Armada a empanada com todos os ingredientes de um circo, inclusive com parquinho para crianças, algodão doce, sorvete, pipocas e tudo o mais para atrair a atenção do povo, a Câmara Municipal de Princesa instalou, no Bairro São Francisco na periferia da cidade, na última terça-feira (12), uma Sessão Itinerante da Casa de Adriano Feitosa. Mesmo assim, a adesão popular foi mínima. Tirante dos servidores comissionados – obrigados a comparecer -, pouquíssimos populares se fizeram presentes, cerca de 50 pessoas.
Abrindo a Sessão, o presidente da Câmara, o vereador Garrancho, convidou os senhores vereadores e os respectivos suplentes para comporem a Mesa Diretora e, estranhamente, convidou também o senhor prefeito, Ricardo Pereira do Nascimento. No entanto, o presidente – talvez propositadamente – olvidou de chamar, à Mesa, o suplente de vereador Márcio Caboclo (PSDB) que faz parte do grupo de oposição ao prefeito. Naquilo que mais parecia um picadeiro, brilharam apenas aqueles que aplaudem os malabarismos administrativos e políticos do alcaide.
Iniciados os trabalhos, foi passada a palavra ao prefeito que, ao invés de apresentar obras realizadas ou novas propostas para aquele Bairro, aproveitou o ensejo para atacar seus adversários políticos os chamando, a todos, de “bandidos”. A primeira estranheza é o fato de uma Sessão da Câmara Municipal acontecer sob a égide do chefe do Poder Executivo. A segunda, atém-se ao fato de que, após três anos de legislatura, somente agora os senhores vereadores se apresentam ao povo num evento público, justamente no ano que antecede as eleições para a renovação de seus mandatos.
Igual a Copa do Mundo – que somente ocorre de quatro em quatro anos – a Câmara de Vereadores, que passou todo esse tempo sob o comando do prefeito (quem não lembra quando a então presidente, Gracinalda Morais, disse que “estava ali para cumprir ordens”, se referindo à orientação do prefeito?). Corroborando isso, nessa Sessão Itinerante, o vereador Garrancho afirmou que “os vereadores são o elo de ligação do povo com o prefeito”. Quanta Ignorância! Não sabe ele [o presidente] que o vereador é um agente propositor e fiscalizador?
A Sessão foi um verdadeiro circo armado com fins e interesses eleitoreiros. É tanto que, enquanto pessoas de outros bairros tiveram o direito à palavra, o suplente de vereador, Márcio Caboclo, além de não poder participar da Mesa com seus pares, foi impedido de falar sob a alegação de que não residia naquele logradouro, e ainda foi duramente criticado pelo presidente da Mesa por haver “desrespeitado” o evento. Não bastasse isso, o vereador Garrancho pediu aos presentes, que vaiassem o suplente! Cerceado no seu direito, o Caboclo, foi a prova cabal de que o circo foi armado para servir de palanque eleitoral ao prefeito e aos seus genuflexos parlamentares.
Na verdade, essa foi uma situação, não de parlamentares, mas para lamentar. Ainda bem que o resultado pífio da Sessão – em que alguns populares usaram o microfone para reprovar a administração de Nascimento - deu mostras de que o tiro saiu pela culatra. Com essa iniciativa, a meta do alcaide é a de trazer seus vereadores aos holofotes, correndo atrás do prejuízo que é denotado pelo crescimento eleitoral da oposição com a pré-candidatura de Rúbia Matuto batendo paradas nas pesquisas eleitorais.
Por fim, o comportamento do presidente da Câmara Municipal - apoiado por todos os vereadores da base governista - feriu o princípio da equidade, do respeito e da transparência, e trouxe mais uma vez à baila, a vergonhosa sucumbência do Poder Legislativo aos caprichos do prefeito, num evento de campanha eleitoral extemporânea – o que é ilegal – com o intuito único de buscar votos visando as eleições do ano que vem. Pelo resultado desmantelado que foi a Sessão Itinerante, há quem diga que foi a primeira e a última. Os vereadores de Nascimento trocaram o papel fiscalizador pelo pão e circo. Tudo indica que aquele, foi o último espetáculo: casamento do palhaço!
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