ODE

terça-feira, 7 de abril de 2020

MANDETTA JÁ ERA




Ontem, durante todo o dia, especulou-se sobre a demissão do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta. Logo cedo, o presidente Bolsonaro, numa audiência de rua junto a um dos segmentos que lhes empresta apoio incondicional, alguns evangélicos, afirmou que em sua equipe existiam alguns que eram normais e agora viraram estrelas, acrescentando que não hesitaria em usar a caneta para demiti-los e que sua hora estava chegando. Enquanto isso, os crentes diziam: “Amém” e o “mito” se deleitavacom o apoio recebido. Todo mundo leu a mensagem: Mandetta. À tarde, Bolsonaro convocou uma reunião com todos os ministros e todo mundo apostou que o ministro da saúde sairia demissionário dessa audiência. Ainda não foi desta vez. Mandetta está maduro, porém, estão esperando que apodreça e caia. Na verdade, caído já está. O problema é que, diante da competência revelada nesse momento de Pandemia do Coronavírus, o ministro tornou-se popular (o que Bolsonaro não suporta) e, ao mesmo tempo, recebeu o apoio incondicional dos presidentes das duas Casas Legislativas, Câmara dos Deputados e SenadoFederal, tornando-se assim, quase indemissível, pelo menos até a derrota do vírus que lhes deu vida. Mesmo assim, é notório que a situação do ministro é insustentável.

Ministro Sustentado

Falar em ministro que trabalha, faz-nos lembrar de ministro trabalhoso. A impressão que temos sobre esse governo comandado pelo “mito” é de que sua capacidade de contágio é muito maior do que a do Coronavírus. É natural que observemos comportamento similar dos rebentos presidenciais em relação ao pai. Porém, ministro, não. Nesse caso só pode ser contágio, contaminação. Refiro-me ao titular da pasta da educação, o impronunciável Abraham Weintraub. Sem respeitar a ferida ainda aberta pelo filho do presidente Bolsonaro quando criticou publicamente a República Popular da China, Weintraub – o ideológico -, disparou hoje críticas ridículas contra aquele país num exercício de falta de noção das coisas e de extrema irresponsabilidade, se metendo em assunto que não é da sua competência. Aliás, competência é um atributo que lhes falta (o ENEM que o diga), uma vez que, a única coisa que o credencia ao cargo é a militância de extrema-direita, o ódio ao PT e a capacidade de bajular o chefe e seus pimpolhos. Esse governo é mesmo engraçado. Enquanto o presidente ameaça demitir seu mais competente ministro, passa a mão na cabeça de um babaca detentor do único mérito necessário para agradar ao chefe: conversar besteiras.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 07 DE ABRIL DE 2020).

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