Yeshua é o nome de Jesus em aramaico, que significa Josué,
filho de José. Cristo, significa “Ungido” ou, por metonímia, o Crucificado.
Figura inspiradora das religiões cristãs, Jesus Cristo - mesmo não havendo
comprovação histórica de sua existência, é ele o símbolo maior da mais
importante confissão de fé do Planeta. O culto a Jesus teve início logo após a
sua morte por crucificação, há quase dois mil anos, sendo, nos primórdios,
professado clandestinamente. Na verdade, o cristianismo começou a se organizar
como religião, após a conversão de Paulo de Tarso, soldado romano, entre 33 e
35 d.C. Todavia, somente no século IV, com a conversão do imperador romano,
Constantino, ao cristianismo, tornou-se a religião cristã, culto oficial de
Roma, cessando as perseguições. Anos depois da morte de Jesus, foram escritos
os chamados Evangelhos, pelos discípulos Marcos, Mateus, Lucas e João.
Desaparecidos por longo tempo, alguns desses escritos foram encontrados e, já
organizada, a Igreja Católica, esta selecionou os que lhes interessavam e os
tornou o guia oficial da maior religião cristã no mundo.
De acordo com os Evangelhos, Jesus tinha discípulos que lhes
acompanhavam em suas andanças e pregações. Mesmo depois da seleção feita pela
igreja romana sobraram, nas chamadas Escrituras Sagradas, sutis referências a
uma figura feminina: Maria Madalena. No entender de alguns estudiosos da
religião, essa criatura era também uma discípula de Jesus, e única mulher que
privava de sua intimidade; por isso, tida até como amante ou esposa do Messias.
Para essa dedução, baseiam-se, os historiadores, no fato de que, naquela época,
os homens judeus não podiam ser tocados senão por suas mulheres e, em várias
partes das Escrituras Sagradas, há relatos de contatos físicos entre os dois,
Jesus e ela, numa comprovação de algum achegamento.
De acordo com o Velho Testamento, as mulheres eram seres
inferiores e nocivos: “A mulher é mais amarga do que a morte –
Eclesiastes 7:26-28”. O revolucionário Jesus, mudou tudo. Aceitou uma
mulher [Madalena] no seu meio e as defendeu publicamente: “Quem não tiver pecado, atire a
primeira pedra”. Maria Madalena é o nome de mulher mais citado por
Jesus no Novo Testamento. Para muitos dos que estudam os primórdios do
cristianismo, Madalena pode ter sido uma liderança importante e ter contribuído
muito para a formação da religião, após a crucificação. O assunto sexo sempre
foi um tabu para a Igreja Católica e, desde a instituição do celibato para os
clérigos - o que foi decretado pelos dois Concílios de Latrão (1123 e 1139),
mulheres foram praticamente banidas do interior dos conventos e passaram a ter
um papel meramente decorativo nas coisas da Igreja. Quanto aos padres, foi-lhes
imposta a castidade obrigatória, ou seja, um ato arbitrário e conservador em
detrimento dos desejos dos outros que, ao mesmo tempo, transformou-se num
incentivo à hipocrisia e à prática desenfreada do homossexualismo no seio da
religião católica romana. Mas isso é outra história.
Quanto a Madalena, para a Igreja Católica, a partir do século
VI, em face da Bula exarada pelo Papa Gregório Magno, ela foi tornada uma
pecadora e banida da congregação cristã. Desde aí, ao longo dos séculos
seguintes, em obediência à determinação pontifícia, Madalena era sempre citada
como cortesã e prostituta. Durante esse tempo, a Igreja, que sexualizava tudo
quando cuidava dos fiéis apenas da cintura para baixo, escondeu a importância
dessa mulher tentando desconstruir sua contribuição para a organização da
própria instituição católica. Em tempos recentes, no afã de mudar para
continuar do mesmo jeito, a Igreja, pôs de lado a infalibilidade papal -
instituída pelo Papa Pio IX no Concílio Vaticano I -, para atender interesses
circunstanciais, quando agora, o Papa Francisco, em 2016, canonizou a polêmica
figura feminina, com o título de Santa Maria Madalena. Para muitos católicos,
esse pode ter sido um forte recado da Igreja, quanto à possibilidade da
inserção das mulheres em postos importantes dessa instituição cristã ou, por
outra, admitir que uma mulher foi também protagonista na construção daquela
instituição.
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