FLORENTINO FLORO DINIZ
FLORENTINO FLORO DINIZ,
mais conhecido como
Padre Floro, nasceu em Patos (atual Patos de Irerê, hoje pertencente ao
município de São José de Princesa) à época, distrito de Princesa, em 27 de
setembro de 1884. Era filho de Joaquim José Diniz e de dona Luísa Florentino
Diniz. Seu pai era tio de sua mãe que era irmã do major Florentino Rodrigues
Diniz (major Floro). Passou sua primeira infância no lugar onde nasceu e
estudou as primeiras letras em casa com um professor particular. Aos sete anos
de idade foi matriculado numa Escola Particular da vizinha Vila pernambucana de
Triumpho, onde fez o curso primário. Nesse tempo, era Patos um povoado muito
desenvolvido; ali, sob a administração do major Floro – o homem mais rico da
região -, funcionava um verdadeiro parque industrial: engenho para a produção
de açúcar e rapadura; usina de beneficiamento de algodão; fábrica de vinhos
finos, dentre outros empreendimentos industriais; além da existência de um
grande armazém que vendia, em atacado, para as bodegas e mercearias da Vila de
Princêza e para as praças de Triumpho e Flores do Pajeú. Já adolescente por
determinação paterna, Florentino Floro, ingressou no Seminário para a formação de
padres seculares, sediado na cidade do Recife.
O padre
Ordenado padre, o que aconteceu em 1908 à sua quase revelia,
uma vez não ter vocação para o sacerdócio – como vimos, submeteu-se à vontade
paterna num tempo em que os pais punham e dispunham sobre as vontades e os
destinos dos filhos –, foi logo designado para servir como vigário da paróquia
da Vila do Teixeira, o que fez durante o período de 1909 até 1911. Segundo o
historiador princesense, Otávio Augusto Pereira Sitônio Pinto, em seu livro:
“Dom Sertão, Dona Seca” – Patmos – 2016 – João Pessoa/PB, sobre a ordenação do
padre Floro: “Filho de uma irmã e de um
tio do major (quer dizer, filho de tio com sobrinha), o padre Florentino Diniz
(Padre Floro) foi ordenado por imposição da família. Não tinha a vocação do
sacerdócio, e era revoltado com sua condição de padre”. Conta-se, que o
nosso biografado, era um homem irascível, misógino, de forte temperamento e,
nas palavras dos mais velhos, um “gira”. Depois de sua incumbência eclesial em
Teixeira, foi nomeado vigário de Princesa, sua terra natal e aqui comandou a
paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho por longos 18 anos, de 1911 até 1929. Foi
padre Floro quem oficiou muitos dos vários batizados e casamentos de
princesenses que, mais tarde, se fizeram ilustres. Polêmico, dizem que o Cura
nutria alguma simpatia com relação aos cangaceiros que povoavam os sertões
nordestinos, principalmente com relação àqueles que, sob o manto protetor de
seu tio major Floro e do primo Marcolino Florentino Diniz, faziam ponto em
Patos. Conta-se que, quando da ocorrência do assalto - perpetrado pelos
cangaceiros, comandados pelos irmãos de Lampião, Antônio e Livino -, à cidade
de Sousa/PB, em 1924, e a consequente divisão do butim entre os cangaceiros, os
irmãos de Lampião roubaram nove contos de réis do facínora “Meia-Noite”.
Sabedor desse fato, o padre Floro teria tecido o seguinte comentário: “Quem rouba de ladrão, tem cem anos de
perdão”. Muitos consideraram esse dizer inconveniente para ser proferido
por um sacerdote. Doutra feita, desobedecendo a orientação do coronel José
Pereira Lima, o vigário de Princesa oficiou - nesse mesmo ano de 1924 -, o
casamento do cangaceiro “Meia-Noite” com a jovem Alexandrina Maria da
Conceição, na capela de São Sebastião no povoado de Patos. Esse fato lhes
custou a eterna inimizade com o coronel Zé Pereira que então, já se fazia
perseguidor do bando de Lampião..
O fim
Sob o vicariato do padre Floro, foram criadas algumas
associação religiosas na paróquia da Vila de Princêza, a exemplo da Ordem
Franciscana Secular; do Apostolado da Oração; da Pia União das Filhas de Maria,
dentre outras. Por determinação do vigário, foi realizada pequena reforma no
prédio da Igreja Matriz, quando foi construído um anexo para abrigar um altar
em homenagem a Nossa Senhora do Carmo. Ainda sob sua administração paroquial,
padre Floro iniciou a construção da Igreja do Rosário dos Negros. Já em meados
da década de 1920, o padre Floro começou a dar sinais de ser portador de uma
doença grave. Acabava de ser elevado – através de édito do bispo da Paraíba,
Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques - à condição de cônego da Igreja
Católica. Após o início do tratamento na capital pernambucana, descobriu que
sofria de uma crônica doença renal. Segundo informações de contemporâneos, esse
mal lhes trouxe grandes sofrimentos que, aliados ao seu forte temperamento o
colocavam em situação de grande revolta quando tinha frequentes crises,
momentos em que ficava furioso. Foi tratado pela família, sob os auspícios de
sua cunhada (que tocava a Serafina da igreja Matriz de Princesa), dona Irene
Sérgio Diniz (casada com o irmão do padre, Glycério Florentino Diniz). Não
resistindo à doença, padre Floro faleceu no início do ano de 1930 e foi
sepultado na antiga igreja de Princesa. Curiosamente, pediu, em vida, que seu
sepultamento fosse acompanhado pelo toque da matraca (instrumento usado na
“Semana Santa” quando os sinos são proibidos de tocar). Malgrado existir
qualquer referência a algo importante, feito ou construído pelo nosso
biografado, além de haver sido, até hoje, o ministério paroquial mais longevo, está
o padre Florentino Floro Diniz, na qualidade de primeiro padre princesense a
chefiar a nossa paróquia, a merecer figurar como um ilustre filho de Princesa.
ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 28 DE DEZEMBRO DE 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário