ODE

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Na Argentina venceu “El loco!”

Foi como se estivera já tudo ensaiado. Poucas horas após o fechamento das urnas, antes mesmo da divulgação do primeiro boletim oficial, o candidato peronista, Sergio Massa, já fez um discurso reconhecendo a derrota e, sem muita animação, os partidários do chamado “anarcocapitalista”, Javier Milei, passaram a comemorar, pelas ruas de Buenos Aires, sem muita empolgação. Mesmo tratando-se de uma eleição que se anunciava apertadíssima, que teria uma apuração com contagem voto a voto, tudo terminou como se fora algo já previamente acertado.

Venceu Milei, o candidato dos desafios malucos, que promete dolarizar a economia argentina sem ter dólares; que anunciou o fechamento do Banco Central daquele país; que disse que vai retirar a Argentina do Mercosul e romper relações com a China comunista; que é crítico ferrenho dos sistemas judiciário, do parlamento e da imprensa e que tem como sua vice-presidente uma mulher que defende a privatização das baleias. Milei venceu com 56% dos votos válidos, muito mais do que se esperava e, agora, se credencia para fazer as mudanças que prometeu.

O desalento do povo argentino, que sofre com uma inflação de 140% ao ano e que já tem dois quintos de sua população penando por viver abaixo da linha da pobreza, optou em votar no ultraliberal Milei como quem se agarra a uma tábua de salvação. A Argentina, um país que já foi, nas décadas de 1950/60, o sexto país mais rico do Planeta, viu-se sem opção, sendo agora obrigado a submeter-se a um maluco que, durante a campanha falou até em romper relações diplomáticas com o Vaticano por considerar o papa Francisco alguém que tem pacto com o demônio. Perto de Milei, Bolsonaro é fichinha! Aguardemos o day after.



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