Na semana passada,
uma reportagem veiculada pelo importante jornal francês “Le Monde”, classificou a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula
da Silva como um fato político. Enquanto nos Estados Unidos a prisão do
ex-presidente é considerada – pelo presidente Donald Trump e sua turma -,
justa, em grande parte do meio político da Europa o entendimento é que Lula foi
preso por motivos políticos. Denota-se daí uma clara conotação ideológica. Aqui
no Brasil as opiniões se dividem como dividido apresentou-se o País nas
eleições do ano passado. O processo, a condenação e a consequente prisão de
Lula causa estranheza não pelos motivos, mas, pelo mérito. Senão vejamos. Desde
a redemocratização do Brasil, em 1985, os políticos que ocuparam o cargo de
presidente da República tiveram imputações de suspeitas de corrupção. José
Sarney, em 1988, transformou o Palácio do Planalto num balcão de negócios para
conseguir ter um mandato de cinco anos; Fernando Collor, todos sabem, foi
afastado do cargo, em 1992, por corrupção; Fernando Henrique Cardoso, em 1997,
foi acusado de comprar votos de deputados para aprovar a Emenda Constitucional
que permitiu sua própria reeleição; Dilma Rousseff, em 2016, teve seu mandato
cassado e, mesmo assim pôde candidatar-se a senadora pelo estado de Minas Gerais
em 2018; Michel Temer dispensa comentários. O que causa estranheza é o fato de
somente Lula estar preso. Nesse caso, o que se configurou mais estranho ainda
foi a celeridade do processo que colocou Lula no xilindró. Tudo aconteceu muito
rápido, de forma intempestiva e orquestrada. A ordem era prender o
ex-presidente antes que o mesmo pudesse ser candidato à Presidência da
República. Para os interessados, deu tudo certo: Lula foi preso em abril de
2018, o stablishment ungiu um
candidato [Geraldo Alckmin] que não colou e, o povo, no afã de promover
mudanças, elegeu um candidato desconhecido, que não participou de debates,
tampouco apresentou Programa de Governo e o resultado está aí. O problema é que
nada se faz às escondidas sem que um dia venha à tona. Somado ao estranho
convite do presidente Bolsonaro e ao aceite do juiz Sérgio Moro (o mesmo que
condenou Lula) para ser o titular do Ministério da Justiça, agora, um tal site chamado “The Intercept” está divulgando áudios que colocam como suspeitos,
Moro e outras autoridades que participaram diretamente da condenação de Lula.
Tudo isso vem trazendo dúvidas sobre a lisura do julgamento. Não quero aqui
defender o ex-presidente Lula tampouco fazê-lo inocente. Apenas alerto para a
estranheza de que, no meio de tantos suspeitos da prática de corrupção, apenas
Lula estar preso. Acho que, naquele processo, a Justiça vendou os olhos com uma
tira daquele famoso tecido chamado: “volta ao mundo”.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO
ROBERTO, EM 02 DE JULHO DE 20019).
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