Em que pese estar fincada num distante rincão da Paraíba, a cidade de Princesa, desde priscas eras vem sendo revestida de importância histórica. Já por duas vezes a cidade foi detentora do status de capital - tanto geográfica, quanto social - de uma região ou de uma situação. Em 1930, durante os 5 meses em que durou a chamada "Guerra de Princesa", a cidade foi a capital da região compreendida pelo território que abrangia desde Água Branca até Manaíra enquanto Princesa ficou separada do estado da Paraíba.
A outra oportunidade em que Princesa se fez capital foi mais emblemática ainda. Algo que poucos sabem, no entanto, se reveste de grande importância histórica. Foi aqui em Princesa, exatamente na "Fazenda Pedra" (hoje pertencente ao município de São José de Princesa), pertencente, à época, ao latifundiário Laurindo Diniz, o local onde o Rei do Cangaço Lampião, tomou posse como o maior cangaceiro do Nordeste, quando assumiu a chefia do bando que era, até então, comandado por Sinhô Pereira. Isso, em fins do mês de setembro de 1922, portanto há pouco mais de 100 anos passados. Em face desse evento, Princesa tornou-se, pelo menos por um dia, a capital do Cangaço.
Registrado no livro: "Apagando o Lampião", do historiador Frederico Pernambucano de Mello, à página 96, está consignado:
Novamente, nos valemos do testemunho de Maura Lima Cabral, presente à comemoração da "tomada de posse" de Virgulino na chefia do grupo herdado de Sinhô, festejo verificado em fins de setembro de 1922, na fazenda da Pedra, presentes o prefeito eleito de Triunfo e o juiz de direito de Princesa (...).
Nesse dia, grande festa ocorreu naquela fazenda, com a participação de seu amigo e coiteiro, Marcolino Florentino Diniz (Caboclo Marcolino) e, como vimos, com a presença de autoridades constituídas. Dentre essas autoridades, estavam: o prefeito eleito de Triunfo/PE, Carolino Campos (Coronel Duduzinho) e o juiz de direito da Comarca de Princesa, doutor Geminiano Jurema Filho. Naquela ocasião, Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), a pedido do padre Cícero Romão Batista, abandonava a vida no Cangaço, passando o comando de seu bando para Lampião, e retirava-se para o interior do estado de Goiás e, depois, para Minas Gerais.
Como vemos, Princesa foi palco de eventos por demais importantes da história nordestina, com reverberação nacional e até internacional. Afinal, além da "Guerra de Princesa" (que foi o estopim da Revolução de 30), sediou também a "posse" de Lampião como chefe do maior e mais importante bando do cangaço nordestino. Depois de empossado em Princesa, em breve tempo, Lampião se tornaria o "Rei do Cangaço", figura festejada em todo o Brasil e até no estrangeiro.
Fala-se até, que a baronesa francesa que veio da Europa para conhecer Lampião, foi cumprimentada, em Recife, pelo caboclo Marcolino na presença do famoso escritor Gilberto Freyre. Diante disso, fica patente a inserção de Princesa em momentos históricos de suma importância. Além de haver sido capital duas vezes, Princesa detém um capital político, histórico e social de indelével importância.
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