, tanto cultural quanto política e pessoal. Seu pai, o ex-presidente (governador) do estado da Paraíba (1924-1928), João Suassuna, era amigo íntimo do coronel José Pereira Lima a quem apoiou durante a “Guerra de Princesa” (1930). Ariano Suassuna, ainda criança, viveu as agruras daquele conturbado período por que passou o nosso Estado. Intelectual e de excelente memória, esse ilustre paraibano, certa vez, já idoso, em visita que fez ao “Palacete dos Pereira”, aqui em Princesa, apreciando os móveis pertencentes ao coronel e o acervo fotográfico ali exposto, ao deparar-se com um quadro contido da letra e da partitura musical do “Hymno de Princêza”, imediatamente pôs-se de costas para aquele quadro e começou a cantar, décor, a “Marcha-Cancão dos Legionários de Princêza”. Eis a letra:

“Cidadãos de Princêza aguerrida;

Celebremos, com força e paixão,

A beleza invulgar desta lida

E a bravura sem par do Sertão!

De nossa terra na defeza,

Alerta sempre! Eia! De pé!

Pela vitória de Princêza

O nosso Orgulho e a nossa fé!

Para honrar e exaltar nossa causa,

Na atitude dos veros Heróis,

É mister que lutemos sem pausa

Para frente! Marchar! Todos nós!...

De nossa terra na defeza,

Alerta sempre! Eia! De pé!

Pela vitória de Princêza

O nosso Orgulho e a nossa fé!

Princezenses!... A hora é sagrada!

Contemplemos o sol do Porvir!

Há três verbos na luz da Alvorada:

Resistir! Triunphar! Repelir!

De nossa terra na defeza,

Alerta sempre! Eia! De pé!

Pela vitória de Princêza

O nosso Orgulho e a nossa fé!

Exaltemos no bronze da História,

A Epopéia do nosso rincão!

De Princêza cantamos a glória

E a bravura sem par do Sertão!

De nossa terra na defeza,

Alerta sempre! Eia! De pé!

Pela vitória de Princêza

O nosso orgulho e a nossa fé!

 

Segundo depoimento do próprio Ariano Suassuna, esse hino era cantado por sua mãe, em casa, no dia-a-dia daquele conflito. O escritor aqui referido, teve seu pai, João Suassuna, assassinado (em vingança pela suposta participação no assassinato do presidente João Pessoa, o que se comprovou mais tarde não ser verdade), no Rio de Janeiro já nos primeiros dias que se sucederam à eclosão da chamada “Revolução de 1930”. Por esse motivo, Ariano, desenvolveu forte ojeriza a tudo que se referisse a esse sombrio período de sua vida. Evitava sempre falar sobre o assunto e se referia à capital do Estado como “Parahyba”, sempre se negando a proferir o nome do presidente morto, João Pessoa.

 



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