Foi como se estivera já tudo ensaiado. Poucas horas após o
fechamento das urnas, antes mesmo da divulgação do primeiro boletim oficial, o
candidato peronista, Sergio Massa, já fez um discurso reconhecendo a derrota e,
sem muita animação, os partidários do chamado “anarcocapitalista”, Javier
Milei, passaram a comemorar, pelas ruas de Buenos Aires, sem muita empolgação.
Mesmo tratando-se de uma eleição que se anunciava apertadíssima, que teria uma
apuração com contagem voto a voto, tudo terminou como se fora algo já
previamente acertado.
Venceu Milei, o candidato dos desafios malucos, que promete
dolarizar a economia argentina sem ter dólares; que anunciou o fechamento do
Banco Central daquele país; que disse que vai retirar a Argentina do Mercosul e
romper relações com a China comunista; que é crítico ferrenho dos sistemas
judiciário, do parlamento e da imprensa e que tem como sua vice-presidente uma
mulher que defende a privatização das baleias. Milei venceu com 56% dos votos
válidos, muito mais do que se esperava e, agora, se credencia para fazer as
mudanças que prometeu.
O desalento do povo argentino, que sofre com uma inflação de
140% ao ano e que já tem dois quintos de sua população penando por viver abaixo
da linha da pobreza, optou em votar no ultraliberal Milei como quem se agarra a
uma tábua de salvação. A Argentina, um país que já foi, nas décadas de 1950/60,
o sexto país mais rico do Planeta, viu-se sem opção, sendo agora obrigado a
submeter-se a um maluco que, durante a campanha falou até em romper relações
diplomáticas com o Vaticano por considerar o papa Francisco alguém que tem
pacto com o demônio. Perto de Milei, Bolsonaro é fichinha! Aguardemos o day
after.
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