OS MORTOS ESQUECIDOS
Na Guerra de Princesa, em 1930, pereceram muitos princesenses e alguns agregados àquela Campanha. Naquele conflito, que durou exatos cinco meses, uma verdadeira guerra civil, morreram quase cem homens que lutaram em defesa da cidadela [Princesa] rebelada contra a polícia do governo do estado da Paraíba. É certo que as baixas foram bem maiores do lado da polícia, mas foram muitos também os que tombaram sob as ordens do coronel José Pereira Lima contra o presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. O maior número de mortos foi computado na tomada do então povoado de Tavarespela polícia paraibana. Naquela luta tombaram mortos os seguintes contendores (único registro existente): Horácio Virgulino da Silva, Virgulino Ferreira da Silva, Luiz de Beleza, João de Tigre, Sinhô Salviano, Chico de Nego, Manoel Sinhô e Zé de Paulina. Essas informaçõesencontrei em vários livros que tratam da revolta de Princesa e através de informações orais de alguns princesenses que tinham domínio de algumas notícias sobre aquele combate, tais como: João Barros, Dida Bezerra, Zacharias Sitônio, João Antas Florentino, Lino Tenório, Joaquim Gomes, dentre outros. Sabedor que muitos mais nomes poderiam ser acrescentados a essa lista, fui ao cartório do Registro Civil de Princesa e, estranhamente, durante todo o período em que durou o conflito aqui referido, nenhum assentamento de óbito foi feito nos livros daquela repartição de registro. Diante dessa triste constatação, fica esse vazio na história da Guerra de Princesa, uma vez que poderiam ser esses heróis anônimos homenageados pela bravura de haverem defendido Princesa denodadamente. Como exemplo, podemos citar duas refregas de grande monta que aconteceram naquela guerra. A primeira em Patos (atual Patos de Irerê) e a segunda, no então distrito de Água Branca. Em nenhuma dessas duas há coerência na informação do número de mortos. Na primeira, há quem diga que morreram mais de 20 combatentes do lado do coronel (sem conhecimento dos nomes) e mais de trinta da parte da polícia. Em Água Branca, morreram apenas quatro dos chamados “Libertadores de Princesa”, enquanto que do lado da polícia tombaram mais de trinta.Em face dessa falta de informações e da estranheza de não haver sido registrado nenhum óbito no Cartório do Registro Civil - num hiato sem explicação -, fica essa dívida com aqueles que poderiam e deveriam estar hojesendo homenageados num panteão de heróis da municipalidade, afinal, foi aquela luta uma das mais importantes ocorridas no interior do Brasil, realçada ainda mais pelo fato de ser- no dizer de vários historiadores -, o movimento precursor da deflagração da Revolução de 1930.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 05 DE MAIO DE 2020).
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