Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu no município
de Vila Bela (atual Serra Talhada), estado de Pernambuco, em 04 de junho de
1898 e morreu em 28 de julho de 1938 na Grota de Angicos, no município de Poço
Redondo no estado de Sergipe. Ao longo de toda uma saga de lutas e
perseguições, tornou-se uma lenda dos sertões nordestinos com a fama estendida
por todo o Brasil. Hoje aqui, trataremos apenas de um episódio bizarro e, ao
mesmo tempo caricato, envolvendo aquele famigerado cangaceiro.
Com o pretexto de transformar o “Rei do Cangaço” e seu bando
em combatentes da “Coluna Prestes” (movimento liderado por Luís Carlos Prestes
entre 1925 e 1927, que percorreu o interior do Brasil denunciando os desmandos
do governo federal chefiado por Artur Bernardes), o deputado federal, Floro
Bartolomeu, sob os auspícios do padre Cícero Romão Batista, decidiu promover
Lampião com ridícula nomeação quando concedeu ao bandoleiro, a patente de
“capitão”.
Para tanto, na madrugada do dia 3 de março de 1926, quando
Virgulino se encontrava em Juazeiro, com a missão de visitar suas irmãs que ali
moravam, ocasião em que concedeu a famosa entrevista ao doutor Otacílio Macedo
e foi retratado em várias situações pela lente do fotógrafo Pedro Maia, o padre
Cícero mandou acordar o único servidor público federal que existia na cidade, o
Inspetor Agrícola Pedro de Albuquerque Uchôa, e determinou que aquele
funcionário público lavrasse o seguinte decreto que, por pitoresco, foi ditado
pelo próprio sacerdote:
“Nomeio, ao posto de capitão,
o cidadão Virgulino Ferreira da Silva; a primeiro-tenente, Antônio Ferreira da
Silva e, a segundo-tenente, Sabino Barbosa de Mélo, que deverão entrar no
exercício de suas funções logo que deste documento se apossarem.
Publique-se e cumpra-se.
Dado e passado no Quartel
General das Forças Legais em Juazeiro, 3 de março de 1926.
Ass. Pedro de Albuquerque
Uchôa.”.
Com esse ridículo decreto, o cangaceiro mais temido dos
sertões nordestinos - agora “Capitão Legalista” do Exército Brasileiro e
abastecido de armas e munições -, ao invés de combater a Coluna Prestes, partiu
daquela cidade, abençoado pelo padre Cícero, para continuar em sua saga de
bandoleiro pela Caatinga nordestina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário