VAVÁ BANDEIRA, PAULO
MARIANO E A “LEI DO PARANÁ”
Vavá Bandeira, irmão de Cotôco – um dos maiores craques do
futebol princesense, era um bonachão que nunca foi muito dado à vocação da
labuta. Engraçado por si só, sua cara e seu jeito de conversar já nos dava
vontade de rir. Em seu esmorecimento para o trabalho, adorava levar vantagem.
Sabedor que Paulo Mariano tinha umas terras desocupadas no
entorno da cidade, Vavá cantou o velho comunista para arrendá-las. Paulo,
mestre da caneta e intelectual ativo, em que pese também esmorecido para o
trabalho braçal, viu aí uma oportunidade de ganhar uns trocados sem fazer nada.
Arrendou as terras, acertando com Vavá que quando da colheita, este lhe pagaria
a renda de um saco de legumes de cada três que fossem colhidos.
Sabedor disso, Marçalzinho, conhecido em Princesa como a
“máquina de fazer doidos”, comentou com seu irmão, o competente advogado,
doutor Wellington Lima, sobre a negociata agrícola de Paulo Mariano com Vavá
Bandeira. Wellington, exímio conhecedor das leis e pródigo no exercício da
gozação, orientou Marçalzinho a fazer a cabeça de Vavá Bandeira, no sentido de
não pagar a renda a Paulo Mariano.
A estratégia foi altamente mirabolante. Das cabeças dos
filhos de “seu” Marçal, criou-se uma tal de “Lei do Paraná” que rezava o
seguinte: se um trabalhador rural cultivasse uma terra como rendeiro, e essa
terra fosse vendida a outrem durante o período do plantio - quando da colheita,
o rendeiro não teria a obrigação de pagar a renda nem ao antigo dono, tampouco
ao que acabara de comprar a terra. Acrescentando que isso se constituía um
direito inalienável dos pobres desvalidos e explorados pelos latifundiários.
E foi o que aconteceu. Precisando de dinheiro, Paulo Mariano vendeu as terras a um comprador de Serra Talhada com o compromisso de somente entregá-las – para não perder a renda -, após a colheita do que ali estava plantado. Vavá Bandeira, já cientificado por Marçalzinho, colheu o milho, o feijão, a fava, e não prestou contas ao senhorio. Procurado por Paulo Mariano para o pagamento da renda, informou que, acobertado pela Lei do Paraná, não devia nada de renda e que não pagaria a renda e pronto. Paulo, comunista que era e, por não gostar de briga, sabedor de onde partira a velhaca orientação, intrigou-se por um tempo, dos dois legisladores, perdoou a dívida de Vavá, e ficou tudo por isso mesmo.
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