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segunda-feira, 16 de maio de 2022

JOAQUIM ALEXANDRE DA SILVA

JOAQUIM ALEXANDRE DA SILVA, mais conhecido como JOAQUIM MARIANO, nasceu em 23 de janeiro de 1903, era filho de Mariano Alexandre da Silva e de dona Luiza Maria da Conceição, casou-se com dona Lindaura Cordeiro Florentino, com quem Teve os filhos: Francisca; Paulo; Carlota; Solon; Rui; Maria do Socorro; Maria de Lourdes, Joaquim e Maria de Fátima. Nasceu e foi criado na Zona Rural, sempre trabalhando na roça que era o ofício de seu pai. Sua instrução escolar foi mínima. Lia alguma coisa e escrevia sofrivelmente, porém, como sabemos não ser, a inteligência, fruto da instrução, Joaquim Mariano, em que pese ser semianalfabeto, era homem de brilhante inteligência e acurada presença de espírito. Como que para compensar a sua falta de instrução, cuidou para que seus filhos estudassem e deu oportunidade a todos nesse campo, chegando a ter um deles formado em Medicina e outro, Paulo Mariano, como um dos representantes maiores da intelectualidade princesense.

Mesmo detentor de instrução inferior, “seu” Joaquim (como era chamado) foi bem-sucedido nos negócios, pois, tinha também grande tino comercial. Trabalhador que era Mariano, logo cedo começou a adquirir bens o que demonstrava que seria mais tarde um homem de posses. Interessado em prosperar financeira e socialmente, escolheu a dedo com quem casar-se. Como provinha de família humilde da Zona Rural, decidiu que desposaria moça que tivesse beleza, nome e dote. Foi aí que se interessou pela jovem Lindaura, filha do tenente da Guarda Nacional, Antônio Cordeiro Florentino. Este era homem de posses, pertencente a família de alta linhagem e muito ligado ao coronel José Pereira Lima – de quem foi um dos chefes de tropa na chamada “Guerra de Princesa”, em 1930. Casado, Mariano começou a prosperar, tornando-se, mais tarde, um dos homens mais bem sucedidos financeiramente da região, quando se fazia possuidor de vastas propriedades, gado, automóveis e alguns bens imóveis.

O político

Joaquim Mariano não era talhado para ser uma pessoa comum. No exercício da boa ambição, sempre procurou ascender, financeira e socialmente. Em face disso, com pendores para a política, adentrou na atividade já com idade avançada. Aos 52 anos, em 1955, disputou sua primeira eleição para vereador à Câmara Municipal de Princesa. Foi eleito com exatos 400 votos, conseguindo sua reeleição no pleito de 1959, quando foi reeleito por 626  sufrágios. Na qualidade vereador, Mariano pode ser considerado um dos mais atuantes da história do Legislativo princesense. Colhido dos Anais da Câmara Municipal de Princesa temos que Joaquim foi assíduo frequentador das Sessões daquela Casa de Leis, e sempre esteve a apresentar projetos e indicações diversos em prol do desenvolvimento do município, além de reclamar dos colegas que não participavam das Sessões Legislativas. Foi de autoria do vereador Joaquim Mariano, uma “Moção de Aplauso” aprovada pela Câmara Municipal, em maio de 1960 e encaminhada, através de telegrama, ao então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, parabenizando-o pela construção de Brasília. O teor: “Congratulamo-nos com V. Excia. pela gigantesca obra de Brasília inaugurada em 21 de abril do corrente âno, acontecimento esse que virá proporcionar inestimáveis benefícios ao país e notadamente ao Nordeste”.  

O segundo mandato de vereador não foi concluído por Joaquim, uma vez que, com a Emancipação política do Distrito de Manaíra, que se tornou cidade em 1962, o então vereador de Princesa candidatou-se ao cargo de prefeito daquele novo município e concorreu, pelo PL – Partido Libertador, tendo como companheiro de chapa (vice-prefeito) o senhor Laurindo Bezerra da Silva. Nessas eleições, derrotou o candidato do PSD – Partido Social Democrático, o também vereador Antônio Antas Diniz. Como primeiro prefeito de Manaíra, fez uma boa administração o que o credenciou a apresentar-se, em 1968, como candidato a prefeito de Princesa. Nesse pleito, sem obter a bênção dos chefes do MDB – Movimento Democrático Brasileiro, princesense, concorreu por uma sublegenda, juntamente com Miguel Rodrigues de Lima, enfrentando o candidato da ARENA, Antônio Nominando Diniz.

