Há exatos 200 anos o Brasil se desligava de Portugal. Saído
do Rio de Janeiro, em 14 de agosto de 1822, para uma viagem à província de São
Paulo, o príncipe dom Pedro de Alcântara deixou sua mulher, a princesa
Leopoldina, juntamente com José Bonifácio de Andrada, cuidando dos negócios de
Estado. Havia já uma indisposição política do príncipe com a metrópole
(Lisboa). Chamado de volta a Portugal, Pedro negou-se a fazê-lo e permaneceu no
Brasil. Isso causou grande desconforto ao governo português. No início do mês
de setembro, chegou da corte uma carta, não mais chamando, mas, determinando o
retorno imediato do príncipe a Portugal, e a volta do Brasil à condição de
colônia de Portugal. Logo, a princesa Leopoldina, enviou um mensageiro de
encontro a dom Pedro para que este tomasse conhecimento daquele ultimato. Na
missiva, a princesa insinuava o rompimento.
Em viagem, nas proximidades da pequena São Paulo, dom Pedro
recebeu a mensagem do Rio de Janeiro e, revoltado com essa determinação
resolveu, ali mesmo, desligar o Brasil de Portugal. Arrancou do chapéu, os
laços que simbolizavam o reino português e proclamou a separação com a ameaça
que se tornou símbolo da Independência, quando desembainhou a espada e gritou:
“Independência ou Morte!”. A partir daí deslocou-se para São Paulo onde compôs
o Hino da Independência e despachou mensagens anunciando a nova situação,
inclusive para Portugal. Na mesma noite desse dia, houve te deum na principal igreja da cidade, baile comemorativo e solenidades
várias; tudo isso com a participação popular nas ruas festejando a nova
condição política do que agora se tornava um novo país.
Essa rápida menção à ocorrência da ruptura política que
resultou na emancipação do Brasil, tem um condão puramente ilustrativo.
Atenhamo-nos à importância dessa data magna e ao simbolismo que ela encerra, o
Bicentenário da Independência. Em 1922, por ocasião do 1º Centenário, as
comemorações foram grandiosas. Já em 1920, tiveram início os eventos
comemorativos da importante efeméride, com publicação de toda a programação na “Revista do Brasil” sobre o primeiro
marco glorioso da existência nacional”. Além disso, fazendo parte da
programação, o Brasil recebeu a visita do rei da Bélgica, Alberto I e da rainha
Elizabeth. Nessa ocasião, para a recepção do monarca, esteve presente o
deputado José Pereira Lima de Princesa, um dos convidados de honra do
presidente Epitácio Pessoa.
Quando do 1º Centenário, para comemorar o evento, atendendo
determinação do presidente Epitácio Pessoa, foi realizada uma Exposição
Internacional no Rio de Janeiro, entre o dia 07 de setembro de 1922 e o dia 23
de março de 1923. Dela participaram vários países da Europa e os Estados
Unidos. Similar àquela exposição apenas uma havia acontecido em Londres,
Inglaterra, em 1851. Diferente de hoje, quando a data poderia ser comemorada
com eventos festivos de grande magnitude, o que vemos é um completo descaso,
além do uso desse importante momento da vida nacional para manifestações
políticas que atendem a interesses completamente dissociados do espírito cívico
que a data representa. Mesmo assim, Viva o Brasil nesses seus 200 anos de
Independência!
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