Desde o estabelecimento da reeleição para cargos executivos
no Brasil - inserido na Constituição Federal em 1998 para conceder mais um
mandado ao presidente Fernando Henrique Cardoso -, de lá pra cá, as disputas
eleitorais passaram a ser mais uma disputa interna dos partidos, em que criadores
se veem traídos por criaturas e, em consequência disso, rompimentos aos montes
têm acontecido nos seios partidários. Desde então, acabou-se a paz e a
concórdia, estabelecendo-se a discórdia, o cada um por si e o “salve-se quem
puder”.
Se atendo à nossa região, começamos por Princesa. Aqui,
durante longos 18 anos (1982/2000), Gonzaga Bento e Assis Maria se alternaram
no poder, cada um governando quatro anos em substituição um do outro. Chegada a
reeleição começou a briga. Em 2000, quando Assis resolveu renovar o mandato, o
ex-deputado Aloysio Pereira – que sempre alimentou a vontade de ser candidato a
prefeito – discordou e rompeu com Assis Maria. Depois, vendo sem jeito de o
prefeito desistir da reeleição, resolveu apoiá-lo (de araque) e Assis perdeu a
eleição.
O exemplo que nós acabamos de ver nas vizinhas cidades de
Tavares e Juru, dão conta dessa discórdia que tem sido, via de regra, uma
constante em quase todas as cidades. Ali, os criadores abandonaram as criaturas,
se candidataram contra elas e, ambos, foram derrotados nas urnas. Em face
disso, ninguém se aparte de uma certeza: todo prefeito que elege seu sucessor
pensa num retorno após quatro anos. Para as criaturas só resta um remédio:
precaução!
Diante do perigo, faz-se necessário que o ungido se
precavenha ocupando os espaços com pessoas de sua extrema confiança;
construindo uma base sólida de vereadores; elegendo o presidente da Câmara
Municipal e cedendo ao criador apenas as migalhas necessárias para sua
sobrevivência. Parece conselhos de Maquiavel, mas é a verdade. Prefeito sem
presidente de Câmara está exposto a um possível impeachment; sem base parlamentar, fica vulnerável e, o mais grave:
nomear secretários por indicação do “chefe” é fácil, porém, quase impossível é
tirá-los. Conselhos e caldo de galinha não ofendem a ninguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário