ALCIDES VIEIRA CARNEIRO nasceu em Princesa no dia 11 de junho de 1906, filho
do coronel Vicente Carneiro e dona Maria Azevedo Duarte Carneiro (dona
Maroquinha). Segundo o saudoso historiador Paulo Mariano, foi Alcides o filho mais
ilustre de Princesa, uma vez haver sido o que teve maior ascensão no cenário
nacional: orador, ensaísta, crítico, biógrafo, escritor, poeta de notável
inspiração e político. Em Princesa, Carneiro iniciou seus estudos na escola
primária do professor Adriano Feitosa Cavalcanti, concluindo o ensino básico no
Grupo Escolar “Gama e Melo”. Conta-se que ainda nos anos iniciais de estudos em
Princesa, Alcides já demonstrava aptidão e vocação para fazer discursos em
público. Ainda impúbere tendo, seu pai, sido transferido de Princesa de seu
emprego na Mesa de Rendas (atual Coletoria Estadual), foi morar em
Fortaleza/CE. Ali, concluiu o curso secundário no “Liceu Cearense”. Terminado
esse curso, transferiu-se para a capital pernambucana onde fez o curso de
Ciências Jurídicas, formando-se em Direito quando colou grau, aos 20 anos de
idade, em 1926. Casou-se, em primeiras núpcias, com dona Selda Almeida, filha
do então Ministro José Américo de Almeida, com quem teve duas filhas: Solange e
Sônia. Separado da primeira mulher, casou-se novamente, tomando como esposa a
senhora Ivone Dantas Carneiro, com quem não teve filhos.
Cargos que ocupou
Formado,
exerceu os seguintes cargos: Procurador da República no Estado do Espírito
Santo; Advogado da Polícia Militar no Distrito Federal; Curador de Menores e
Curador da Família, também na Capital Federal; Interventor do município de
Itápolis/SP; Curador de Massas Falidas do Distrito Federal; Inspetor do Ensino
Secundário da Capital Federal e Presidente do IPASE – Instituto de Previdência
e Assistência dos Servidores do Estado. Nesse cargo e com sua influência
política, conseguiu dar empregos a vários princesenses que o procuraram no Rio
de Janeiro, então Capital Federal.
O CORONEL ZÉ PEREIRA E ALCIDES CARNEIRO
Incursão na política
Em
1947 foi candidato a governador do Estado da Paraíba, quando enfrentou nas
urnas o alagoa-grandense Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello. Foi derrotado,
ficando em segundo lugar. Porém, numa demonstração de alta civilidade,
encaminhou, ao candidato vitorioso, o seguinte telegrama:
“No momento em que a preferência já definida nas urnas
livres recai sobre o seu nome ilustre, cumpro o dever democrático de apertar,
com o coração bem elevado, a mão que guiará os destinos da nossa terra. Peço a Deus
que o inspire e também aos seus amigos, na penosa e dignificante tarefa que vai
iniciar para que a Paraíba não tenha de que se arrepender. Se assim for, como é
desejo de todos os bons paraibanos, estaremos ambos compensados do ingente
esforço que fizemos – Alcides Vieira Carneiro”.
Mesmo
com essa demonstração de civilidade, Alcides Carneiro sempre carregou o
desgosto de não ter governado a sua querida Paraíba. Isso ficou notório quando
da ocasião em que foi escolhido para homenagear o grande paraibano, Ernani
Sátiro, em solenidade oficial ocorrida em Brasília, momento em que proferiu o
seguinte discurso:
“Meu amigo, amigo velho ou novo, não importa, mas um
dos melhores amigos que Deus me deu e por quem nutro imensa admiração.
Admiração tão profunda e tão real que a intimidade não conseguiu diminuir.
Tenho, entretanto dois motivos: um de elevada inveja, outro de baixo ciúme.
Inveja de sua glória literária conquistada com livros admiráveis e ciúme por
ter visto V. Exa. governar a Paraíba, que é o mesmo que ter casado com minha
noiva”.
