ODE

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

DICOTOMIA ENGRAÇADA






Assistindo ao noticiário televisivo sobre o caos que se abateu sobre a cidade de São Paulo, provocado pelas fortes chuvas que ali caíram no último final de semana, observei algo trágico e, ao mesmo tempo, engraçado. A exemplo deste do que aconteceu em Belo Horizonte durante o último mês de janeiro, quando aquela capital foi duramente castigada pelas chuvas, anotei depoimentos, tanto de paulistanos quanto de belo-horizontinos, a exemplo deste, proferido por uma flagelada paulistana: “Essa foi a pior chuva que já deu aqui”. Trágico pelo saldo de desabrigados, perdas materiais de vidas e outros dissabores. Engraçado porque, essa frase, ouvida por um nordestino, se traduz numa blasfêmia. Por aqui, ninguém, de consciência sã, ousaria pronunciar a palavra “pior” em relação à chuva que cai do Céu como uma dádiva suprema. Aqui, referir-se assim ao líquido precioso que Deus manda se constitui em pecado mortal passível de castigo traduzido em severa seca. Tempo bom no nosso sertão é quando está “bonito” pra chover. Lá, no sul maravilha, o céu nublado e carregado de nuvens escuras é chamado de mau tempo, tempo carrancudo. Será que por esse blasfemo insulto, estão sendo os chamados “sulistas”, castigados com tão terrível aguaceiro? Nada disso. A natureza tem seu tempo e seu lugar. O homem é que não tem respeito a ela e por isso, sofre naturalmente por afrontá-la.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 12 DE FEVEREIRO DE 2020).

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