JOSÉ FERREIRA DIAS, mais conhecido como “Ferreirão”,
nasceu em 1895 numa fazenda pertencente ao seu pai, localizada próximo ao então
Distrito de São José (atual município de São José de Princesa). Era filho de
João Ferreira Costa e de dona Rosalina Dias Ferreira. Tinha quatro irmãos:
Luiz; Manoel; Rita e Rufina. Casou-se com dona Luísa Ferreira e não teve filhos
biológicos. Após alguns anos de casado, adotou um menino de nome Ribamar e
criou também uma sobrinha-neta chamada Luísa, a quem chamava de “Luisinha”.
Ribamar faleceu precocemente, vítima de um acidente quando caiu de uma porteira,
bateu a cabeça numa pedra e morreu aos 15 anos de idade. Luisinha ainda vive.
Ferreirão perdeu a mãe (vítima de cólera) quando tinha apenas seis messes de
vida. O apelido de “Ferreirão” acredito, era devido à sua alta estatura e para
diferençar de um primo homônimo.
Ferreirão era um homem alto, branco, magro e muito elegante. Primava pela boa aparência quando se vestia de maneira impecável e era extremamente sociável. Malgrado ter pouca instrução formal, lia e escrevia com facilidade. Alegre, feliz e brincalhão, espirituoso que era, tinha respostas para tudo. Era eclético em suas atividades. Em que pese haver nascido na Zona Rural, logo cedo saiu de lá. Sua intenção era tornar-se um citadino. Chegado a Princesa interessou-se logo pelo futebol. Amante do esporte fez-se um participante ativo, tanto no campo - jogando na posição de goleiro -, quanto na organização da equipe que apoiava. Concomitante com a prática do esporte futebolístico começou a trabalhar como pedreiro e, já maduro, abriu uma loja de ferragens.
PALACETE DOS “PEREIRA” E GRUPO ESCOLAR “GAMA E MELO” – DUAS OBRAS
CONSTRUÍDAS PELO MESTRE DE OBRAS JOSÉ FERREIRA DIAS (FERREIRÃO).
Ferreirão foi um apaixonado pelos esportes, com mais
intensidade ainda pelo futebol. Foi cofundador da equipe “Borborema Foot-Ball
Club”. Jogava na posição de goleiro e, nessa atividade, era tido como um dos
melhores. Além de jogar, o nosso biografado, era um grande incentivador do
esporte, quando organizava campeonatos e torneios, no mais das vezes promovendo
até o financiamento desses eventos esportivos a suas expensas. O futebol era
praticado nas horas vagas, pois, seu tempo era mesmo absorvido quase que
totalmente com a atividade de pedreiro. Nesse ofício, Ferreirão era exímio, um
ás com a colher, um verdadeiro artesão. Tanto, que logo se destacou dentre os
demais profissionais dessa arte.
Segundo o historiador princesense, Francisco de Carvalho
Florêncio, José Ferreira Dias aprendeu o ofício de pedreiro ainda nos anos
1920, quando serviu ao exército na cidade do Recife. Porém, outras fontes nos
informaram que Ferreirão tornou-se excelência na arte de construir após receber
ensinamentos e instruções de um princesense, chamado mestre Abílio Ferreira,
que era profissional da construção e que morara por algum tempo na cidade de São
Paulo. No ofício de pedreiro, Ferreirão era auxiliado por dois primos que
atendiam pelos nomes de Manoel Ferreira Neto e José Ferreira Sobrinho
(Ferreirinha).
O nosso biografado era tão competente na arte de construir
que logo se tornou um Mestre de Obras. Foi sob o seu comando e o de sua colher,
juntamente com os primos pedreiros, que foram erigidos vários prédios
importantes e imponentes, tanto em Princesa, como em outras cidades vizinhas no
estado de Pernambuco, a exemplo de Triunfo; Carnaíba; Afogados da Ingazeira e
em algumas cidades do estado do Rio Grande do Norte.
Em Princesa, Ferreirão, construiu o prédio do Grupo Escolar
“Gama e Melo” e o Palacete dos “Pereiras” dentre outras obras. Foi, sem dúvida,
o maior artesão da construção civil de Princesa. Em Triunfo, é dele a obra que
se constitui a magnífica Igreja Matriz daquela cidade. Suas obras, algumas
ainda preservadas em sua originalidade, hoje enfeitam algumas ruas da cidade
quando o refinamento de seus acabamentos nos coloca a contemplar o que há de
mais belo no casario antigo da nossa urbe.
Com o dinheiro que ganhou como mestre de Obras, Ferreirão
abriu uma loja de ferragens e materiais de construção – a primeira da cidade.
Detentor de grande tino comercial prosperou em seu negócio, chegando a
tornar-se um homem de posses. Mesmo assim, não abandonou a arte de construir.
Convidado para dar orientações no fazimento de algumas obras na cidade de
Pombal/PB, para lá partiu e, durante o período em que ali viveu, conheceu um
rapaz de 15 anos de idade, por quem simpatizou imediatamente e pediu a seus
pais para trazê-lo consigo para Princesa com o intuito de torná-lo seu auxiliar
na loja de ferragens. Permissão concedida retornou a Princesa acompanhado do
jovem, chamado Waldemar Abrantes Ferreira que, com o tempo, tornou-se seu filho
adotivo. Pela competência e desenvoltura com as coisas do comércio, Waldemar se
tornou gerente da loja e, depois, herdeiro do negócio através da compra do
estabelecimento comercial. Ferreirão, além de desportista, pedreiro e
comerciante, ainda achou tempo para se dedicar a mais uma atividade. Abriu uma
sala de cinema na cidade de Princesa e mantinha também uma pequena casa de
jogos de azar: baralho, dominó, etc. Era um faz tudo, um cuida de tudo.
Já com mais de 60 anos de idade, ficou viúvo e perdeu o ânimo
para as coisas. Após a venda de sua loja ao gerente Waldemar, passava a maior
parte de seu tempo dentro de casa como que desinteressado pelas coisas
exteriores. Com isso, foi definhando e contraiu um mal que lhe prendeu ao leito
por alguns meses, vindo a falecer em 1967, aos 72 anos de idade. Esse cidadão
princesense, que participou ativamente da vida do nosso município quando, nas
várias atividades que exerceu, promoveu a alegria, a arte, o lazer e o
desenvolvimento da cidade e que já empresta seu nome a uma das Ruas de
Princesa, está a merecer esta homenagem através deste sucinto Perfil Biográfico,
o que o coloca apto a figurar na galeria dos filhos ilustres de Princesa.
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