Lembrando o adágio popular que diz: "Dois bicudos não se beijam", nem sempre essa regra é verdadeira. E quando a aplicamos na política observamos que, as vezes, dá certo, outras, não. Com o instituto da reeleição para cargos majoritários (presidente, governador e prefeito), tudo mudou na relação entre as lideranças políticas, principalmente no tocante aos cargos de prefeitos. Na pequenas cidades do interior os prefeitos são eleitos (às vezes com dificuldades) e reeleitos quase que com certeza.
Fazem-se lideranças, mas têm de ceder o lugar para um outro após oito anos de mandato. É aí que mora o problema. Oito anos é muito tempo e vicia o cidadão. Geralmente, no final do segundo mandato, os prefeitos resistem em largar o saboroso osso e, via de regra, ungem um preposto para esquentar o ninho e lhe devolverem o cargo após meros quatro anos. Quando a liderança sainte é forte, a coisa dá certo. No entanto, quando a "liderança" entrante tem sangue no olho e decide concorrer à reeleição, criador e criatura brigam, o rompimento político acontece e o resultado desse frágil "casamento" é se digladiarem nas urnas cada um por si.
Exemplos recentes não faltam: em Tavares e em Juru, por exemplo, os criadores reivindicaram de volta o trono, as criaturas não se desaconchegaram e, o resultado foi resolvido nas urnas. Nesse caso, as criaturas, além de bem avaliadas, usando o poder da máquina administrativa, enfrentaram seus antigos chefes e levaram a melhor: foram reeleitos. Raros são os casos em que acontece o contrário, pois, é sabido que a liderança é fruto do poder e que, na política, ninguém ama ninguém, o que fala mais alto são os cargos e os benefícios proporcionados pelas fartas verbas.
Normalmente, são bicudos que se fazem de amantes, mas não se beijar. São várias as situações em que o desgaste se processa de forma lenta, porém constante. Exemplos são muitos. Em Flores/PE, o prefeito eleito sob as bênçãos do anterior é obrigado a fazer o dever de casa sob a orientação do ex. Em Carnaíba/PE, o atual prefeito, que é primo do antecessor, já bota as unhas de fora em desagrado ao chefe. Nesses dois casos, os bicudos não estão se beijando. Já em Princesa, os bicudos se beijam de língua quando não se vislumbra mudança alguma. Aqui, o prefeito de direito é apenas um retrato pendurado na parede e quem manda é o ex, sem nenhuma solução de continuidade.
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