A continência prestada por Bolsonaro à bandeira dos Estados
Unidos - quando era ainda presidente eleito -, por ocasião de sua visita àquele
país, pelo visto hoje, não surtiu o efeito desejado. Desde sua campanha
eleitoral, até os dias de hoje, o nosso presidente faz ode ao “Tio Sam”, segue
sua orientação e acompanha seus passos. Lamentavelmente (para o Brasil), o
primeiro mandatário dos americanos, Donald Trump, não está levando isso em
consideração quando não perde oportunidade de prejudicar o Brasil com suas
medidas intempestivas. Em que pese Bolsonaro haver liberado vistos para os
americanos adentrarem ao Brasil; cedido a Base Espacial de Alcântara - no
estado do Maranhão -, para uso dos ianques, Trump agora, sob o pretexto de
proteger os agricultores de seu país, taxou as exportações de aço e de alumínio
do Brasil, alegando que o governo brasileiro desvalorizou o Real em relação ao
Dólar, propositalmente, para beneficiar nossos exportadores. Como se não
bastasse, malgrado haver prometido abençoar a entrada do Brasil para integrar a
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Trump,
anunciou, também ontem, que recomenda a participação da Argentina e da Romênia
na OCDE, esquecendo-se do Brasil.
Complexo de “vira-latas”
Ora, quanto à desculpa amarela de Trump sobre a
desvalorização do câmbio, devemos esclarecer o seguinte: primeiro, o nosso
regime de câmbio é flutuante e independente, portanto da influência do governo
quanto à sua oscilação; segundo - numa prova de patente desconsideração -, o
presidente americano anunciou a medida sem sequer fazer uma comunicação oficial
ao seu “fiel aliado”. Mesmo assim, perguntado pelos jornalistas sobre quais as
medidas que vai tomar, o nosso subserviente Bolsonaro respondeu com a seguinte
frase: “Vou conversar com o Paulo Guedes,
depois dou uma resposta, pô”. Em entrevista concedida ontem à noite, o
ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que não vai fazer
nenhuma declaração agora porque seria intempestivo. Ora, e Trump não o foi? O
problema é que o Brasil, em seu complexo de “vira-latas”, se submete à vontade
do americano, inclusive deixando de participar da Conferência do Clima - que
ocorre agora em Madri, na Espanha -, em solidariedade aos EUA que boicotam
aquele evento. Agrava-se a situação quando sabemos que, galinha que acompanha
pato, morre afogada. Precisamos erguer a cabeça e pararmos de dar continências
às bandeiras alheias.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 03 de dezembro de 2019).
Nenhum comentário:
Postar um comentário