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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

ALOYSIO PEREIRA LIMA


Hoje, 23 de fevereiro de 2023, se vivo fosse, o médico princesense e ex-deputado estadual por várias legislaturas, Aloysio Pereira Lima, estaria completando 100 anos de idade. Em face dessa efeméride, este Blog, presta homenagem, através de um sucinto perfil biográfico, a essa personalidade, que foi um grande vulto da nossa municipalidade. 

ALOYSIO PEREIRA LIMA nasceu em Princesa, em 23 de fevereiro de 1923. Era filho do coronel José Pereira Lima (1884-1949) e de dona Alexandrina Pereira Lima (dona “Xandú”) (1897-1991). Casou-se, em primeiras núpcias, com dona Denise Carneiro Pereira, em 24 de dezembro de 1949, com quem teve os filhos: José Pereira Neto; Simone (que faleceu ainda jovem) e Gláucia. Mais tarde, já em idade avançada, contraiu matrimônio, em 07 de outubro de 2009, com Natércia Suassuna Dutra, de quem se separou em 2012. Logo cedo, ainda criança, Aloysio Pereira teve de passar por sérias provações. Com a eclosão da “Guerra de Princesa” e a consequente “Revolução de 1930”, após ter seu pai, o coronel Zé Pereira, passado à condição de foragido da polícia e do exército, passou a residir, juntamente com sua família, na vizinha cidade pernambucana de Flores, onde iniciou seus estudos fundamentais. Logo se transferiu com sua mãe e sua única irmã, Luiza Pereira Lima, mais conhecida por “Luizinha”, para a cidade do Recife. Fez o curso primário, em regime de internato, no Colégio “Nóbrega” e, o colegial, no Colégio “Americano Batista”. O curso pré-universitário, que concluiu em 1940, fez no Colégio “Oswaldo Cruz”. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, em 1943, concluindo esse curso em 11 de dezembro de 1948 quando colou grau como médico. Em 1949, foi nomeado assistente técnico da direção do Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro, onde também ocupou, em 1950, a chefia do Serviço de Arquivo Médico e Estatístico. Em 1949, perdeu seu pai que faleceu, em Recife, vítima de septicemia aguda provocada por apendicite.

Incursão na política

Com a morte do pai, líder político da região de Princesa, Aloysio passou a cuidar da política auxiliando seu cunhado (irmão de sua esposa Denise) e então deputado federal, Alcides Vieira Carneiro. Candidatou-se, pela primeira vez, em 1958, a deputado estadual sendo eleito e reeleito, sucessivamente, em 1962 e 1966. Em 1970, não pleiteou a reeleição para a sua quarta legislatura quando deixou, a atividade política, temporariamente, voltando a atuar na medicina. Em 1979, foi convidado pelo então governador da Paraíba, Tarcísio de Miranda Burity, para ocupar a Secretaria de Saúde do Estado. Nesse cargo, trouxe para sua Terra a grande obra que foi o Hospital Regional de Princesa Isabel e, num gesto de desprendimento político-eleitoral, entregou aquele nosocômio para ser administrado pela antiga FSESP – Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública. No início do ano de 1982, teve de afastar-se da Secretaria de Saúde, a título de desincompatibilização, para concorrer, mais uma vez, ao cargo de deputado estadual. Eleito, exerceu sua quarta legislatura, sendo reeleito em 1986. Em 1990, pleiteou pela última vez um cargo eletivo, quando ficou na primeira suplência de deputado estadual, vindo a assumir quase a totalidade do mandato. Como parlamentar à Assembleia Legislativa do Estado, assumiu por dois anos, o cargo de Primeiro Secretário daquela Casa.

CAPA DO LIVRO DE ALOYSIO PEREIRA

Obras e serviços

Durante o exercício dos cargos que a política lhe concedeu, Aloysio Pereira, trouxe vários benefícios para Princesa, em termos de obras e serviços. Além do Hospital acima mencionado, trouxe para a sua terra: o Hotel Princesa (hoje em ruínas); O Conjunto Habitacional que hoje leva o seu nome; a 16ª CIRETRAN; concessão da Rádio Princesa; Escola Estadual “Ministro Alcides Carneiro”; Escola Agrotécnica; estrada Taperoá/Princesa; dentre outras obras de menor monta. Ninguém pode negar que o deputado princesense foi um amante de sua terra. Além de sua constante presença física em Princesa, Aloysio, sempre que se apresentava uma oportunidade, carreava recursos para a execução de obras no município e em algumas cidades da região. Temperamental que era, peitava até governadores quando via contrariados os interesses da região que representava.

