29-30 de março de 1930. Vinda de Imaculada, após o combate em Teixeira, a tropa da polícia paraibana, composta por mais de trezentos efetivos, marchou pelos sertões bravos, por dentro da caatinga, evitando emboscadas dos homens do coronel Zé Pereira, com a intenção de ocupar Princesa. Sabendo que os rebeldes haviam deixado pouco mais de 20 homens no povoado de Água Branca, a polícia os atacou de surpresa e aqueles bateram em retirada sem nenhuma baixa. O mesmo ocorreu no povoado de Belém. Chegada incólume nas proximidades do povoado de Tavares, a chamada Coluna Leste, comandada pelo capitão João Costa e formada por cerca de 110 soldados, se preparou para invadir o lugar.Ali se encontravam 90 homens do coronel José Pereira, sob o comando de Luiz Pereira de Souza (“Luiz do Triângulo”) e de Manoel Lopes Diniz (“Ronco Grosso”).Os homens de Zé Pereira já aguardavam a investida da polícia. Porém, erroneamente se posicionaram dentro do povoado, localizado numa baixada e cercado de montes, ese fizeram alvo fácil para os comandados pelo tenente João Costa.
Começa o ataque
Era o dia 29 de março, às 17 horas, quando o tiroteio começou. Segundo relata em seu livro: A Campanha de Princesa, João Lelis de Luna Freire: “O tiroteio era retumbante, continuando no mesmo diapasão por toda a noite sem cessar nem enfraquecer um só momento. (...) A luta era de empenar o chão e assumia caráter de extrema gravidade. O fiel da balança continuava alheio ao pêso dos fátos.”. O combate durou por toda a noite e o dia seguinte, cessando somente às 17 horas do dia 30. Às 18 horas, os comandados do coronel começaram a recuada abandonando suas posições dentro do povoado sob forte cerco da polícia. Aproveitaram o escurecer da noite para uma debandada geral e definitiva. Às 19 horas a Coluna Leste, após 23 horas de luta, ocupou Tavares. O efetivo policial, que no começo do tiroteio era de 110 homens, na tomada do povoado, reduzia-se a 64 homens válidos, sem contar os mortos, feridos e desertores. Do lado dos lutadores de Princesa, foram mortos 12 homens e 16 estavam gravemente feridos. Diferente da tropa da polícia, onde aconteceram muitas deserções (algumas pendidas para o lado adversário), dentre os homens de Zé Pereira, nenhum renunciou ou fugiu à luta. Foram vencidos nessa batalha, mas permaneceram fiéis à causa. A derrota em Tavares, como vimos antes, deu-se por erro estratégico e, por conta disso, os rebeldes aprenderam a lição e, na recuada, ao invés de retornarem a Princesa, armaram um cerco intransponível ao povoado fazendo do triunfo da polícia uma ”vitória de pirro”, uma vez que, sitiada, ficou a polícia restrita ao interior do povoado sob a mira dos rifles dos homens de Zé Pereira por longos quatro meses.
O cerco
A intenção da polícia de invadir Princesa frustrou-se completamente com esse cerco, pois, além de estar restrito grande contingente de praças no interior do povoado, o cerco promovido pelos chamados “Libertadores de Princesa” proibia também qualquer acesso à cidadela do coronel. Desbaratada a Coluna Oeste, Alagoa Nova foi retomada e a polícia recuou para Piancó. Nesse cerco a Tavares, PROMOVIDOS PELOS “Libertadores de Princesa” a polícia paraibana, que saqueou sem pena o povoado, passou grandes privações com a falta de víveres e a escassez de água, além da dificuldade para o reabastecimento de armas e munições. Para se protegerem das balas inimigas, os soldados abriram passagens, na altura de um homem, entre as casas geminadas do povoado. A alimentação foi farta no início do sítio quando havia estocado nas casas alguns legumes. Com o passar dos dias, restava apenas milho que os policiais torravam e com esses grãos, faziam uma beberagem como se fora café. A água escasseou também. De sorte que a soldadesca encontrou uma cacimba de água “magnífica”. Exultaram com o achado. Porém, a alegria durou pouco. Apenas uma semana beberam daquela água que, descoberta pelos rebeldes, foi totalmente envenenada. Além dessas agruras, os componentes da tropa ocupante sofriam com o frio intenso e com a intermitente chuva fina. Porém, o maior problema que se apresentou à tropa sitiada foi a dificuldade para o remuniciamento. Várias tentativas foram feitas e todas elas frustradas. Somente quando se completavam 18 dias do cerco, o capitão Irineu Rangel, comandante da Coluna Norte conseguiu furar o cerco e reabastecer a tropa com alguns víveres e escassa munição. Dessa maneira, a polícia de João Pessoa permaneceu cercada pelos homens de Zé Pereira por longos 04 meses e nunca conseguiram chegar a Princesa.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 29 DE MARÇO DE 2020).
Nenhum comentário:
Postar um comentário