Não se trata de questionar sobre a necessidade e o direito de
o apresentador televisivo, Fausto Silva, receber um novo coração. Mesmo assim,
instalou-se uma polêmica em torno da celeridade em que Faustão foi beneficiado
com o transplante de coração, enquanto tantas outras pessoas, menos conhecidas,
pobres ou não famosas, continuam na fila de espera, conformadas apenas com o slogan que diz: “Doe órgãos, doe vida”.
Mais grave do que esse questionamento é sabermos que existem
três projetos de lei tramitando, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado
Federal, há mais de cinco anos, que tratam da regulamentação de transplante de
órgãos no Brasil, sem movimentação alguma. Enquanto Faustão estava entre a vida
e a morte, os grandes veículos de comunicação trouxeram o problema à baila e
noticiaram demais sobre o assunto.
Agora, com o famoso e rico apresentador com seu problema
resolvido – o que não é culpa dele -, suspeita-se que nada mais se falará sobre
a falta de interesse dos deputados e senadores em votarem essas leis que tornam
todos os brasileiros doadores em potencial, o que poderia salvar muitas vidas. Nada
garante que o assunto continue na crista da onda porque, o interesse da mídia,
agora, arrefecerá.
Esse é um assunto da maior relevância porque se trata de
vidas humanas que estão sendo perdidas por falta de uma simples providência por
parte das autoridades por nós escolhidas. Quem não tem um parente ou um amigo
na fila de espera para receber um novo órgão que lhes pode salvar a vida? E
quantos não são os que morrem precocemente e bem poderiam ser doadores mas, não
o são, porque a lei proíbe. Com a palavra os homens de Brasília.
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