A pergunta que nos move a todos nos tempos atuais: Em que
mundo vivemos? Nesses novos tempos em que as convenções se modificaram, movidas
pelo estabelecimento do politicamente correto, quase tudo hoje é dicotômico,
tem dois lados definidos que não se unem, não se entendem e, necessariamente
têm de se respeitar à força, no mais das vezes sob o manto da intolerância. Ao
contrário do que se propõe, muitas vezes a intolerância não existe quanto ao
preconceito, mas sim, em favor dele.
Hoje em dia, quase tudo é proibido no tocante às expressões
que usamos ou quanto às opiniões que emitimos. Os que se dizem de esquerda -
que estão agora na moda – defendem as minorias, com unhas e dentes, sem
critério estabelecido ou complacência com quem deles, em alguns pontos,
discorda. Até as religiões se dividem nessa cruzada patrulheira. Enquanto os
Católicos, mais progressistas, se põem (incondicionalmente) ao lado das
minorias ditas discriminadas, os Evangélicos, mais conservadores e
preconceituosos, se atêm às doutrinas cristãs mais severas em desprezo do que
os outros acreditam ser um direito.
Os Católicos - mais afeitos a Jesus - que podem pecar à vontade
e pedir perdão para pecar de novo, o mesmo pecado, hipocritamente se colocam a
defender tudo, sem nenhum freio, em nome dos direitos humanos. Já os
Evangélicos – mais ligados a Deus -, conscienciosos da salvação certa, como se
usando antolhos, comportam-se como donos da verdade à espera do arrebatamento
Divino. É uma disputa de costumes que hoje move o mundo. Presos a esses
conceitos maniqueístas, nada se pode mais dizer ou fazer sem medo de
retaliações da parte dos que se sentem ofendidos em seu direito de serem
“diferentes”, tampouco discordar de quem os defende.
Vivemos hoje pisando em ovos, em saias justas quando não se
pode mais opinar sobre costumes, posturas, comportamentos, tampouco quanto a
gênero, cor, etc. Isso tem coibido a excelência da alegria inerente ao
comportamento do brasileiro que gosta de brincar, de zonar, de fazer troça com
as situações engraçadas, muitas vezes até de si mesmos. Há uma confusão
generalizada quanto ao que é considerado preconceito, discriminação, postura
incorreta ou simplesmente, uma brincadeira. Tudo hoje é considerado errado
quando se trata de opiniões divergentes ao que agora é estabelecido: o
“politicamente correto”.
O falso empoderamento concedido às minorias, tem surtido um
efeito contrário quando os tem colocado em situação de maior fragilidade. Não
se pode considerar especiais, grupos de pessoas, isolando-os dos outros ou os
colocando em pedestais inatingíveis. Ninguém é diferente de ninguém. Somos
todos iguais, resguardadas as nossas peculiaridades. Estamos no mesmo barco e
temos de nos fazer respeitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser. Eu
costumo dizer que não adianta somente vestir bem, porque o que interessa não é
a roupa, mas sim o que está dentro dela. Mulheres, homossexuais, negros,
obesos, quilombolas, brancos, indígenas, todos são farinha do mesmo saco. O que
devemos reivindicar é respeito e, tolerância!
De tudo o que se diz a respeito daqueles que se consideram
vulneráveis, uma casta de intocáveis, fazem um boi de fogo, dando a oportunidade
àqueles que adoram o estrelismo de avançarem, feito abutres, contra os que, mesmo
sem a intenção em ofender, discriminar ou censurar, escrevem ou falam algo que
não seja de seu agrado. Tudo isso promovido pelo pensamento de alguns e baseado
no sagrado direito dos cidadãos, o que deveria ser extensivo a todos e não
restrito a uma classe que se sente privilegiada. Pelo visto, Jesus é de
esquerda e Deus, de direita. Nesse caso, ambas as tendências estão amparadas
enquanto os que se movem pelo livre exercício de suas opiniões estão relegados
à censura e condenados pelo livre pensar.
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