ODE

terça-feira, 5 de abril de 2022

A ESCOLINHA DO PROFESSOR NASCIMENTO

           

Chico Anysio, o maior humorista deste país desde o dia em que Cabral atracou na Bahia, criou a sua famosa Escolinha do Professor Raimundo.    Chico morreu e não deixou  um sucessor na sua exata dimensão artística. Epa! "Devagar com o andor que o santo é de barro!" Tudo indica que Princesa Isabel irá mais adiante. Há potencial para tanto. Em Princesa o Professor Nascimento, especialista em generalidades genéricas, montou sua escolinha que, em nada, deve ao gênio artístico de Chico Anysio. Recentemente  um amigo de Princesa remeteu-me um áudio, com a estranha voz de Nascimento, no qual ele faz um resumo do resumo do resumo de toda a filosofia universal com a língua portuguesa, o qual tenho a indizível honra de transcrever: " Então, existe diversos tipos de analfabetas. 

Quando você fala de Nominando, você está falando de nominar. Então, é um princípio da razoabilidade da interpretação intelectual de tanta gente que tem aí, né?" Professor, filósofo, gramaticista e  lexicógrafo, além de especialista em conhecimentos genéricos, dessa vez Nascimento conseguiu superar a si próprio. Ao lançar no universo da filosofia o "Princípio da Razoabilidade da Interpretação Intelectual de Tanto Gente, né?', ele acabou de dar novos rumos ao pensamento abstrato filosófico e, na prática, pôs de joelhos todas as escolas filosóficas que o antecederam. Obra de gigante! Aristóteles, coitado, perdeu tempo - na antiga Grécia - imaginando-se criador de um novo pensar filosófico. 

Platão foi outro tolo. Immauel Kant jamais  teria usado pensar, se naquela Alemanha do Século XVII algum bruxo medievo lhe tivesse aberto os olhos: "Cuidado mestre Kant, no futuro o Professor Nascimento o aniquilará." Todos foram teimosos e deu no que deu. E a aula magna acerca da língua portuguesa? O tal achado linguístico "Nominando e nominar"? Que maravilha!  Passei toda a minha vida imaginando que Antônio Nominando Diniz, primo de meu pai, fosse realmente Nominando. Melhor dizendo, que aquele fosse o seu nome. Mas não. Tudo estava absolutamente errado! Nominando jamais foi um substantivo próprio, ou seja, o nome de alguém, aliás, de um grande princesense. Ele, como nos ensinou o Professor Nascimento, era um verbo, no gerúndio, que andava pelas ruas de Princesa, e que atendia pelo "nome gerundial", trocando verbo por substantivo próprio. 

Depois de atrair a Polícia Federal para Princesa Isabel, ser notícia (negativa) nacional, acabar sendo citado pelo próprio presidente da República, pelos seus malfeitos e pintar e bordar com o dinheiro do público, eis que Nascimento pretende fazer uma nova reforma na língua portuguesa. É um revolucionário do vernáculo. Um Napoleão Bonaparte sem a sua Josefina, louco para reformar o que se encontra certo e em seu devido e esperado lugar. Oh! Nascimento, por que você fugiu da sala de aula nos dias que a professora estava ensinando classes de palavras? Nominando é substantivo próprio (nome de pessoa), meu caro mestre das letras; nominar é verbo, e na primeira conjugação do infinitivo (terminada em ar), e nominando, ou seja, atribuindo nome a algo (com a primeira letra minúscula) é verbo no gerúndio. Eu sei meu ilustre professor, que a essas horas você deva estar pensando o que seja gerúndio. Não faço a menor questão de esclarecer. Gerúndio é uma das formas nominais do verbo. Serve para indicar que a ação, a que se refere o próprio verbo, esteja ocorrendo no momento em que o emitente do verbo esteja falando. Por exemplo: você me vê em Princesa, no momento em que eu esteja comendo uma buchada (que maravilha, você não, a buchada), então eu lhe afirmo "estou comendo". 

Tanto o verbo como o ato de comer se dão no mesmo momento. Olhe o gerúndio chegando...olê, olê, olá! Seja sincero comigo, seu aluno: você compreendeu alguma coisa? Então, se compreendeu, deixe de falar acerca daquilo que não sabe; em troca pedirei que minha caneta lhe esqueça, desde que haja bom comportamento na escola. Nominando ser o mesmo que nominar?  Nunca ri tanto em minha vida. Obrigado pelos bons momentos de descontração. Não precisa se fantasiar para o público. Você já é o próprio espetáculo. O maior cômico é aquele que imagina que esteja enganando, quando na verdade está sendo enganado pelos fatos. Sua carreira é promissora. Qual será a próxima aula da Escolinha do Professor Nascimento? Rolando Lero e Aldemar Vigário foram abduzidos pelo ilustre professor. Parabéns pela façanha hercúlea. Não faça biquinhos com o meu texto. Somos cabeças opostas: a sua mente e a minha desmente as suas mentiras. Inclusive contra a lógica universal e a língua portuguesa. 


Wellington Marques Lima








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