Para o nosso complexo de vira-latas, parece que não tem jeito
mesmo. Completaram-se, semana passada, dois anos do rumoroso caso do
assassinato do negro americano, George Floyd, quando foi morto, asfixiado, pelo
joelho de um militar branco. Lá nos Estados Unidos, o assassino e ex-militar
foi preso e condenado, por um Tribunal do Júri, a cumprir 22 anos e meio de
prisão. Por conta daquele crime, todo o país (EUA) levantou-se em protestos
contra tal ignomínia que reuniu, além de extrema violência, exacerbado racismo.
Aqui no Brasil, em nosso “viralatismo”, ao invés de tomarmos
aquilo como exemplo para coibir esse tipo de comportamento, não, o adotamos
como praxe. Semana passada, a Nação inteira viu, pela televisão, o assassinato
de um doente mental, o sergipano Genivaldo Jesus dos Santos que, por estar numa
motocicleta, sem capacete, foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária
Federal, que o imobilizaram com o joelho em seu pescoço e, como se não
bastasse, depois de amarrá-lo em mãos e pés, jogaram-no no camburão de uma
viatura e dispararam uma bomba de gás lacrimogênio.
Genivaldo morreu na hora. Seus assassinos, porém, continuam
soltos e sem punição alguma até agora. Mesmo diante da evidência desse
assassinato (o que foi presenciado por todo o país), a Polícia Federal continua
investigando para comprovar o que é um fato comprovado. Anteontem (1º), um homem
negro foi abordado por agentes da Guarda Civil Metropolitana da cidade de São
Paulo, derrubado ao chão e, de novo o joelho entrou em ação quando um dos
agentes que o atacaram, o imobilizou com o joelho em seu pescoço e, tudo indica
que, para incriminá-lo, forjaram até um flagrante de porte de drogas.
Exonerados do papel que lhes cabe - que é o de defender a
sociedade -, alguns policiais irresponsáveis extrapolam em suas funções e
matam. Urge que sejam implantadas câmeras corporais, nos fardamentos de todos
os policiais, para que possamos nos defender da violência de alguns. Guardas
Municipais, não devem exercer o papel de polícia, eles existem para defender o
patrimônio público e proteger a sociedade. Enquanto o Brasil, inerte, não se
indigna com essa situação, a OEA e a ONU, já apresentaram protestos formais e
pedidos de providências para que os culpados sejam punidos. Um morreu e, o
outro, escapou por um triz, graças aos populares que estavam filmando a cena de
violência
São duas situações de violência extrema, que aconteceram num
espaço de tempo de apenas uma semana. Uma em Sergipe e outra em São Paulo. E, o
Brasil, calado. As autoridades “investigando” e, os negros e demais minorias,
esperando sua vez. É a banalização da violência, mesmo porque, nem o bom
exemplo, as autoridades se preocupam em dar. Enquanto dois negros estavam sendo
vítimas dessas violências – um deles pelo simples fato de estar numa
motocicleta sem usar capacete -, o presidente da República participava de
motociatas eleitoreiras, também sem capacete, e nada aconteceu com o chefe da
Nação. É aquela máxima que diz: quem pode, pode e, quem não pode, se sacode.
Agora, que o “joelho no pescoço” virou moda, os tai-de-faca que se cuidem.
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