ODE

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Repentes Memoráveis XXXVII

Extraído da composição “Cangaceiro Meia-Noite”, da lavra do poeta princesense Erenilson Bezerra, mais conhecido como “Rena”, reproduziremos aqui algumas estrofes daquele trabalho que versam sobre a morte de um dos cangaceiros mais famosos do bando de Lampião.

A mando do coronel José Pereira Lima, Manoel Lopes Diniz, mais conhecido como “Ronco Grosso”, enquanto levava comida para o facínora, assassinou Meia-Noite no sítio Tataíra (hoje pertencente a Manaíra) em meados da década de 20. Assim descreveu, o nosso cordelista, o fato como aconteceu:

Aí foi quando Zé Pereira

Disse com exatidão,

Que queria ele morto

Para cumprir uma missão,

Punindo quem destruiu

Quem saqueou, invadiu

Sousa no alto Sertão

 

E Meia-Noite na hora

Falou sem titubear:

- Obrigado pela comida

Eu não quero mais jantar,

Veja o que o destino fez

Eu confiando em vocês

E vieram me matar!

 

Nisso o negro descuidou-se

Quando os dois fingem partir,

Botou a arma de lado

Pensando nada existir,

Só que era tarde demais

Ronco Grosso foi sagaz

Virou-se pra lhe atingir

 

Não tinha como escapar

A descarga foi certeira,

No corpo de Meia-Noite

Que ali ficou na pedreira

Ronco Grosso quem o fez

Pra servir mais uma vez

Ao coronel Zé Pereira

 

Deixaram o seu corpo lá

Enterrado numa cova,

Já tava pronto o serviço

Fizeram bem a desova,

Em meio àquele escarcéu

Levaram pro coronel

As orelhas como prova

 

DSMR, em 13 de julho de 2023.

 

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