LUIZ ROSAS
LUIZ DE ANDRADE ROSAS, nasceu em Princesa em 22 de agosto de
1940 e era filho de João Rosas e de dona Maria de Andrade Rosas. Seu pai, em
que pese ser oriundo de família de boa estirpe, era homem muito pobre e responsável
pela criação de cinco filhos com o ofício de sapateiro. Assim sendo, não
detinha condições para proporcionar uma educação refinada aos filhos. Porém,
usando dos recursos que se lhe apresentavam, iniciou os filhos na educação
elementar quando conduziu quase todos a estudarem as primeiras letras na Escola
particular da professora princesense, dona Maria Alice Maia. Ali foi
alfabetizado Luiz Rosas, que desde cedo se apresentou com pendores para as artes
e as letras. Após os estudos iniciais, foi matriculado no Grupo Escolar “Gama e
Melo” onde fez o curso primário. Foi essa a formação educacional do nosso
biografado. Luiz Rosas foi casado com uma mulher de quem logo se separou e com
quem teve duas filhas.
O Artesão
Segundo depoimentos de contemporâneos de Luiz Rosas, já na
escola ele se destacava tanto na habilidade com os desenhos e a manipulação de
materiais que proporcionassem a modelagem de alguma coisa, como na arte de
escrever poesias. Ainda muito jovem, fez-se contumaz usuário de bebida alcoólica,
o que o fazia sem o consentimento do pai e às escondidas. Esse hábito nocivo
para um rapaz tão novo provocou desagregação familiar, cumulando com o
rompimento de Luiz com seu progenitor, que logo o pôs para fora de casa.
Desamparado, Rosas partiu para morar na capital pernambucana. Lá, continuou com
o vício da bebida, porém - concomitante a essa prática danosa à saúde e ao
convívio social -, empenhou-se em desenvolver sua arte. Sem frequentar nenhum estabelecimento
apropriado para o desenvolvimento de sua formação artística, Luiz Rosas
destacou-se, no Recife, como um dos mais hábeis artesãos na feitura de
paisagens; replicação de fachadas arquitetônicas; reprodução de arvores; etc., tudo
com o uso de papelão, cola, gesso, madeira e outros materiais reaproveitáveis. Disso, passou a viver naquela cidade. Saudoso
de Princesa, Luiz Rosas retornou à terra natal no início dos anos 1980 e aqui
ficou por algum tempo, perambulando pelas ruas a oferecer o fruto de sua arte
por preços irrisórios. Lamentavelmente, os que adquiriram seus trabalhos, não os
valorizaram, tampouco tiveram o cuidado de preservá-los. Tivemos muita sorte em
encontrar uma de suas obras na casa do saudoso tabelião João Florêncio de Campos
Barros (o retrato em alto relevo do conjunto arquitetônico: Igreja Matriz;
Sobrado de Richomer Barros; Casa do major Feliciano, que reproduzimos acima) e,
nessa colheita, conseguimos também algumas informações importantes acerca da
vida do artista em tela.
O Poeta
Além de artesão de apuradíssima qualidade, Luiz Rosas era
também poeta. Pena que tenhamos colhido apenas um fragmento de sua arte
poética, o que, mesmo de forma incompleta, reproduzimos abaixo:
O desejo de te ter
É tão forte e incontrolável
Que mata a saudade que sinto de mim
Quando estou perto de você
Te possuir é doce, é gostoso, um
frenesi
Esqueço
completamente de mim
Quando estou dentro de ti
Essa incompleta poesia
me foi fornecida por uma parenta de Luiz Rosas, chamada Maria Adília Medeiros, que
afirmava haverem sido feitos esses versos para uma antiga namorada que teve, o
poeta, na cidade de Arcoverde/PE, localidade onde provavelmente morreu no final
da década de 1980.
Homenagem
Antes desta iniciativa
o nosso obscuro, porém grande artista princesense, já havia sido homenageado
pelo escritor nativo, Paulo Mariano, quando em seu livro: “Princesa – Antes e
Depois de 30”, escreveu sobre Luiz Rosas: “Pintor
acadêmico; realizou um trabalho pautado em técnicas artesanais que consistia na
superposição de materiais não convencionais (papelão, cola, gesso, palito de
picolé, etc.), utilizados na reprodução, em alto relevo, de paisagens locais;
algumas das quais já atingidas pela ética predatória do poder público. É
natural de Princesa. Algumas obras foram expostas na I Semana Cultural de
Princesa Isabel, em abril de 1985”. A fertilidade de nossa Terra na produção de
artistas nos traz agora a alegria de resgatar os feitos de Luiz Rosas para que
não se dissipem com o tempo. A recuperação da memória artística desse humilde
conterrâneo faz-se maior, principalmente, pelo fato de que, a maioria de suas
obras, retrataram as coisas de Princesa e, por isso está, Luiz de Andrade Rosas
definitivamente inscrito nos anais dos princesenses ilustres.
(Escrito por
Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 05 de novembro de 2019).
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