Nunca na história do Parlamento brasileiro se viu a
instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI, atendendo aos
interesses da situação e da oposição ao mesmo tempo. Primeiro, a oposição
requereu a instalação de uma CPMI para investigar a tentativa de golpe
perpetrada no dia 8 de janeiro deste ano; depois, com o desenrolar dos fatos, o
governo encampou também a ideia e, nessa quarta-feira (26), a CPMI será
instalada no Congresso Nacional com a participação de senadores e deputados
federais.
Na verdade, é uma situação inusitada. Quem, em sã
consciência, tem dúvidas sobre qual o lado que estimulou e instigou os atos
terroristas do dia 8 de janeiro, que culminaram com a invasão e o vandalismo
dos prédios do Três Poderes da República? Todo mundo sabe que o comportamento
golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro quando, durante os quatro anos de seu
governo, descredenciou a seriedade do processo eleitoral pondo em dúvida a
lisura das urnas eletrônicas, provocou o estímulo para que, vândalos,
travestidos de manifestantes praticassem atos de terrorismo.
Só um maluco acreditaria haverem sido Lula ou o PT os
incentivadores da tentativa de golpe. Quem não lembra das manifestações
antidemocráticas do 7 de Setembro de 2022 promovidas pelo então presidente
Bolsonaro? E a minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça,
Anderson Torres? Quem não se recorda da reunião que o ex-presidente promoveu no
Palácio da Alvorada quando convocou os embaixadores, representantes de vários
países do mundo, para falar mal das urnas eletrônicas? E os acampamentos
golpistas estacionados em frente aos vários quartéis do Exército, Brasil afora?
Tudo isso se constituiu um caldo de cultura – patrocinado
pelo ex-presidente Jair Bolsonaro – para viabilizar os atos terroristas de 8 de
janeiro. Agora, numa tentativa de tumultuar a administração do novo governo, os
bolsonaristas, defendem a instalação dessa CPMI. Resultado disso é fazer a
festa da imprensa e tirar o foco do que realmente interessa ao país: a votação
do novo Arcabouço Fiscal; a Reforma Tributária, enfim, a intenção de Lula em colocar,
o Brasil, de novo nos trilhos. Na verdade, essa tentativa de transformar
vítimas em algozes pode se tornar mais um tiro no pé do bolsonarismo golpista e
numa oportunidade para que a democracia se fortaleça ainda mais.
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