ZACHARIAS SITÔNIO
ZACHARIAS SITÔNIO E SUA
ESPOSA DONA HERMOSA PEREIRA SITÔNIO
ZACHARIAS SITÔNIO era filho de José Francisco da Silva
Sitônio e de dona Rita Cardoso Sitônio. Nasceu aos 24 de novembro de 1909, no
povoado pernambucano de Jericó, pertencente ao município de Triunfo. Mesmo não
havendo nascido em Princesa, foi aqui que foi criado desde tenra idade e
afirmava sempre ser princesense. Segundo sua filha Mariângela, o nosso
biografado “considerava a sua aldeia o
mundo. E que Princesa era a melhor e a mais bonita terra da Terra”. Casou-se
com dona Hermosa Pereira Góes Sitônio, com quem teve as filhas – todas nascidas
em Princesa: Marta; Maria Ângela e Margareth. Aos 10 anos de idade,
matriculou-se na escola do professor Adriano Feitosa Cavalcanti, onde foi aluno
da professora Herondina Wanderley. Terminou o curso primário em 1924, um pouco
antes da inauguração (1926) do Grupo Escolar “Gama e Melo”. Foi essa a formação
de Zacharias Sitônio. Porém, muito inteligente e afeito à leitura, mesmo sem instrução
formal tornou-se autodidata adquirindo ilustrada formação intelectual. Homem
pacato, honesto, educado, de temperamento afável e por demais cordato foi visto,
mais tarde, pelo grande tribuno princesense, Alcides Vieira Carneiro, como
talhado para a atividade política.
Notário, Empresário e Intelectual.
Em 1936 Zacharias Sitônio foi nomeado, pelo Governo do
Estado, para o cargo de Partidor do Juízo do termo da Comarca de Princesa,
cargo que ocupou até 1939. Nesse ano foi nomeado Tabelião Público e Escrivão,
exercendo o cargo até sua aposentadoria em 1959. Entre 1960 e 1961 tornou-se
Diretor do Departamento de Assistência ao Cooperativismo do Estado da Paraíba. Além
dos cargos públicos que ocupou com excelente desempenho, o nosso biografado
atuou também na área privada da indústria e da comunicação. Na iniciativa
privada, integrou as empresas TEONE: foi diretor do Moinho Teone, diretor do
Jornal “Correio da Paraíba”; diretor fundador da “Rádio Correio da Paraíba”
(que deu origem ao atual Sistema Correio.). Na qualidade de intelectual, foi
membro do Grupo Literário “Joaquim Inojosa”, fundado em Princesa e que, em
1925, aderiu ao movimento de renovação literária e artística, iniciado com a
Semana de Arte Moderna de 1922, tendo sido signatário do Manifesto de Adesão ao
Movimento Modernista, juntamente com Emygdio de Miranda; José Cipriano Maracajá;
Manuel Monteiro Domingos; José Vieira de Melo; João Maximiano dos Santos;
Manoel Francelino de Souza; Renato de Freitas; Epaminondas Monteiro Diniz;
Cláudio Pinheiro Santos; Manuel Lima e Belarmino Medeiros. Ainda na iniciativa
privada, promoveu a publicação de importantes obras literárias de escritores
paraibanos pela Editora Teone.
ZACHARIAS SITÔNIO TOMANDO POSSE COMO
PREFEITO DE PRINCESA EM 1951.
Político e Administrador
No início do ano de 1951, os próceres do PSD – Partido Social
Democrático se reuniram - já órfãos da presença do coronel José Pereira Lima,
que havia falecido em 13 de novembro de 1949 - sob a liderança do então
deputado federal Alcides Carneiro e do médico e filho do coronel Zé Pereira,
Aloysio Pereira Lima, com o fito de escolher um nome para disputar as eleições
municipais daquele ano, para o cargo de prefeito. Sem muitas delongas, a
preferência recaiu sobre o nome do Tabelião Zacharias Sitônio. Este, admirado
por Alcides, topou a parada e foi ungido candidato do partido, tendo como seu
companheiro de chapa, para disputar como vice-prefeito, o também intelectual, Belarmino
Medeiros. Foram às urnas, numa disputa acirrada, uma vez que a agremiação
adversária entronada no poder, sob a égide do então prefeito Nominando Muniz
Diniz (“seu” Mano), se apresentava bastante fortalecida. O partido nominandista, PL – Partido Libertador,
apoiou os nomes do médico Severiano dos Santos Diniz para prefeito e o do então
vereador Benedito Lima para vice-prefeito. Mesmo concorrendo numa campanha
muito dura, Zacharias saiu vitorioso obtendo 348 votos de maioria. O resultado
foi questionado na Justiça pelos opositores, porém, numa recontagem dos votos,
a vitória da chapa Sitônio/Medeiros foi confirmada. Prefeito, Zacharias fez uma
boa administração. A despeito dos parcos recursos disponíveis, realizou algumas
obras importantes, dentre elas – segundo relata o ex-vereador e escritor
aguabranquense, Luís Nunes Alves -, a total recuperação da estrada carroçável que
liga Princesa a Teixeira, em toda a extensão do município, facilitando assim os
deslocamentos e a comunicação no âmbito municipal, entre a sede e seus distritos
e povoados. Teve também, Zacharias Sitônio, atuação no campo da educação e da
cultura. Recuperou a Banda Marcial “José Pereira Lima”; criou uma Escola de Música
e construiu escolas em todos os Distritos que não possuíam estabelecimentos de
ensino. Mesmo ocupando ainda o cargo de prefeito, Zacharias candidatou-se ao
cargo de deputado estadual nas eleições de 1954. Não logrou êxito nas urnas,
ficando na 5ª Suplência. Porém, com a vacância de algumas cadeiras na
Assembleia Legislativa, o ex-prefeito assumiu o cargo de deputado no período de
1956 a 1957.
