ODE

quinta-feira, 25 de abril de 2019

FILHOS PRÁ QUE TE QUERO?

 Foto Internet

    
No início desta semana o Brasil viu mais uma vez o protagonismo de mais um entrevero cibernético de um dos filhos do presidente Bolsonaro (O número Três) com um membro da cúpula do estabelecimento governamental. Desta feita, o ataque veio de Carlos, o vereador carioca, contra Mourão, o vice-presidente da República: farpas desferidas pelo filho que, inteligentemente, não foram devolvidas pelo vice. Coisas dessa natureza (daquela vez provocado pelo número Dois) acompanhamos no início do ano, o que desaguou na demissão do então ministro Gustavo Bebiano. Acontece que, agora, o quadro se apresenta muito diferente uma vez que Hamilton Mourão, além de não comprar a briga: “Quando um não quer dois não brigam”, este, não pode ser demitido Ad nutum. Foi eleito! Aliás, a escolha do general reformado Hamilton Mourão para figurar na chapa de Bolsonaro como seu vice, atendeu a uma estratégia política do próprio presidente que, intencionado em tomar medidas e decisões que poderiam desagradar aos congressistas, quis blindar-se com a garantia do exército para livrar-se de eventual processo de impedimento (o que vem sendo moda no Brasil). Pelo que se vê, foi um tiro no pé, pois, ninguém imaginava (nem mesmo o presidente) que o Mourão se apresentaria forte e muito competente no encaminhamento das questões governamentais nas ocasiões em que substitui o titular. Enquanto Bolsonaro conversa besteira através das redes sociais, Mourão profere declarações breves, contundentes e inteligentes, deixando a impressão de que é mais preparado e mais competente do que o chefe. Isso bota a mosca atrás da orelha dos rebentos do presidente que temem que os políticos assim também enxerguem e promovam o impeachment do pai com o natural apoio da corporação armada, uma vez que, para a “Pátria Armada Brasil”, pode ser melhor um general do que um capitão.
     Esse bate cabeça promovido pelo novo governo deixa o país apreensivo, desassossegado e, ao mesmo tempo desnudo de esperanças. Há bem pouco tempo tínhamos uma presidente que não dizia coisa-com-coisa: se pronunciava sem nenhuma concatenação, usando palavras desconexas em declarações incompreensíveis. Agora, temos o capitão que não transmite clareza quanto à agenda governamental; fala da nova política que quer implantar sem dizer o que era a velha política e, para completar, mistura governo com família, delegando aos filhos ou deixando-se delegar por eles quando os mesmos se imiscuem nos negócios da administração atirando para todos os lados sob o pretexto de estarem defendendo o pai. E este, num espetáculo de clara dubiedade, deixa-se levar quando (neste caso que envolve o vice-presidente da República), manda o porta-voz oficial declarar que está do lado do filho que é sangue do seu sangue e, ao mesmo tempo, pousa sorridente ao lado do vice a quem chama de subcomandante de seu governo. Taí o impasse: nem se aparta do terceiro rebento nem pode demitir o vice. Pelo visto, seria de bom alvitre que o presidente chamasse o poeta Oliveira de Panelas para mostrar, em versos, como é um “mourão deitado”.

 (Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto em 25 de abril de 2019).

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