Em 1950, candidatou-se, Alcides, a
deputado federal quando foi eleito (o único princesense até hoje a eleger-se deputado
federal), obtendo consagradora votação: 17.654 sufrágios, sendo o mais votado
no Estado da Paraíba. Como deputado federal, foi representante do Brasil na
Conferência Interamericana realizada em Istambul, na Turquia, em 1951. Tentou a
reeleição nos anos de 1954 e 1958, porém não conseguiu êxito. Desgostoso com as
sucessivas derrotas eleitorais desistiu de disputar cargos públicos, dizendo: “A Paraíba gosta de me ouvir falar, mas,
não gosta de votar em mim”. Mesmo assim não abandonou a atividade política. Depois da morte do coronel José Pereira
Lima em 1949, com o partido acéfalo, Alcides liderou a política princesense por
alguns anos, diferente do que ocorreu em outra ocasião, pois, em 1930, na
qualidade de destacado “aliancista”, foi convidado por José Américo de Almeida
para ser interventor municipal em Princesa, porém, temeroso de ferir
suscetibilidades políticas e, principalmente, por ser afilhado e amigo do
coronel José Pereira - que acabara de ser defenestrado do poder em Princesa e
estava foragido -, recusou o convite. Mesmo assim, não deixou de interferir nas
coisas da política de sua terra. Enquanto o Coronel esteve ausente e após sua
morte, em 1949, Alcides funcionou como coordenador político da facção pereirista em Princesa. De início,
sozinho. Depois, conjuntamente com o filho de Zé Pereira, o médico, Aloysio
Pereira Lima.
O Ministro
Saído
da política, mudou-se, definitivamente para o Rio de Janeiro e, posteriormente,
com a transferência da Capital Federal, para Brasília. Em 02 de fevereiro de
1966, foi nomeado Ministro do STM – Superior Tribunal Militar, chegando a ser
vice-presidente daquela corte para o biênio 1969/70. Além de político e
servidor público, Alcides Carneiro foi também, destacado intelectual. Como
orador - segundo ainda o historiador Paulo Mariano -, é mencionado na “História
da Eloquência Universal”, como “um dos dez maiores oradores da atualidade e um
dos cem maiores oradores de todos os tempos”. Isso não é pouco, pois coloca
nosso grande conterrâneo ao lado do grande orador romano, Cícero. Foi membro da
Academia Paraibana de Letras, ocupando a cadeira nº 07 e professor “Honoris Causa” da Universidade Federal
da Paraíba. Teve, Carneiro, os seguintes livros publicados: “Discursos
Escolhidos” (1971); “Ao Longo da Vida” (1976); “Discursos em 14 Tempos” (1976);
além de vários textos e poesias publicados em revistas e jornais importantes do
Brasil. Recebeu vários “Títulos de Cidadão” em muitos dos municípios
brasileiros e várias condecorações. Por ocasião das comemorações do Centenário
de seu nascimento, foi o eminente princesense, agraciado in memoriam, com a mais importante láurea concedida pela Câmara
Municipal de Princesa: a Comenda “Dona Nathalia do Espírito Santo”. Alcides foi
homenageado também com a aposição de seu nome em um Ginásio de Esportes; numa
Escola Estadual de Ensino Médio e em uma das Rua da nossa cidade. Tudo isso, na
cidade de Princesa.
O fim
Vítima
de um acidente vascular cerebral faleceu em Brasília, aos quase 70 anos de
idade, às cinco horas da manhã do dia 22 de maio de 1976. O corpo do ilustre
filho de Princesa está sepultado no cemitério “São Francisco Xavier” no Rio de
Janeiro. No ano de 2006, por iniciativa do pesquisador de história, o também
princesense, Francisco Carvalho Florêncio, com o apoio do vereador Irismar
Mangueira e do então prefeito Thiago Pereira, a Câmara Municipal prestou solene
homenagem a esse preclaro filho de Princesa que, por tudo o que representou no
contexto da política, da cultura e da intelectualidade, não somente aqui, mas,
na Paraíba e no Brasil está, definitivamente, inscrito no panteão dos filhos ilustres
desta Terra como um de seus principais quadros.
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