Uma das coisas que caracteriza a Justiça é dizer que ela é
cega. Ou seja, que não tem olhos indulgentes ou intransigentes, mas sim olhos para
os fatos relevantes que consubstanciam provas para um efetivo julgamento
imparcial. No Brasil, a Justiça é mais ou menos isso. Muitas vezes ela [a
Justiça] não enxerga no começo, mas depois de algum tempo ela termina vendo as
coisas como elas realmente são e reforma suas convicções e seus julgamentos.
Foi o que aconteceu com os ex-presidentes: Fernando Collor e Dilma Roussef.
No início desta semana, O Tribunal de Justiça do Distrito
Federal inocentou a ex-presidente Dilma Vana Roussef pelas pedaladas fiscais
que ela promoveu quando no exercício da presidência da República, levando-a a
sofrer um processo de impeachment, o
que lhe tirou o mandato em agosto de 2016. Naquela época, o entendimento do
Congresso Nacional, presidido pelo presidente do STF, foi o de que Dilma era
culpada. Agora, o entendimento foi outro e ela foi absolvida, mas o mandato se
foi e não pode mais ser restituído.
Em dezembro de 1992, o então presidente da República,
Fernando Affonso Collor de Mello, teve seu mandato cassado pelo Congresso
Nacional sob a acusação de que havia comprado um automóvel Fiat Elba sem
comprovação da origem do dinheiro. Considerado corrupto, perdeu o mandato.
Vinte anos depois, em 2012, o Supremo Tribunal Federal – STF, reconsiderou o
julgamento e declarou a inocência do ex-presidente que perdeu metade do mandato
concedido pelo voto popular. Na verdade, ela [a Justiça] é cega, mas nem tanto.
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