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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Reeleição é mesmo o instituto da discórdia

Desde o estabelecimento da reeleição para cargos executivos no Brasil - inserido na Constituição Federal em 1998 para conceder mais um mandado ao presidente Fernando Henrique Cardoso -, de lá pra cá, as disputas eleitorais passaram a ser mais uma disputa interna dos partidos, em que criadores se veem traídos por criaturas e, em consequência disso, rompimentos aos montes têm acontecido nos seios partidários. Desde então, acabou-se a paz e a concórdia, estabelecendo-se a discórdia, o cada um por si e o “salve-se quem puder”.

Se atendo à nossa região, começamos por Princesa. Aqui, durante longos 18 anos (1982/2000), Gonzaga Bento e Assis Maria se alternaram no poder, cada um governando quatro anos em substituição um do outro. Chegada a reeleição começou a briga. Em 2000, quando Assis resolveu renovar o mandato, o ex-deputado Aloysio Pereira – que sempre alimentou a vontade de ser candidato a prefeito – discordou e rompeu com Assis Maria. Depois, vendo sem jeito de o prefeito desistir da reeleição, resolveu apoiá-lo (de araque) e Assis perdeu a eleição.

O exemplo que nós acabamos de ver nas vizinhas cidades de Tavares e Juru, dão conta dessa discórdia que tem sido, via de regra, uma constante em quase todas as cidades. Ali, os criadores abandonaram as criaturas, se candidataram contra elas e, ambos, foram derrotados nas urnas. Em face disso, ninguém se aparte de uma certeza: todo prefeito que elege seu sucessor pensa num retorno após quatro anos. Para as criaturas só resta um remédio: precaução!

Diante do perigo, faz-se necessário que o ungido se precavenha ocupando os espaços com pessoas de sua extrema confiança; construindo uma base sólida de vereadores; elegendo o presidente da Câmara Municipal e cedendo ao criador apenas as migalhas necessárias para sua sobrevivência. Parece conselhos de Maquiavel, mas é a verdade. Prefeito sem presidente de Câmara está exposto a um possível impeachment; sem base parlamentar, fica vulnerável e, o mais grave: nomear secretários por indicação do “chefe” é fácil, porém, quase impossível é tirá-los. Conselhos e caldo de galinha não ofendem a ninguém.



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