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sexta-feira, 6 de outubro de 2023

O Capitão Virgulino Ferreira

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu no município de Vila Bela (atual Serra Talhada), estado de Pernambuco, em 04 de junho de 1898 e morreu em 28 de julho de 1938 na Grota de Angicos, no município de Poço Redondo no estado de Sergipe. Ao longo de toda uma saga de lutas e perseguições, tornou-se uma lenda dos sertões nordestinos com a fama estendida por todo o Brasil. Hoje aqui, trataremos apenas de um episódio bizarro e, ao mesmo tempo caricato, envolvendo aquele famigerado cangaceiro.

Com o pretexto de transformar o “Rei do Cangaço” e seu bando em combatentes da “Coluna Prestes” (movimento liderado por Luís Carlos Prestes entre 1925 e 1927, que percorreu o interior do Brasil denunciando os desmandos do governo federal chefiado por Artur Bernardes), o deputado federal, Floro Bartolomeu, sob os auspícios do padre Cícero Romão Batista, decidiu promover Lampião com ridícula nomeação quando concedeu ao bandoleiro, a patente de “capitão”.

Para tanto, na madrugada do dia 3 de março de 1926, quando Virgulino se encontrava em Juazeiro, com a missão de visitar suas irmãs que ali moravam, ocasião em que concedeu a famosa entrevista ao doutor Otacílio Macedo e foi retratado em várias situações pela lente do fotógrafo Pedro Maia, o padre Cícero mandou acordar o único servidor público federal que existia na cidade, o Inspetor Agrícola Pedro de Albuquerque Uchôa, e determinou que aquele funcionário público lavrasse o seguinte decreto que, por pitoresco, foi ditado pelo próprio sacerdote:

     “Nomeio, ao posto de capitão, o cidadão Virgulino Ferreira da Silva; a primeiro-tenente, Antônio Ferreira da Silva e, a segundo-tenente, Sabino Barbosa de Mélo, que deverão entrar no exercício de suas funções logo que deste documento se apossarem.

     Publique-se e cumpra-se.

     Dado e passado no Quartel General das Forças Legais em Juazeiro, 3 de março de 1926.

     Ass. Pedro de Albuquerque Uchôa.”.

Com esse ridículo decreto, o cangaceiro mais temido dos sertões nordestinos - agora “Capitão Legalista” do Exército Brasileiro e abastecido de armas e munições -, ao invés de combater a Coluna Prestes, partiu daquela cidade, abençoado pelo padre Cícero, para continuar em sua saga de bandoleiro pela Caatinga nordestina.



 

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