No início do ano de 2011, eu era presidente da Câmara
Municipal e, por motivo das voltas que a política dá, tive de somar nas
fileiras do partido do então prefeito de Princesa, Thiago Pereira. A notícia
foi uma bomba, pois era eu, até então, o principal adversário do prefeito, na
Câmara Municipal. Coisas da política. Basta você declarar seu voto para alguém
que se dissipam todas as raivas e mágoas e o ódio do passado se transforma em
imediato amor.
Sabedor da minha adesão ao seu partido, o ex-deputado Aloysio
Pereira - que até então era meu intrigado -, combinou logo com seu sobrinho, o
prefeito Thiago, para oferecer um jantar a este que escreve, um repasto chique
e de altíssima qualidade, regado a uísque, vinhos e iguarias finas.
Chegado à casa de Aloysio, situada à Praça Epitácio Pessoa, o
centro de Princesa, fui recebido com honras. Logo na entrada, o velho me
cumprimentou dizendo:
- Sempre gostei de fazer política com gente de qualidade.
Você é um rapaz muito inteligente, não nega de quem é filho. O seu pai, Major
Nequinho Maximiano, era um homem de bem e muito amigo do meu pai, o coronel
José Pereira. Você não está roubando, mas sim, herdando.
Sentindo-me lisonjeado, tanto com a mesa farta quanto com as
mesuras do importante patriarca político, respondi:
- Bondade sua, doutor Aloysio, o senhor é que me faz
orgulhoso em ser recebido tão bem. Aliás, não o faz forçado, mas porque tem
berço, personalidade e muitos serviços prestados à nossa Princesa.
O tempo passou, virei prefeito e, quando concorri à
reeleição, o velho já havia se bandeado a apoiar o meu adversário. Passamos de
novo para lados opostos. Na campanha eleitoral, nos digladiamos de novo nos
palanques eleitorais. Venci a eleição. Logo no primeiro ano do meu segundo
mandato, aliado a quem eu havia derrotado, Aloysio Pereira foi ao rádio e, num
pronunciamento contundente (o que sempre lhe foi peculiar), disparou:
- Nunca vi, em Princesa, gente pior do que esse prefeito. Mal-empregado
ser filho de um homem tão bom como foi o Major Nequinho, ô cria ruim!
Na política é assim, quando se deixa de votar se deixa também
de ser o que verdadeiramente somos. Dize-me com quem votas que dir-te-ei o que
acho de ti. Aloysio morreu sem falar comigo.
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