ODE

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

SE TIVESSE MERDA PRONTA...



Abril de 2017. Com o fim de meu mandato como prefeito de Princesa, eu acabara de sair da prefeitura e, morando na Zona Rural, costumava fazer caminhadas nos fins de tarde. Certo dia, enquanto fazia a rotineira caminhada, numa estrada estreita, que só permitia a passagem de um único veículo, deparei-me com a vinda ao meu encontro, de uma camioneta de duas cabines. Quando o carro que se aproximava, estava a mais ou menos, 60 metros do lugar aonde eu estava, parou de repente e três das portas daquele veículo se abriram, permitindo o desembarque de três homens. Incontinenti, senti um frio na barriga e exclamei para mim mesmo:

- É agora. Me lasquei!

De repente, um dos homens desembarcados, o mais alto e mais forte, gritou:

- Meu prefeito! Quanto tempo! Você é meu adversário, mas é meu peixe! Quando é que nós vamos tomar uma na sua fazenda?

Criei alma nova e, com a aproximação, reconheci Wilson de Neílson e mais dois rapazes que o acompanhavam. Já escape, respondi com toda a solicitude que pude externar:

- Na hora que você quiser, meu amigo.

Mesmo sem ter inimigos que pudessem oferecer riscos à minha integridade física, foi esse, um dos maiores medos que tive na vida. Não me borrei todo porque não tinha merda pronta.



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