JOAQUIM ALEXANDRE DA
SILVA, mais
conhecido como JOAQUIM MARIANO, nasceu em 23 de janeiro de 1903, era filho de
Mariano Alexandre da Silva e de dona Luiza Maria da Conceição, casou-se com
dona Lindaura Cordeiro Florentino, com quem Teve os filhos: Francisca; Paulo;
Carlota; Solon; Rui; Maria do Socorro; Maria de Lourdes, Joaquim e Maria de
Fátima. Nasceu e foi criado na Zona Rural, sempre trabalhando na roça que era o
ofício de seu pai. Sua instrução escolar foi mínima. Lia alguma coisa e
escrevia sofrivelmente, porém, como sabemos não ser, a inteligência, fruto da
instrução, Joaquim Mariano, em que pese ser semianalfabeto, era homem de
brilhante inteligência e acurada presença de espírito. Como que para compensar
a sua falta de instrução, cuidou para que seus filhos estudassem e deu
oportunidade a todos nesse campo, chegando a ter um deles formado em Medicina e
outro, Paulo Mariano, como um dos representantes maiores da intelectualidade
princesense.
Mesmo detentor de instrução inferior, “seu” Joaquim (como era
chamado) foi bem-sucedido nos negócios, pois, tinha também grande tino
comercial. Trabalhador que era Mariano, logo cedo começou a adquirir bens o que
demonstrava que seria mais tarde um homem de posses. Interessado em prosperar
financeira e socialmente, escolheu a dedo com quem casar-se. Como provinha de
família humilde da Zona Rural, decidiu que desposaria moça que tivesse beleza,
nome e dote. Foi aí que se interessou pela jovem Lindaura, filha do tenente da
Guarda Nacional, Antônio Cordeiro Florentino. Este era homem de posses,
pertencente a família de alta linhagem e muito ligado ao coronel José Pereira
Lima – de quem foi um dos chefes de tropa na chamada “Guerra de Princesa”, em
1930. Casado, Mariano começou a prosperar, tornando-se, mais tarde, um dos
homens mais bem sucedidos financeiramente da região, quando se fazia possuidor
de vastas propriedades, gado, automóveis e alguns bens imóveis.
O político
Joaquim Mariano não era talhado para ser uma pessoa comum. No
exercício da boa ambição, sempre procurou ascender, financeira e socialmente.
Em face disso, com pendores para a política, adentrou na atividade já com idade
avançada. Aos 52 anos, em 1955, disputou sua primeira eleição para vereador à
Câmara Municipal de Princesa. Foi eleito com exatos 400 votos, conseguindo sua reeleição
no pleito de 1959, quando foi reeleito por 626
sufrágios. Na qualidade vereador, Mariano pode ser considerado um dos
mais atuantes da história do Legislativo princesense. Colhido dos Anais da
Câmara Municipal de Princesa temos que Joaquim foi assíduo frequentador das
Sessões daquela Casa de Leis, e sempre esteve a apresentar projetos e
indicações diversos em prol do desenvolvimento do município, além de reclamar
dos colegas que não participavam das Sessões Legislativas. Foi de autoria do
vereador Joaquim Mariano, uma “Moção de Aplauso” aprovada pela Câmara Municipal,
em maio de 1960 e encaminhada, através de telegrama, ao então presidente da
República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, parabenizando-o pela construção de
Brasília. O teor: “Congratulamo-nos com
V. Excia. pela gigantesca obra de Brasília inaugurada em 21 de abril do
corrente âno, acontecimento esse que virá proporcionar inestimáveis benefícios
ao país e notadamente ao Nordeste”.
O segundo mandato de vereador não foi concluído por Joaquim,
uma vez que, com a Emancipação política do Distrito de Manaíra, que se tornou
cidade em 1962, o então vereador de Princesa candidatou-se ao cargo de prefeito
daquele novo município e concorreu, pelo PL – Partido Libertador, tendo como
companheiro de chapa (vice-prefeito) o senhor Laurindo Bezerra da Silva. Nessas
eleições, derrotou o candidato do PSD – Partido Social Democrático, o também
vereador Antônio Antas Diniz. Como primeiro prefeito de Manaíra, fez uma boa
administração o que o credenciou a apresentar-se, em 1968, como candidato a
prefeito de Princesa. Nesse pleito, sem obter a bênção dos chefes do MDB –
Movimento Democrático Brasileiro, princesense, concorreu por uma sublegenda, juntamente
com Miguel Rodrigues de Lima, enfrentando o candidato da ARENA, Antônio
Nominando Diniz.
