Amanhã, 28 de julho completam-se 86 anos da morte do
cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido por Lampião. Foi na
madrugada chuvosa de uma quinta-feira na grota da fazenda “Angicos”, às margens
do Rio São Francisco, no município de Poço Redondo no Estado de Sergipe -
quando acabara de completar 40 anos de idade – que foi morto o famigerado “Rei
do Cangaço”.
Nascido em 04 de junho de 1898 na Zona Rural da então Vila
Bela (atual Serra Talhada/PE), o cangaceiro mais emblemático do Nordeste era filho
de José Ferreira dos Santos e de Maria Sucena da Purificação e casado com a
baiana Maria Gomes de Oliveira que nasceu em 08 de março de 1911 e faleceu na mesma
ocasião junto com seu companheiro. A consorte de Lampião era conhecida como
“Maria de Déa” e consagrada para a história do Cangaço Brasileiro pelo codinome
“Maria Bonita”.
Em constante fuga das polícias de oito dos nove Estados
nordestinos (à exceção do estado do Maranhão, onde nunca esteve), Lampião se
escondia sempre sob o amparo de “coiteiros” que lhes davam guarida, nem sempre
por amizade mas, muitas vezes por temor. Desta feita, o “Rei do Cangaço” se deu
mal, pois, quando traído por um de seus protetores - um coiteiro chamado Pedro
de Cândido, encontrou a morte.
Na noite de 27 de julho daquele ano de 1938, Lampião, após
rezar o “Rosário da Mãe de Deus”, recolheu-se à sua barraca juntamente com sua
mulher “Maria Bonita”, beijou os bentinhos de Nossa Senhora do Carmo e
preparou-se para dormir. Como se estivesse a adivinhar, naquela noite, Lampião
não quis participar das diversões, sequer tomou sua bebida preferida, o
conhaque.
Em que pese haver um dos cangaceiros montando guarda no topo
de uma pedra, o cabra, estranhamente, não foi capaz de identificar – já na
madrugada do dia 28 -, a aproximação da volante da polícia de Alagoas, chefiada
pelo tenente João Bezerra.
Surpreendidos com o ataque fulminante, alguns cangaceiros
conseguiram fugir. Porém, Lampião, que já havia escapado da morte várias vezes
- uma delas aqui perto de Princesa (nas imediações do Povoado de “Patos de
Irerê”) - não conseguiu fugir, tampouco defender-se e foi morto por vários
disparos de fuzis e de rifles desferidos pela polícia alagoana.
Morto o chefe maior do Cangaço Nordestino, encerrou-se um
ciclo de violência nas caatingas da nossa região que, por sua antológica
performance, ficou inscrito nos anais da história do Brasil. Após o extermínio
de parte do bando do cangaceiro de maior destaque no Nordeste brasileiro suas
cabeças foram decepadas e exibidas nos degraus da igreja Matriz da cidade
alagoana de Piranhas e depois nas cidades de Maceió e Salvador. Essas cabeças
passaram alguns anos num Museu na capital baiana e, em 1969, atendendo apelos
da filha do Rei do Cangaço, Expedita, as cabeças de Lampião e de Maria Bonita
foram sepultadas em local não identificado.
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