ODE

sábado, 9 de abril de 2022

PAULO MARIANO, GENÉSIO LIMA E O VESTIBULAR

    Paulo Mariano passou a vida lutando pela igualdade social das pessoas. Não admitia discriminação, tampouco suportava a desigualdade imposta pela sociedade retrógrada representada pelos “ricos”, o que fazia impeditivo o direito de os filhos dos pobres alcançarem ascensão social através dos estudos. Por conta disso, quando seus dois filhos, Yuri e Giovani, passaram no vestibular, o “véi” (como o chamávamos) tomou uma cachaça no bar de “Gera” e resolveu dar essa alvissareira notícia aos dois grandes líderes políticos da cidade.

Primeiro partiu para o palacete dos “Pereira” para comunicar a Aloysio e a Gonzaga Bento. Lá chegando e não encontrando ninguém, decidiu ir até a praça dos “Nominando”. Achando fechada a porta da chamada “Casa Grande”, foi à casa do professor Genésio Lima, do outro lado da Praça. Genésio, que estava sentado a uma cadeira assistindo à televisão, com a porta da sala entreaberta, surpreendeu-se quando Paulo bateu palmas e foi logo dizendo: “Genésio, filho de pobre também passa em vestibular! Os meus passaram.”.

Genésio levantou-se da cadeira em que estava sentado e, já fechando a porta, respondeu a Paulo: “Passar, passa. Quero ver é ter condições de estudar”. Já se retirando, Paulo Mariano respondeu com um palavrão impublicável, mandando Genésio tomar não sei aonde e foi embora para casa. Em pouco menos de cinco anos, seus dois filhos se formaram: um em Odontologia e, o outro, em Farmácia e Bioquímica. A igualdade se consumou.









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