Para a escolha dos candidatos a prefeito do grupo “Pereira”, houve disputa e desconforto político. Aloysio Pereira apoiava o nome de Miguel Rodrigues e, Gonzaga Bento, tinha preferência por Joaquim Mariano. Sem haver consenso, Aloysio convocou uma reunião e sugeriu que Miguel encabeçasse a chapa e Joaquim figurasse como candidato a vice-prefeito. Irritado com a proposta do chefe político, Mariano disse, na “taba do queixo” de Aloysio: “Não aceito a vaga de vice, pois, não gosto de andar de garupa. Eu quero é ser prefeito e, também, já estou muito velho pra viçar”. Diante dessa recusa de Joaquim Mariano, partiram os dois candidatos do mesmo partido (Joaquim e Miguel) para o suicídio eleitoral.

Não deu outra. Antônio Nominando ganhou dos dois. Derrotado, no dia seguinte, Mariano compareceu ao palacete dos “Pereira” e, num rompante de raiva, diante de Aloysio e Gonzaga, disse: “Vim aqui dizer aos senhores que, de hoje em diante, nem Pereira, Nem Nominando”. Conversa para inglês ver. No pleito seguinte, lembrado das latas de bosta que a polícia de Nominando Diniz o obrigou a carregar nas costas, em 1930, enquanto estava preso, e derramá-las na Lagoa (Estrela), perfilou-se novamente ao lado de seus antigos correligionários nas eleições seguintes. Era assim Joaquim Mariano, um tradicionalista cheio de rompantes porém, fiel às suas ideias e convicções.

JOAQUIM MARIANO, DONA LINDAURA E OS FILHOS: PAULO E FRANCISCA

O espirituoso

Várias são as histórias que contam sobre Joaquim Mariano. Desde a briga que teve com o então futuro governador João Agripino Filho quando foi defender seu correligionário e amigo Rui Carneiro por ocasião de um comício em que Agripino o acusava de inoperante; até à história de uma mulher que perdeu uma criança, por aborto, porque o marido não deixou que ela chupasse uma das mangas da propriedade do muquirana Mariano.  Espirituoso e de respostas na ponta da língua, Joaquim era rápido quando inquirido. Certa vez, uma mulher o encontrou na feira e, ao ser cumprimentada por ele, disse: “Seu Joaquim, o seu chapéu tá torto”. Levando a mão à cabeça para endireitar o chapéu, Joaquim respondeu: “O chapéu pode tá torto, mas a cabeça tá aprumada”.

O fim

Já aos 78 anos de idade, o nosso biografado teve um ataque cardíaco e precisou ser deslocado para São Paulo em busca de tratamento especializado. Lá chegando, foi internado num bom hospital e, coincidentemente, um dos estagiários naquele nosocômio era o médico princesense, recém-formado, Antônio Nominando Diniz Filho (Totonho), filho de doutor Antônio. Quando o neto de “seu” Mano – o maior adversário político de Joaquim Mariano em Princesa -, soube que este estava ali internado, na qualidade de conterrâneo, foi visitá-lo. Chegando ao apartamento em que se encontrava o velho político de Princesa, Totonho o cumprimentou e identificou-se. Ao ouvir que se tratava de um “Nominando”, o velho Joaquim, mesmo no leito de morte, disse: “Tô lascado, esse povo quis acabar comigo lá em Princesa quando eu estava forte, imagine agora, eu sozinho aqui prostrado desse jeito?”. Era assim Joaquim Mariano, não deixava nada por menos. Em que pese o esforço concentrado da família para lhe restituir a saúde, não logrou êxito no tratamento e veio a falecer aos 78 anos de idade, em 15 de maio de 1981. Por tudo que representou para Princesa, tanto na política quanto na vida social e dos negócios acreditamos que, com esse resgate, fique, definitivamente, Joaquim Alexandre da Silva, inscrito na relação dos princesenses ilustres.







 

 

                           

 

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