A primeira sala de Cinema de Princesa foi instalada ainda na década de 1920, por um princesense chamado Belisário Florentino. A chamada “Sétima Arte” (termo cunhado em 1912 pelo italiano Ricciotto Canudo 1877-1923), que chegou ao Brasil em julho de 1896 aqui se instalou para divertir a todos. No início dos Anos 30, o Cinema, chamado “Cine Princesa”, passou a ser administrado pelo comerciante José Ferreira Dias, mais conhecido como “Ferreirão” e, a partir dos Anos 50, pelos frades Carmelitas, sob a coordenação de frei Alberto Carneiro Leão que mudou o nome para “Cine Santa Maria”. Nesse tempo, havia somente o salão e a tela; as cadeiras ou tamboretes tinham de ser conduzidos pelas pessoas que iam assistir às películas. No início da década de 1970, o cinema foi transferido da Praça Epitácio Pessoa para a Rua Coronel Marcolino, sendo estabelecido em um prédio moderno, em construção apropriada para tal, dotado de equipamentos modernos, a exemplo da tela de 35 mm., chamada à época “cinemascope”. A partir daí, as pessoas deixaram a obrigação de levar as cadeiras para o cinema, pois, o novo imóvel era dotado de confortáveis poltronas acolchoadas. Além disso, possuía também, o prédio, banheiros, confeitaria, portas distintas de entrada e de saída, iluminação própria, cabine para projeções, etc. O operador das apresentações cinematográficas era o inteligente técnico Expedito Leandro de Carvalho, mais conhecido por “Tozinho”. Os rolos de filmes vinham da cidade do Recife, transportados pela composição do trem que fazia a linha Recife/Salgueiro e, toda semana, frei Alberto mandava o motorista do Convento para recolher as fitas na estação do trem, na cidade vizinha de Flores/PE.
As exibições
Nos dias de exibições, que ocorriam as terças e
quintas-feiras e também aos sábados e domingos, muitos acorriam para assistir aos
filmes que eram – no mais das vezes -, de ação, comédia, bang-bang (faroeste),
ou religiosos. Raramente se exibiam os chamados “Filmes de Amor”, uma vez que
os padres não o permitiam a pretexto de evitar estarem promovendo atentado ao
pudor. Porém, quando escapava alguma película que envolvia cenas menos ardentes
em que ocorriam singelos beijos na boca, frei Alberto mandava Tozinho extirpar
aquela parte da película. Vários filmes foram exibidos no Cine Santa Maria,
causando grande sucesso de público, a exemplo de: “O Gordo e o Magro”; “Os Três
Patetas”; “...E o Vento Levou”; “Ben-Hur”; “Os Dez Mandamentos”, dentre outros.
Porém, os filmes de maior rentabilidade para os padres, eram: “O Nascimento de
Jesus”; “A Paixão de Cristo” e, “Os Milagres de Loredo”. Esses três rolos
pertenciam a frei Alberto e eram exibidos todos os anos, em várias sessões, por
ocasião da semana do Natal e da Semana Santa. Esses filmes eram de péssima
qualidade, tanto pela idade das fitas quanto pelas condições em que foram
produzidos. Eram mudos e com movimentos muito rápidos. É tanto que, as pessoas
mais velhas, ao assistirem à cena da fuga de São José e Nossa Senhora - da
Judeia para o Egito -, ficavam temerosas de que o Menino Jesus caísse da lua da
cela do jumento que o transportava juntamente com o pai. O chamamento para as
exibições cinematográficas era feito através do som de uma difusora acoplada no
teto da rural de “Toinho de Frade”, sob a locução do jovem Richomer Barros.
THE END
No início da década de 1980, com o advento da Televisão em
Princesa, a “telinha” substituiu o telão do Cine Santa Maria, que entrou em
franca decadência pela diminuição de público interessado em pagar para ver as
imagens em movimento que poderiam ser vistas, confortavelmente, em casa e com
muito mais qualidade. Com isso, o cinema de Princesa perdeu adeptos, vindo a
fechar suas portas no final de 1981, passando a funcionar em seu prédio, uma
loja de eletrodomésticos e, hoje, após total reforma está instalada, no local
do antigo Cine Santa Maria, a loja de roupas da “Moda K”. Achei interessante
elaborar esta matéria que vai veiculada agora neste Blog, com o intuito de
fazer saber aos nossos jovens, que Princesa já teve muitas coisas que não tem
mais e aos mais velhos, para lembrarem-se – com saudade – daquela Casa de
Projeções onde muitos namoros nasceram, muitos beijos na boca rolaram e outras
coisas mais...
Nenhum comentário:
Postar um comentário