A política tem o condão de construir, destruir e também, de desconstruir. No início da década de1980, na esteira das grandes manifestações sindicais, nasceu o PT – Partido dos Trabalhadores. Criado para combater a velha política, o PT surgiu para representar os trabalhadores brasileiros, com as bênçãos de Igreja Católica, dos intelectuais, dos artistas e de outros segmentos sociais ditos progressistas. Foi longa a luta para a consecução do poder. Lula candidatou-se quatro vezes seguidas para conseguir ser eleito presidente da República. Foi derrotado em 1989, 1994 e 1998. Eleito em 2002, trouxe esperanças de que seria diferente na maneira de governar. E foi. Ninguém pode negar que Luís Inácio Lula da Silva fez um governo diferente, quando promoveu a inclusão social dos brasileiros mais pobres, principalmente em se tratando do Nordeste. Para viabilizar seu governo, Lula fez acordos com o capital nacional e com o estrangeiro. Respeitou os contratos, os acordos e os métodos da economia liberal sem deixar de promover benefícios às camadas mais carentes. Seu primeiro governo, afora o escândalo do “mensalão”, foi quase perfeito.
Meteu os pés pelas mãos
Reeleito em 2006, Lula, ávido pelo poder e já enfraquecido pelas denúncias de corrupção ocorridas em seu governo anterior, abriu o balcão de negócios e fez-se refém do famigerado “Centrão”. Para garantir sua continuidade na principal cadeira do Planalto e viabilizar a eleição do “poste” Dilma Rousseff, passou a ceder às pressões dos deputados e senadores chamados fisiologistas, abrindo as comportas da Petrobras e de outras estatais para, através das grandes empreiteiras, comprar apoiadores no Congresso Nacional. Para conseguir o que queria, o então presidente afundou o Brasil em dívidas e num processo de corrupção nunca visto. Valia tudo, menos perder o poder. Elegeu Dilma que, por incompetência viu-se defenestrada do poder, num processo questionável de impeachment e, esvaído o poder, viu-se na mira da Justiça quando foi intempestivamente julgado, condenado e preso. Teve a oportunidade de renascer das cinzas quando foi solto por uma decisão do STF – Supremo Tribunal Federal, porém, numa arrogância injustificável, saiu da cadeia atirando para todos os lados como se contaminado pela mesma doença que acomete seu adversário maior: Bolsonaro.
Líder com pés de barro
Como aqueles que não conseguem sobreviver fora do poder, Lula não teve a acuidade de estabelecer uma sintonia, com pelo menos a metade da população brasileira, que havia dado um não rotundo ao atual presidente da República nas urnas de 2018. Passou a falar bobagens, atacando instituições e os poderosos meios de comunicação e, sem um discurso afinado para aglutinar seus antigos aliados e eleitores, ficou falando sozinho e agora, desapareceu completamente por incapacidade de comunicar-se com o povo brasileiro. Nesse momento de crise aguda na política brasileira - quando o presidente Bolsonaro sucumbe ao balcão de negócios, estabelecido pelo “centrão” como remédio para segurá-lo no cargo de presidente - Luís Inácio, o único líder nacional com envergadura para enfrentar esse estado de coisas, não tem demonstrado capacidade de reação, expondo os insatisfeitos com o que aí está, ao completo abandono. Cadê Lula? Será que desapareceu porque perdeu o apetite político, ou por vergonha de mostrar a cara depois do malogro eleitoral do PT. Será que essa postura de Lula denuncia que ele tem culpa no cartório? Se assim for, a orfandade dos que discordam da política insensível, atabalhoada e predadora de Jair Bolsonaro, vai perdurar por muito mais tempo. Cadê Lula?
DSMR, EM 11 DE JUNHO DE 2020.
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