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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

FLORENTINO FLORO DINIZ

FLORENTINO FLORO DINIZ, mais conhecido como Padre Floro, nasceu em Patos (atual Patos de Irerê, hoje pertencente ao município de São José de Princesa) à época, distrito de Princesa, em 27 de setembro de 1884. Era filho de Joaquim José Diniz e de dona Luísa Florentino Diniz. Seu pai era tio de sua mãe que era irmã do major Florentino Rodrigues Diniz (major Floro). Passou sua primeira infância no lugar onde nasceu e estudou as primeiras letras em casa com um professor particular. Aos sete anos de idade foi matriculado numa Escola Particular da vizinha Vila pernambucana de Triumpho, onde fez o curso primário. Nesse tempo, era Patos um povoado muito desenvolvido; ali, sob a administração do major Floro – o homem mais rico da região -, funcionava um verdadeiro parque industrial: engenho para a produção de açúcar e rapadura; usina de beneficiamento de algodão; fábrica de vinhos finos, dentre outros empreendimentos industriais; além da existência de um grande armazém que vendia, em atacado, para as bodegas e mercearias da Vila de Princêza e para as praças de Triumpho e Flores do Pajeú. Já adolescente por determinação paterna, Florentino Floro, ingressou no Seminário para a formação de padres seculares, sediado na cidade do Recife.

O padre

Ordenado padre, o que aconteceu em 1908 à sua quase revelia, uma vez não ter vocação para o sacerdócio, Floro – como vimos, submeteu-se à vontade paterna num tempo em que os pais punham e dispunham sobre os destinos dos filhos –, foi logo designado para servir como vigário da paróquia da Vila do Teixeira, o que fez durante o período de 1909 até 1911. Segundo o historiador princesense, Otávio Augusto Pereira Sitônio Pinto, em seu livro: “Dom Sertão, Dona Seca” – Patmos – 2016 – João Pessoa/PB, sobre a ordenação do padre Floro: “Filho de uma irmã e de um tio do major (quer dizer, filho de tio com sobrinha), o padre Florentino Diniz (Padre Floro) foi ordenado por imposição da família. Não tinha a vocação do sacerdócio, e era revoltado com sua condição de padre”. Conta-se, que o nosso biografado, era um homem irascível, misógino, de forte temperamento e, nas palavras dos mais velhos, um “gira”.

Depois de sua incumbência eclesial em Teixeira, foi nomeado vigário de Princesa, sua terra natal e aqui comandou a paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho por longos 18 anos, de 1911 até 1929. Foi padre Floro quem oficiou muitos dos vários batizados e casamentos de princesenses que, mais tarde, se fizeram ilustres, a exemplo de Aloysio Pereira Lima e Antônio Nominando Diniz. Polêmico, dizem que o Cura nutria alguma simpatia com relação aos cangaceiros que povoavam os sertões nordestinos, principalmente com relação àqueles que, sob o manto protetor de seu tio major Floro e do primo Marcolino Florentino Diniz, faziam ponto em Patos. Conta-se que, quando da ocorrência do assalto - perpetrado pelos cangaceiros, comandados pelos irmãos de Lampião, Antônio e Livino -, à cidade de Sousa/PB, em 1924, e a consequente divisão do butim entre os cangaceiros, os irmãos de Lampião roubaram nove contos de réis do facínora “Meia-Noite”. Sabedor desse fato, o padre Floro teria tecido o seguinte comentário: “Quem rouba de ladrão, tem cem anos de perdão”. Muitos, à época, consideraram esse dizer inconveniente para ser proferido por um sacerdote.

Doutra feita, desobedecendo a orientação do coronel José Pereira Lima, o vigário de Princesa oficiou - nesse mesmo ano de 1924 -, o casamento do cangaceiro “Meia-Noite” com a jovem Alexandrina Maria da Conceição, na capela de São Sebastião no povoado de Patos. Esse fato lhes custou a eterna inimizade com o coronel Zé Pereira que então, já se fazia perseguidor do bando de Lampião.

O fim

Sob o vicariato do padre Floro, foram criadas algumas associação religiosas na paróquia da Vila de Princêza, a exemplo da Ordem Franciscana Secular; do Apostolado da Oração; da Pia União das Filhas de Maria, dentre outras. Por determinação do vigário, foi realizada pequena reforma no prédio da Igreja Matriz, quando foi construído um anexo para abrigar um altar em homenagem a Nossa Senhora do Carmo. Ainda sob sua administração paroquial, padre Floro reiniciou a construção da Igreja do Rosário dos Negros que havia sido começada pelo padre Francisco Tavares Arcoverde, que não a concluiu. Já em meados da década de 1920, o padre Floro começou a dar sinais de ser portador de uma doença grave. Acabava de ser elevado – através de édito do bispo da Paraíba, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques - à condição de Cônego da Igreja Católica.

Após o início de um tratamento de saúde na capital pernambucana, descobriu que sofria de uma crônica doença renal. Segundo informações de contemporâneos, esse mal lhes trouxe grandes sofrimentos que, aliados ao seu forte temperamento o colocavam em situação de grande revolta quando tinha frequentes crises, momentos em que ficava furioso. Foi tratado pela família, sob os auspícios de sua cunhada (que tocava a Serafina da igreja Matriz de Princesa), dona Irene Sérgio Diniz (casada com o irmão do padre, Glycério Florentino Diniz e que seria vice-prefeito de Princesa até 1930). Não resistindo à doença, padre Floro faleceu no início do ano de 1930 e foi sepultado na antiga igreja de Princesa. Curiosamente, pediu, em vida, que seu sepultamento fosse acompanhado pelo toque da matraca (instrumento usado na “Semana Santa” quando os sinos são proibidos de tocar). Malgrado existir qualquer referência a algo importante, feito ou construído pelo nosso biografado, além de haver sido, até hoje, o ministério paroquial mais longevo, está o padre Florentino Floro Diniz, na qualidade de primeiro padre princesense a chefiar a nossa paróquia, a merecer figurar como um ilustre filho de Princesa. Por ocasião das festividades comemorativas do 80º (octogésimo) Aniversário da Emancipação Política de Princesa, suas batinas e paramentos, hoje pertencentes à sua sobrinha, Mariza Diniz, foram expostos para conhecimento do público.


 




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