O homem

Aloysio Pereira foi um político dinâmico, porém, de difícil convivência, pois, dono de temperamento forte. Enquanto vivo e atuante, comandou o partido com mão de ferro. Nesse mister, sempre teve o auxílio imprescindível de seu cordato cunhado (casado com sua irmã Luizinha), Luiz Gonzaga de Sousa, mais conhecido como Gonzaga Bento. Este, que foi prefeito de Princesa por três mandatos, era o para-choques de Aloysio. Era Gonzaga quem apagava o fogo ateado por Pereira quando este se sentia contrariado. Depois do exercício do último mandato de deputado estadual, Aloysio Pereira, demonstrou interesse em concorrer à Prefeitura de Princesa (sonho há muito por ele acalentado), porém, foi desestimulado por Gonzaga Bento que invocou um acordo tácito firmado entre os dois: Aloysio era, na família, talhado para o exercício de cargos legislativos e, Gonzaga Bento, para o executivo. O velho não ficou muito satisfeito, mas acatou a posição do marido de sua irmã.

Contundente em suas posições políticas, Aloysio Pereira, empreendeu grandes embates com os da família “Diniz”. Da tribuna da Assembleia Legislativa do Estado, aos palanques eleitorais e, mais tarde, através dos microfones da “Rádio Princesa”, fazia fortíssimos pronunciamentos contra seus adversários políticos e também com relação a correligionários que descumprissem sua orientação, a exemplo de sua briga feroz com o então prefeito e correligionário, Assis Maria, no final do ano de 1998, quando este apoiou candidato a deputado diferente do que ele [Aloysio] recomendou.

Malgrado a violência dos embates, logo os ânimos serenavam e tudo voltava ao normal. Até com os adversários, Pereira tergiversava, pois, mesmo brigando com os “Diniz”, participou com eles de várias composições político-eleitorais: em 1950, ambos apoiaram a candidatura de José Américo de Almeida para governador do Estado e, em 1972, fizeram um acordo que resultou numa pacificação política quando lançaram um nome comum: Francisco Sobreira Duarte, como candidato único à prefeitura de Princesa, com o apoio das duas facções “rivais”. Era assim; quando os interesses políticos exigiam, os dois contendores políticos se uniam, circunstancialmente, e, depois, brigavam de novo para manterem o eleitorado sob seu cabresto.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: RIALTOAN ARAÚJO; ZÉ NOMINANDO; CHOTA E ALOYSIO PEREIRA.

O memorialista e conciliador

Deixando de lado a militância política, já no fim da vida, resolveu o ex-deputado, lançar um livro de memórias, o que fez em 2013, mandando às livrarias, a obra: “Eu e meu pai o coronel JOSÉ PEREIRA – 1930 – O Território Livre de Princesa” – Ideia – 2013 - João Pessoa/PB. Mesmo sem mais disputar cargos eletivos continuou, Aloysio, emprestando apoios a candidaturas de deputados, senadores e governadores escolhidos por seu partido e fazendo, como sempre fez em Princesa, ferrenha oposição ao grupo político liderado pela família Diniz. Em 2012, desentendeu-se politicamente com seu sobrinho-neto, o ex-prefeito Thiago Pereira, quando apoiou candidatura à prefeito de Princesa diferente da acolitada pelo ex-prefeito. A partir daí, não se uniram mais. A última campanha eleitoral da qual Aloysio participou, foi a de 2016 quando apoiou a candidatura do atual prefeito Ricardo Pereira do Nascimento.

Mesmo tendo, em sua longa existência, se digladiado, ferozmente, nos palanques eleitorais, com os da família “Diniz”, em 18 de novembro de 2011, se confraternizou (foto acima), na Câmara Municipal de Princesa, com José Nominando Diniz, filho de seu maior adversário político, Antônio Nominando Diniz. Meses depois, num encontro, em um shopping center, em João Pessoa, Aloysio cumprimentou o conselheiro do TCE/PB, Antônio Nominando Diniz Filho (Totonho). Faleceu, aos 95 anos de idade, na cidade de João Pessoa, em 24 de maio de 2018. Em sua homenagem, existe em Princesa um Conjunto Habitacional; uma Rua; uma Quadra Poliesportiva e um Centro de Especialidades em Reabilitação, que levam seu nome. Aloysio Pereira, é também o patrono da cadeira nº 04 da Academia Princesense de Letras e Artes – APLA. Por iniciativa de seu filho, José Pereira Lima Neto, foi construído um prédio, em Princesa (com recursos próprios), para abrigar o “Memorial Pereira Lima” que guarda, para conhecimento público: documentos, fotografias, pertences particulares de Aloysio e da família Pereira, o que tem o condão de resgatar a memória deste que foi, sem dúvida, um dos filhos mais ilustres de Princesa.



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