Assistindo ao noticiário televisivo sobre o caos que se
abateu sobre a cidade de São Paulo, provocado pelas fortes chuvas que ali
caíram no último final de semana, observei algo trágico e, ao mesmo tempo,
engraçado. A exemplo deste do que aconteceu em Belo Horizonte durante o último
mês de janeiro, quando aquela capital foi duramente castigada pelas chuvas,
anotei depoimentos, tanto de paulistanos quanto de belo-horizontinos, a exemplo
deste, proferido por uma flagelada paulistana: “Essa foi a pior chuva que já deu aqui”. Trágico pelo saldo de
desabrigados, perdas materiais de vidas e outros dissabores. Engraçado porque,
essa frase, ouvida por um nordestino, se traduz numa blasfêmia. Por aqui,
ninguém, de consciência sã, ousaria pronunciar a palavra “pior” em relação à
chuva que cai do Céu como uma dádiva suprema. Aqui, referir-se assim ao líquido
precioso que Deus manda se constitui em pecado mortal passível de castigo
traduzido em severa seca. Tempo bom no nosso sertão é quando está “bonito” pra
chover. Lá, no sul maravilha, o céu nublado e carregado de nuvens escuras é
chamado de mau tempo, tempo carrancudo. Será que por esse blasfemo insulto,
estão sendo os chamados “sulistas”, castigados com tão terrível aguaceiro? Nada
disso. A natureza tem seu tempo e seu lugar. O homem é que não tem respeito a
ela e por isso, sofre naturalmente por afrontá-la.
(ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 12 DE FEVEREIRO DE 2020).
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