O advogado Antônio Quirino de Moura nasceu no município de
Santa Helena/PB em 15 de fevereiro de 1934. Completa, exatamente hoje, 86 anos
de idade. Intelectual refinado e poliglota, foi na seara política onde mais se
destacou para o público. Exerceu o cargo de prefeito da cidade de Cajazeiras (1973/1977);
foi vice-prefeito da mesma cidade (1992/1996); desempenhou as funções de
deputado estadual à Assembleia Legislativa da Paraíba durante o período de 1970
a 1991, além de exercer as funções de Secretário Adjunto de Educação na gestão
do governador Roberto Paulino e de Secretário Executivo da Indústria e Comércio
no governo Maranhão III. Por ocasião da fundação da APLA - Academia Princesense
de Letras e Artes, em 13 de dezembro de 2019, o doutor Antônio Quirino esteve
presente à solenidade, realizada aqui em Princesa, no “Palacete dos Pereira”,
ocasião em que proferiu o seguinte discurso em homenagem àquele evento, o que
reproduzimos à seguir:
“Estou aqui por
convite do amigo e conterrâneo Francelino Soares, Secretário Geral da ACAL (Academia Cajazeirense de Artes e
Letras) de nossa terra. Vim de longe. Percorri quilômetros.
Andamos ladeados pelo verde das estradas, visualizando o azul das serras.
Peregrinamos no deserto da imaginação; encontramos o oásis, Lagoa da Perdição,
o mesmo território livre e independente da República de Princesa:
‘Vi terras da minha
terra
Por outras terras
andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado
Foi esta Princesa que
amei’
(M. Bandeira, plágio)
Vim de longe, repito, vim da terra de
Padre Rolim, consagrada num arroubo de oratória do princesense, Alcides Carneiro:
‘Cajazeiras, cidade que ensinou a Paraíba a ler.’ Hoje, estou aqui, relembrando
os poucos dias e oportunidades, quando na Secretaria de Educação, cumpria ordem
do governador de então, Dr. Roberto Paulino: ‘Vá a Princesa, construa o ginásio
de esportes, anseio dos estudantes e do diretor do colégio Nossa Senhora do Bom
Conselho’. Assim foi feito e bem feito. Inaugurado, com festa memorável, também
incluindo o baile de conclusão de formandos, com orquestra e tudo mais,
dançamos a valer, na expressão do forrozeiro Flávio José:
‘Aceite a dança
Solte a trança e jogue o laço,
Se tropeçar no compasso,
Caia por cima de mim,
Que te seguro, te beijo e abraço,
Caia por cima de mim.’
Fiz amizades, delas ainda recordo,
porque não? E, novamente, de Alcides Carneiro, a expressão sentimental:
‘Recordar não é viver. Recordar é viver de lembranças. Viver de lembranças é
morrer de Saudades’. Sobre a Academia Princesense de Letras e Artes, tanto já
foi dito e tão bem dito, neste encontro literário solene, que se dispensa
acréscimo. Não posso, no entanto, omitir ligeiras referências. Cajazeiras
acordou pela voz de 40 filhos seus e criou, organizou e instalou
definitivamente uma Academia de Artes e Letras. Alcides bradou, um dia, em praça
pública, ao entardecer, de braços estendidos, na inauguração do monumento
erigido ao Padre Rolim, em 1937, fitando o sol poente: ‘Cajazeiras, terra que
ensinou a Paraíba a ler’. Ressoando
aquele grito de alerta estamos aqui, não para lhe ensinar a construir uma
Academia, porém, apenas, como colaboradores, estreitando cada vez mais os laços
de amizade, com tão hospitaleira gente. Princesa é celeiro cultural da Paraíba
precisa apresentar ao Brasil sua riqueza cultural através da Academia
Princesense de Letras e Artes. A história cultural de Princesa será escrita a
partir de hoje. Antes e depois da APLA. Princesa sempre foi, repito, um celeiro
de renome, com: Tertúlias Literárias; Cordéis; Repentistas; Violeiros;
Narradores; Jornalistas; Cientistas Políticos. Os patronos e Acadêmicos
desfilarão com seus feitos e méritos na devida oportunidade, para conhecimento
dos princesenses. Emancipação política de Princesa Isabel, em 18.11.1921,
evidencia ser mais jovem que Cajazeiras, 58 anos. A efervescência da sua
mocidade fez-se presente desde 1922, quando Princesa foi a única cidade da
Paraíba a apoiar o Manifesto Modernista, (Otávio Sitônio Pinto, membro da Academia
Paraibana de Letras). O deputado José Pereira Lima, criou o Clube Literário,
instalou uma biblioteca para leitores e letrados, e/ou amigos da leitura,
sendo, então, quem sabe, a semente da hoje Academia Princesense de Letras e
Artes. Parabéns! Arte musical, igualmente, refletiu a sensibilidade da alma
nobre e empreendedora dos princesenses, fazendo ecoar seus acordes por sua
célebre filarmônica, até na Alemanha, França e Rússia. A criação da Companhia
de Teatro tornou esta cidade pioneira no ramo. Poetas, oradores, conferencistas
renomados, escritores de igual penhor e até seresteiros, acordando as
madrugadas enluaradas, tendo a frente Alcides Carneiro a declamar: ‘Enquanto
houver lua cheia, serenata e violão, haverá amor na terra e festa no coração’. Preciso
terminar. Vou terminar mesmo. Deixo apenas dois lembretes. Os conselhos ficam
por conta de Nossa Senhora. O primeiro, para nós, mais avançados no tempo e no
remanso da vida: ‘Envelheçamos rindo como as árvores fortes envelhecem, agasalhando
pássaros no ninho, dando sombra e conforto a quem padece’. O segundo lembrete,
à esta juventude que superlota este recinto também: ‘Aproveitem o tempo. Preencham
todos os vazios, aproveitem o dia – carpem
diem – como diziam os romanos. Carpem
Vitam, aproveitem a vida. Gozem a libidinosa mocidade, porém, com juízo,
prudência e dignidade. Aproveitem a fim de que a vida não passe efêmera e
vazia, num adiantamento eterno, que sempre se espera, e numa eterna esperança,
que sempre se adia’ (José Brasileiro Vilanova – compêndio). Por último, assim
como Alcides Carneiro entendeu, e bradando espalhou a sua expressão: ‘Cajazeiras
cidade que ensinou a Paraíba a ler’. Neste momento, em que é criada a Academia
de Letras e Artes de Princesa Isabel, entendo, igualmente, ‘Princesa, cidade
que ensina a Paraíba a realizar sonhos culturais’ (AQM).
(DISCURSO PROFERIDO POR ANTÔNIO QUIRINO DE MOURA POR OCASIAÕ
DA INAUGURAÇÃO DA APLA – ACADEMIA PRINCESENSE DE LETRAS E ARTES).
Nenhum comentário:
Postar um comentário