ODE

terça-feira, 20 de outubro de 2020

90 ANOS DA GUERRA DE PRINCESA – CRONOLOGIA DE UM CONFLITO

 



A FUGA DO CORONEL JOSÉ PEREIRA

Com a vitória da Revolução de 1930, o coronel José Pereira Lima ficou sem chão. Na qualidade de um dos protagonistas maiores daquele movimento, quando pode-se dizer que foi Princesa um dos epicentros dos fatos que contribuíram para a eclosão daquele movimento revolucionário, Princesa, a pós a vitória da Revolução, ficou á mercê dos inimigos do Coronel que a defendeu com unhas e dentes, durante os longos cinco meses em que o município viveu em beligerância com o poder constituído do estado da Paraíba. Acuado, Zé Pereira, atendendo conselhos dos próprios oficiais do Exército que ocupavam a cidade, acatou a recomendação e resolveu fugir de Princesa. Já no dia 05 de outubro, o Coronel se deslocou de Princesa e foi para a vizinha cidade pernambucana de Flores. Ali pernoitou, mandou buscar sua esposa, dona Xandú e os dois filhos, Aloysio e Luísa, despediu-se deles e, no dia 06, partiu para destino ignorado. Acompanhado de alguns amigos, o chefe político do município rebelado, deslocou-se em busca de esconderijo no interior de Pernambuco. Permaneceu alguns dias em casas de fazendeiros amigos, outros em locais improvisados no meio do mato e, sempre temeroso de ser encontrado pela polícia, mudava de lugar despistando até os amigos quanto ao seu novo itinerário. Ao longo desse período de fuga, Zé Pereira disfarçou-se de vendedor de redes e de fumos, chegando até a mudar seu verdadeiro nome, fazendo chamarem-no de Honorato Cavalcanti ou de Dionísio Pedro.

Vagando pelos sertões

Arrefecidos os ânimos revolucionários, com saudade da família e com a saúde um pouco debilitada o Coronel resolveu dirigir-se à capital pernambucana. Chegando ao Recife, homiziou-se numa casa de praia pertencente a um empresário seu amigo. Ali passou quase um ano, onde se encontrou com a mulher e os filhos. Informado de que a polícia já farejava seu paradeiro, viajou até Rio Branco (atual Arcoverde) e dali, partiu para Serra Talhada, onde se escondeu no sítio de um amigo, oportunidade que teve de rever, novamente, sua família. O périplo de Zé Pereira pelos sertões nordestinos os fez percorrer terras dos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Ceará e até o sul do Piauí. Nas brenhas dos sertões nordestinos, Zé Pereira sofreu o pão que o diabo amassou. Morou em choupanas em meio do mato, se alimentando precariamente e dormindo em total desconforto. Resistiu a essa adversa situação durante longos quatro anos. Somente em 1934, com a anistia concedida pelo Governo revolucionário, o Coronel teve algum sossego. Livre da perseguição revolucionária, viu-se acusado de um crime que não cometera e, por isso não achou conveniente se expor, aguardando a exaração de um habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal, o que somente aconteceu em 1936. Em face desse alvará, Zé Pereira retornou a Princesa, onde foi recebido com grande festa. Ressabiado das coisas da política, resolveu fixar residência em sua fazenda no município de Serra Talhada, onde possuía também uma casa de residência na cidade e ali ficou até o final de sua vida.    

DSMR, EM 20 DE OUTUBRO DE 2020.

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