ODE

terça-feira, 2 de julho de 2019

LULA: O BOI DE PIRANHA




     Na semana passada, uma reportagem veiculada pelo importante jornal francês “Le Monde”, classificou a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva como um fato político. Enquanto nos Estados Unidos a prisão do ex-presidente é considerada – pelo presidente Donald Trump e sua turma -, justa, em grande parte do meio político da Europa o entendimento é que Lula foi preso por motivos políticos. Denota-se daí uma clara conotação ideológica. Aqui no Brasil as opiniões se dividem como dividido apresentou-se o País nas eleições do ano passado. O processo, a condenação e a consequente prisão de Lula causa estranheza não pelos motivos, mas, pelo mérito. Senão vejamos. Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, os políticos que ocuparam o cargo de presidente da República tiveram imputações de suspeitas de corrupção. José Sarney, em 1988, transformou o Palácio do Planalto num balcão de negócios para conseguir ter um mandato de cinco anos; Fernando Collor, todos sabem, foi afastado do cargo, em 1992, por corrupção; Fernando Henrique Cardoso, em 1997, foi acusado de comprar votos de deputados para aprovar a Emenda Constitucional que permitiu sua própria reeleição; Dilma Rousseff, em 2016, teve seu mandato cassado e, mesmo assim pôde candidatar-se a senadora pelo estado de Minas Gerais em 2018; Michel Temer dispensa comentários. O que causa estranheza é o fato de somente Lula estar preso. Nesse caso, o que se configurou mais estranho ainda foi a celeridade do processo que colocou Lula no xilindró. Tudo aconteceu muito rápido, de forma intempestiva e orquestrada. A ordem era prender o ex-presidente antes que o mesmo pudesse ser candidato à Presidência da República. Para os interessados, deu tudo certo: Lula foi preso em abril de 2018, o stablishment ungiu um candidato [Geraldo Alckmin] que não colou e, o povo, no afã de promover mudanças, elegeu um candidato desconhecido, que não participou de debates, tampouco apresentou Programa de Governo e o resultado está aí. O problema é que nada se faz às escondidas sem que um dia venha à tona. Somado ao estranho convite do presidente Bolsonaro e ao aceite do juiz Sérgio Moro (o mesmo que condenou Lula) para ser o titular do Ministério da Justiça, agora, um tal site chamado “The Intercept” está divulgando áudios que colocam como suspeitos, Moro e outras autoridades que participaram diretamente da condenação de Lula. Tudo isso vem trazendo dúvidas sobre a lisura do julgamento. Não quero aqui defender o ex-presidente Lula tampouco fazê-lo inocente. Apenas alerto para a estranheza de que, no meio de tantos suspeitos da prática de corrupção, apenas Lula estar preso. Acho que, naquele processo, a Justiça vendou os olhos com uma tira daquele famoso tecido chamado: “volta ao mundo”.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 02 DE JULHO DE 20019).

Nenhum comentário:

Postar um comentário