Para a escolha dos candidatos a prefeito do grupo “Pereira”,
houve disputa e desconforto político. Aloysio Pereira apoiava o nome de Miguel Rodrigues
e, Gonzaga Bento, tinha preferência por Joaquim Mariano. Sem haver consenso,
Aloysio convocou uma reunião e sugeriu que Miguel encabeçasse a chapa e Joaquim
figurasse como candidato a vice-prefeito. Irritado com a proposta do chefe
político, Mariano disse, na “taba do queixo” de Aloysio: “Não aceito a vaga de vice, pois, não gosto de andar de garupa. Eu
quero é ser prefeito e, também, já estou muito velho pra viçar”. Diante
dessa recusa de Joaquim Mariano, partiram os dois candidatos do mesmo partido (Joaquim
e Miguel) para o suicídio eleitoral.
Não deu outra. Antônio Nominando ganhou dos dois. Derrotado,
no dia seguinte, Mariano compareceu ao palacete dos “Pereira” e, num rompante
de raiva, diante de Aloysio e Gonzaga, disse: “Vim aqui dizer aos senhores que, de hoje em diante, nem Pereira, Nem
Nominando”. Conversa para inglês ver. No pleito seguinte, lembrado das
latas de bosta que a polícia de Nominando Diniz o obrigou a carregar nas
costas, em 1930, enquanto estava preso, e derramá-las na Lagoa (Estrela), perfilou-se
novamente ao lado de seus antigos correligionários nas eleições seguintes. Era
assim Joaquim Mariano, um tradicionalista cheio de rompantes porém, fiel às
suas ideias e convicções.
JOAQUIM MARIANO, DONA LINDAURA E OS
FILHOS: PAULO E FRANCISCA
O espirituoso
Várias são as histórias que contam sobre Joaquim Mariano.
Desde a briga que teve com o então futuro governador João Agripino Filho quando
foi defender seu correligionário e amigo Rui Carneiro por ocasião de um comício
em que Agripino o acusava de inoperante; até à história de uma mulher que
perdeu uma criança, por aborto, porque o marido não deixou que ela chupasse uma
das mangas da propriedade do muquirana Mariano.
Espirituoso e de respostas na ponta da língua, Joaquim era rápido quando
inquirido. Certa vez, uma mulher o encontrou na feira e, ao ser cumprimentada por
ele, disse: “Seu Joaquim, o seu chapéu tá
torto”. Levando a mão à cabeça para endireitar o chapéu, Joaquim respondeu:
“O chapéu pode tá torto, mas a cabeça tá
aprumada”.
O fim
Já aos 78 anos de idade, o nosso biografado teve um ataque cardíaco
e precisou ser deslocado para São Paulo em busca de tratamento especializado.
Lá chegando, foi internado num bom hospital e, coincidentemente, um dos
estagiários naquele nosocômio era o médico princesense, recém-formado, Antônio
Nominando Diniz Filho (Totonho), filho de doutor Antônio. Quando o neto de
“seu” Mano – o maior adversário político de Joaquim Mariano em Princesa -, soube
que este estava ali internado, na qualidade de conterrâneo, foi visitá-lo.
Chegando ao apartamento em que se encontrava o velho político de Princesa,
Totonho o cumprimentou e identificou-se. Ao ouvir que se tratava de um
“Nominando”, o velho Joaquim, mesmo no leito de morte, disse: “Tô lascado, esse povo quis acabar comigo lá
em Princesa quando eu estava forte, imagine agora, eu sozinho aqui prostrado
desse jeito?”. Era assim Joaquim Mariano, não deixava nada por menos. Em
que pese o esforço concentrado da família para lhe restituir a saúde, não
logrou êxito no tratamento e veio a falecer aos 78 anos de idade, em 15 de maio
de 1981. Por tudo que representou para Princesa, tanto na política quanto na
vida social e dos negócios acreditamos que, com esse resgate, fique,
definitivamente, Joaquim Alexandre da Silva, inscrito na relação dos
princesenses ilustres.
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