O saudoso Raminho era um dos melhores e mais antigos
mecânicos e eletricistas de Princesa e, em se tratando de aparelhos de rádio,
som, televisão, etc., era ele o melhor “doutor” desses pacientes eletrônicos.
Homem de vida regrada, costumes austeros e que não tergiversava quanto às suas
próprias regras, mantinha sua disciplina profissional por cima de pau e pedra.
Tinha horário para tudo e detestava descumpri-los. Dormia à hora que queria,
mas nunca acordava cedo. Dada à sua capacidade de consertador, tinha sua
oficina como a mais procurada da cidade.
Certo dia, abusado com os constantes “bater na porta” de
fregueses, cedo da manhã, mesmo correndo o risco da perda de alguns, resolveu
botar uma placa na porta da oficina com os seguintes dizeres: “Oficina
não é UTI; rádio não é doente e eu não sou médico. Acordo tarde: 09 horas ou
mais”. Esse avisou engraçado lhes custou o desaparecimento da freguesia
da Zona Rural, que vem e volta cedo para casa. Raminho nem ligou. Morreu
precocemente, mas viveu em paz exercendo o ofício de mecânico e eletricista e,
também, fazia parte do Coral da Igreja Católica, no turno da noite, claro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário