O coronel José Pereira era homem afável de bom trato. Tinha fazendas, gado e casas de negócio. Mas a sua fortuna não era escondida para o povo a quem dava assistência e solidariedade nas aperturas, nos casos de doenças. (...) o coronel José Pereira era aliado do presidente João Pessoa. (...) De madrugada, João Pessoa mandou José Américo de Almeida dizer ao coronel José Pereira que a chapa para deputado federal ia ser modificada e que João Suassuna não mais seria candidato. Foi Zé Américo quem acordou Zé Pereira para dar essa notícia. (...) Estabeleceu-se o confronto, João Pessoa não queria ficar por baixo e Zé Pereira não admitia perder o predomínio político em Princesa. (...) Eu ia buscar o dinheiro em Arcoverde/PE. Era no Banco do Brasil. Sabia que o dinheiro era mandado pelos Pessoa de Queiroz. (...) Eu viajava num carro do coronel, um For-23, somente com o motorista. Apanhava o dinheiro, colocava em sacos e ia fazer os pagamentos à cabroeira, no mato. O coronel José Pereira fixou os salários dos cabras em vinte mil réis para os casados e dez mil réis para os solteiros. (...) Cheguei a fazer pagamento a 1.900 cabras. (...) Para cada piquete havia um chefe. Lembro-me bem de Luiz do Triângulo, Gavião, Zeferino, Manoel Ronco-Grosso, Antônio Cordeiro, Cícero Bezerra, tudo cangaceiro valente e perverso.
Essa entrevista foi concedida há exatos 34 anos (29/04/1990) ao então jornalista, Dorgival Terceiro Neto e ex-governador da governador da Paraíba, e publicada no jornal "O Norte". O japonês Yeige Kumamoto era o encarregado da Folha de Pagamento dos chamados: "Libertadores de Princesa", durante a Guerra de Princesa em 1930. Homem de confiança do coronel José Pereira Lima, Kumamoto chegou a Princesa na década de 1920 e, segundo o historiador princesense, Paulo Mariano, foi o único japonês a participar de um movimento armado no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário