Com o advento da televisão em Princesa, os costumes se modificaram
consideravelmente. Em face dessa novidade tecnológica, as pessoas passaram a
tomar conhecimento do que acontecia no Brasil e no mundo através das imagens
que recebiam dentro das salas de suas casas, sem falar na “chiqueza” que era
possuir em casa um aparelho de televisão que logo passou a ser chamado de TV, um
privilégio de poucos, coisa de rico. Depois das novelas, o programa mais
assistido era o Jornal Nacional, naquele tempo, ancorado pelo elegante Cid
Moreira. A minha sogra, dona Neusa Alves, afirmava de pés juntos que Cid
Moreira, mesmo de paletó e gravata, apresentava o jornal de bermudas. No
entanto, o mais engraçado que colhi sobre isso foi que muitas pessoas
acreditavam na interatividade das imagens exibidas pela televisão com os que
estavam na sala a assistir.
Dona Xandú, viúva do coronel José Pereira Lima, mãe do
falecido deputado Aloysio Pereira e bisavó do ex-prefeito Thiago Pereira, não
perdia uma edição do Jornal Nacional. Para tanto, logo cedo da noite, tomava
banho, se “aprifilava” toda, se perfumava e se sentava numa das cadeiras de
balanço da sala principal do Palacete dos Pereira, de frente para a televisão,
para assistir à conversa de Cid Moreira. Aos que perguntavam por que tanta
elegância, a velha respondia: “E vocês acham que eu vou me apresentar, para assistir
esse homem bonito falar, vestida como uma mendiga?”. No dia que não tinha tempo
para se arrumar, dona Xandú, assistia ao Jornal Nacional sentada numa cadeira
ao lado da televisão para que Cid Moreira não a visse desarrumada. A viúva do
coronel Zé Pereira faleceu, nonagenária, no final da década de 90 e, Cid
Moreira, ainda hoje vive aos 95 anos de idade.
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