Eleição questionável
Em 1959, Zacharias Sitônio foi novamente convocado pelo
partido (PSD) para disputar a eleição para prefeito no pleito daquele ano.
Desta feita, teve como seu companheiro de chapa, concorrendo ao cargo de
vice-prefeito, o genro do coronel Zé Pereira, Luiz Gonzaga de Sousa, mais
conhecido como Gonzaga Bento. Nessa eleição, o ex-prefeito teve como
concorrentes, indicados pelo então prefeito Nominando Muniz Diniz, pelo PL, o
comerciante Antônio Maia de Oliveira para prefeito e o senhor Manoel Severo
(Vereador representante do Distrito de Manaíra) para o cargo de vice-prefeito.
Nessa disputa, o nosso biografado, se recebeu total apoio de seu partido, o
mesmo não ocorreu com relação à sua família. Desiludida da política e mais
preocupada com o encaminhamento educacional das filhas, dona Hermosa Sitônio
postou-se contrária à candidatura do marido, porém, impotente quanto à
possibilidade de fazê-lo desvanecer desse intento, resolveu, por conta própria,
mudar-se com suas três filhas, para a capital paraibana. Mulher resoluta tomou
a decisão e já no início do ano mudou-se para João Pessoa. Zacharias, a partir
daí, passou a dividir sua residência entre Princesa e a capital do Estado.
Mesmo sem a presença da esposa, tocou a campanha que é conhecida, até hoje,
como a disputa eleitoral mais acirrada da história de Princesa. Após uma
campanha – embora incruenta -, contida de episódios violentos, aconteceu a
eleição em 02 de agosto de 1959. Apuradas as urnas - após denúncia de fraude
eleitoral, impetrada pelo candidato do PSD e que foi, estranhamente, ignorada
pela Justiça Eleitoral -, foi proclamado o resultado que deu a vitória a
Antônio Maia, com uma diferença de apenas 13 votos. Para aumentar as suspeitas
de fraude, o candidato a vice-prefeito, Gonzaga Bento do PSD (nesse tempo a
votação para prefeito e vice era feita em chapas separadas), em que pese a
derrota do titular, foi eleito, derrotando Manoel Severo, do PL. Mesmo com a
derrota, Zacharias Sitônio não desistiu da militância política, pois, já em
1963 - numa inversão da chapa concorrente em 1959 -, candidatou-se como
postulante ao cargo de vice-prefeito da chapa encabeçada pelo então
vice-prefeito Gonzaga Bento. Desta feita, obtiveram êxito, quando, numa
campanha antológica, derrotaram o decano do grupo nominandista o “imbatível”, “seu”
Mano.
O fim
Após essa disputa, Zacharias Sitônio abandonou a política
passando a morar definitivamente, junto à sua família, em João Pessoa. Porém,
nunca se esqueceu de sua querida Princesa e, sempre que podia, estava a passear
pela cidade que tanto amou. Certa vez, este que escreve já interessado em obter
informações sobre a história de Princesa, abordou “seu” Zacharias numa das ruas
da cidade o inquirindo por informações sobre a “Guerra de Princesa”, ao que o
ex-prefeito e ex-deputado princesense respondeu quase a sussurrar: “Aqui aconteceram coisas que não podemos
relatar, sob pena de sermos queimados na fogueira. Ainda hoje, somos impedidos
de falar para não causar mal-estares aos outros”. Lamentavelmente muitas
informações valiosíssimas foram para o túmulo junto com esse condestável
princesense de Jericó, que faleceu, aos 88 anos de idade, em 13 de maio de
1998. Exatamente hoje, se vivo fosse, estaria o nosso biografado, completando 110
anos de nascimento. Em sua homenagem, uma das ruas da cidade leva seu nome. Por
tudo que representou para Princesa, está Zacharias Sitônio reconhecido como um
dos filhos mais ilustres desta Terra.
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